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Um conto de Natal – por Márcio Grings

Existem pessoas que surgem em nossas vidas das mais diversas maneiras. Vou falar de duas: Jane e Reni.

Conheci Jane Ludwig virtualmente, pelo Facebook, através de outra amiga, Flávia Vidor, de Caxias do Sul. Jane é de São Francisco de Paula, cidade localizada na Serra Gaúcha. Acho que começamos a interagir por intermédio de minhas crônicas semanais. Até hoje, toda sexta-feira ela sempre compartilha minhas postagens e deixa um comentário destacando algum trecho de sua preferência. Contudo, uma de suas formas mais frequentes de comunicação é por mensagens inbox, tipo essa que enviou no último domingo:

“Penso que existe qualquer coisa no ar nesta época que antecede o Natal. Mudamos de atitude em relação a nós mesmos, à vida e ao outro. Tornamos-nos mais sensíveis e generosos”.

E ela sempre conclui suas missivas com os seguintes dizeres:

“Tenha uma semana cheia de raios de sol e momentos felizes! Sinta-se abraçado”.

Muitas vezes emudeço com as mensagens dela, tamanha sintonia com o que acontece nos meus dias, e aquilo que me diz. Breves resumos de espaços no tempo.

Essa outra Jane mandou em 19 de outubro:

“Temos a oportunidade de nos reinventarmos todos os dias. Mesmo que tudo esteja ao avesso. Diga baixinho pra você mesmo: -‘deixa estar, hoje é meu dia de ser feliz! ’”.

Além disso, essa mulher me premia semanalmente com fotos das flores de seu jardim e do local aonde mora. A última vez em que passei pela Serra, em novembro passado, tive o prazer de reencontrá-la por alguns instantes, como também conheci menina Laura, sua filha. E tem mais: Jane já me enviou pelo correio: doces, licores, origamis e diversos outros presentes confeccionados pela própria. O arranjo de Natal que enfeita minha sala foi feito através de suas mãos cuidadosas. Miss Ludwig é uma dessas amizades sinceras e sem interesses que a vida nos premia.

Conheci Reni Wolf faz vinte anos. Esbarramos-nos pela primeira vez nos corredores da Rádio Medianeira em 1994, local aonde dei meus primeiros passos como radialista. Ele já era um veterano. O primeiro programa que fiz foi Reni quem vinhetou. Depois que sai de lá, ele sempre me parava no Calçadão para falar de algum texto no jornal ou pra papear sobre música. Seu entusiasmo é contagiante.

Atualmente, Wolf cumpre expediente na TV Santa Maria, ele é vizinho de porta da On The Rocks. E essa proximidade nos faz trocar figurinhas umas duas ou três vezes por semana. Frequentemente Reni entra no estúdio com um bordão do tipo: “Bom dia, Mister Grings!”, para logo depois tascar uma dica de som ou banda para prosearmos. Ou então eu o puxo pelo braço pra mostrar qualquer novo grupo ou artista. Entre um café e outro, damos potência no equipamento e ficamos debatendo por vinte ou trinta minutos. Que fique claro: enquanto a música toca nos damos o direito de permanecer em silêncio, sacando todas as nuanças e cores dos arranjos, entre minúcias e detalhes que compõem cada som.

Vejo perfeitamente como essa ‘vida de música’ agiu positivamente sobre esse homem no decorrer dos anos. Reni é um apaixonado pelo universo musical, e além do mais, saca muito daquilo que foi feito das décadas de 1960/70 e 80. Seu beatle favorito é George, e o homem quase chora quando ouve a todo volume canções como “Faster “ e “What Is Life”. Entre tantas coisas, na última terça fizemos uma audição da versão acústica de “All Things Must Pass”, tema do álbum homônimo lançado por Harrison em 1970, ano em que nasci, e período em que Reni já era um homem de rádio. Foi emocionante.

Jane e Reni. Duas pessoas que provavelmente não tem a mínima ideia de como colaboram no meu cotidiano. Acostumei-me demais com eles. Jane muitas vezes me deixa sem ação com seus recados. Levo dias pra responder alguns deles, que quase sempre, me colocam pra pensar. Um poder de síntese incrível. Ela é uma mulher especial.

Reni, um profissional do rádio, uma voz marcante da locução santa-mariense, e acima de tudo, um cara que me inspira como figura humana. E vale lembrar que Reni Wolf sabe muitas histórias daquilo que circundou as estações de rádios locais, artistas e figuras que viveram, vivem ou passaram pela cidade nas décadas anteriores. Penso que esses relatos dariam um belo livro. Ele sempre resgata da memória algum recorte sobre o passado, e me conta com detalhes cinematográficos. Eu viajo.

E isso que nem falei dos problemas e pendengas que cada um deles superou nos últimos anos. Quando penso nessa dupla, imagino que sim, vale apena viver e repartir algumas coisas com quem amamos e admiramos.

Numa época como esses dias que antecedem ao Natal, pelo menos no meu caso, começo a visualizar com mais clareza certas coisas. Parafraseando Jane, faço votos que todos tenham um Natal de boas reflexões e repleto de momentos felizes! Sintam-se abraçados.

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