SISU. Instituições gaúchas que já aderiram ao Sisu são “invadidas” por estudantes de outros estados brasileiros
POR MAIQUEL ROSAURO
O Sisu é a porta de entrada para estudantes de outros estados em universidades federais no Rio Grande do Sul. Confira na matéria de Fritz Nunes, da assessoria de imprensa da Sedufsm:
Números do Sisu em universidades gaúchas geram interrogações
Os números divulgados a respeito do processo de seleção unificada (Sisu) em universidades federais do Rio Grande do Sul apresentam um quadro em que a “concorrência” entre estudantes gaúchos e de outros estados pode acabar por beneficiar os “estrangeiros”. Conforme os números publicados no jornal de Zero Hora do último dia 5 de fevereiro, na Universidade Federal de Rio Grande (Furg), 50% das vagas nos cursos de graduação foram ocupadas por alunos oriundos de outras partes do país. Em Pelotas, na Ufpel, quase metade dos ingressantes em 2015 (1.411 de um total de 3 mil) é originária de locais de fora do estado.
Quando o olhar se detém de forma mais detalhada, podem ser percebidas ainda outras peculiaridades. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cerca de 1/3 dos estudantes aprovados através do Sisu são de fora. Contudo, quando se olha os números da Medicina, neste curso, 50% são estudantes vindos de outros estados. Há exemplo em outro extremo. O curso de Medicina da Universidade Federal do Acre, que teve conceito muito baixo em processo de avaliação do INEP foi, no entanto, um dos que teve maior procura de candidatos em todo o país.
Para um professor de cursinho ouvido pelo jornal gaúcho, Paulinho Espíndola, os números podem indicar que “alunos que têm media alta, mas não tanto para entrar nas maiores universidades de seus estados, disputam vaga fora. É de se esperar que esse movimento se repita nos próximos anos, gerando uma disputa mais acirrada em cursos como Medicina e Direito”.
Esse debate tem relação direta com Santa Maria, tendo em vista que, conforme decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSM (Cepe) em dezembro último, a partir de 2017 a forma de ingresso se dará somente via Sisu. Em meio ao debate que ocorria na instituição, algumas vozes, de dentro da universidade e também de algumas lideranças empresariais, apontavam que a comunidade regional será prejudicada com esse processo.
Elitização
Giovanni Frizzo, professor da Escola de Educação Física da Ufpel e 1º vice-presidente da Regional RS do ANDES-SN, analisa que se o vestibular hoje, por ser um funil estreito, em que para passar, especialmente em algumas áreas, há uma série de dificuldades que torna o processo elitista, o Sisu não desmancha isso. Para ele, a elitização se mantém presente. Se, por um lado, o candidato a uma vaga na universidade que mora no Rio Grande do Sul pode concorrer em outro estado através do sistema unificado, isso pressupõe não apenas que ele tenha condições de concorrer, mas, em caso de alcançar a vaga no curso pretendido, que possa se manter na instituição que está distante do seu local de origem.
Manter-se em uma universidade de outro estado prescinde de duas premissas: que essa instituição tenha uma infraestrutura de apoio (assistência estudantil) para que esse aluno se mantenha, o que nem sempre ocorre; ou, que esse estudante tenha uma estrutura pessoal, familiar, que lhe dê condições de subsistência. Contudo, essas condições ideais nem sempre estão presentes, e talvez isso explique, conforme Frizzo, o fato de a evasão nos dois primeiros semestres a partir do Sisu ser bastante alta. A demonstração fica por conta das diversas chamadas que ocorrem após a divulgação dos selecionados. Segundo ele, na Ufpel, tem sobrado vagas em vários cursos, inclusive Medicina e Direito. Coincidentemente, diz ele, o Ministério da Educação não tem disponibilizados dados a esse respeito.
Acesso universal
Laura Souza Fonseca, professora da Faculdade de Educação da UFRGS e diretora da seção sindical do ANDES-SN naquela instituição, concorda com o diagnóstico de que a elitização está presente tanto no vestibular quanto no processo de seleção unificada, pois em ambos, há concorrência acirrada e “vencem” aqueles que frequentaram uma escola básica de boa qualidade ou que fizeram cursinhos. Para ela, a saída deveria ser melhorar a qualidade da escola básica e garantir acesso universal ao ensino superior público. Caso contrário, a exclusão se manterá em função das desigualdades regionais e educacionais, destaca ela.
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E a média alta é obtida numa prova fuleira chamada Enem. Se a nota alta no vestibular só prova que o candidato é bom em vestibular, o raciocínio também vale para o Enem.