Você leu aqui, em nota PUBLICADA na última terça-feira, que aconteceria em Arroio do Tigre, na quarta-feira, um seminário para discutir as alternativas à cultura do fumo – que, goste-se ou não, tem os dias (quem sabe anos, mas enfim…) contados.
Pois, agora, você conhece o resumo do que se discutiu no evento que teve como principais promotores várias dioceses católicas, inclusive a de Santa Maria. A foto é de Reprodução. Acompanhe:
“CARTA DO 24º SEMINÁRIO REGIONAL DE ALTERNATIVAS À CULTURA DO FUMO
Arroio do Tigre – Diocese de Cachoeira do Sul/RS – 20 de agosto de 2014
Tema: Agricultor/a Produzirás o Alimento? Como? Para Quem?
Lema: Trabalho, Organização e Produção: Menos Fome na População
Nós, mais de 728 participantes credenciados das Dioceses de Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul, Cruz Alta, Santo Ângelo, Arquidiocese de Santa Maria, Cáritas Regional RS, Comissão Pastoral da Terra, representantes de 34 municípios do Rio Grande do Sul, de entidades e organizações sociais, agricultores/as familiares, camponeses/as, diaristas, estudantes, gestores públicos, autoridades políticas, pastorais sociais, movimentos populares, comunicadores, igrejas, sindicatos, cooperativas, associações, fumicultores, educadores/as e agentes de saúde entre outros participantes nos encontramos em Arroio do Tigre, na Diocese de Cachoeira do Sul, no 24º Seminário Estadual e 6º Interestadual de Alternativas à Cultura do Fumo, no dia 20 de agosto de 2014. Convivemos e compartilhamos com tantas e diferentes experiências de vida e de organização da economia, de onde tiramos o sustento com o nosso trabalho. Fizemos memória de uma bonita história que começou em 1991 na Arquidiocese de Santa Maria. Aprofundamos o debate sobre a urgência em avançar na produção e no consumo saudáveis e na ampliação da luta contra a fome de ainda boa parte de nossa população, o que só será possível quando não for mais o lucro a qualquer preço e a acumulação de riquezas o motor da nossa sociedade, mas a busca do bem comum, numa relação de respeito mútuo e de cooperação em todos os níveis, para que todas tenham uma vida digna garantida.
Sentimos muitos sinais de esperança, como chamas que aquecem o nosso coração:
– Nosso trabalho é a favor das alternativas a cultura do fumo e das monoculturas e não contra o fumilcultor;
– Organização, economia popular solidária, resgate da medicina natural e formação;
– Diversificação da produção na agricultura familiar preservando as sementes crioulas;
– Agroecologia que significa produzir organizadamente, com calma, sem veneno, com insumos biológicos visando a alimentação saudável e para o consumo próprio;
– Fortalecimento das redes de comercialização direta através de feiras, pontos fixos, centros públicos, Programa de Aquisição de Alimento (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Mas muitos são ainda os desafios que precisam do melhor de nossas energias e nossa disposição para construir um modelo de desenvolvimento solidário, ecologicamente sustentável e promotor da justiça e do bem estar de todos e todas.
– Agronegócio que domina o mercado, o adubo, o veneno, o crédito, transformando os alimentos em pura mercadoria;
– A agricultura moderna facilitando as monoculturas e consequentemente gerando dependência dos agricultores/as a esse mercado;
– Acesso a políticas públicas, geração de renda, lazer saudável, diversão e cultura aos jovens rurais considerando que existem 34 milhões de jovens no Brasil e desses, 17% vivem no meio rural;
– Contracenar com a valorização do jovem no campo e fornecer condições materiais, espaços de sociabilidade, possibilidade de continuar os estudos sem necessitar migrar para grandes centros urbanos;
– Principais entraves para o agricultor/a familiar como o preço mínimo e instabilidade do mercado; intempéries climáticas; mão de obra; assistência técnica; legislação ambiental; conhecimento dos direitos; problemas estruturais e dilapidação dos recursos naturais.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), temos produção suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas no mundo, quase o dobro da população do planeta. A questão da fome e da pobreza deve ser compromisso ético e político. Tudo o que nasce pequeno vira processo, tudo que nasce grande vira mostro, esse arrasa, aquele liberta, por isso acreditamos que se faz urgente a mudança da matriz tecnológica do agronegócio para a agricultura ecológica, familiar e camponesa, que viabilize a produção de bens e produtos com função social.
Voltaremos animados e embalados pela certeza de que vale a pena continuar esta boa luta, e sentindo-nos protagonistas importantes na construção de um Outro Mundo Possível e até mesmo urgentemente necessário, fruto da nossa união, organização e mobilização.
Arroio do Tigre/RS, 20 de agosto de 2014.”
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