“…Na condição de professora educo para a autonomia, mas vejo muitos pais fazerem exatamente o contrário. Vejo adolescentes que não sabem o nome das ruas porque nunca as percorreram sozinhos. Não sabem pegar um ônibus, pois os pais os buscam na porta da escola. Não sabem ler um edital de concurso, pois os pais o leem. Não deveríamos educar para a autonomia? Para a maioridade? Não estaríamos nós comprometendo essa geração ao negar a eles a possibilidade de se constituírem como sujeitos capazes de dar conta da própria vida?
Além disso, ao dar tudo tiramos a capacidade dos filhos de serem generosos na medida em que se tornam incapazes de doar. Aprendem a receber, mas não aprendem a doar. Recebem presentes, mas não os retribuem. E sempre haverá alguma mãe que…”
CLIQUE AQUI para ler a íntegra do artigo “A infantilização dos filhos”, de Liliana Souza de Oliveira – que escreve semanalmente, as terças-feiras. Ela é graduada e Mestre em Filosofia pela UFSM. Atualmente doutoranda em Educação na mesma Universidade e professora de Filosofia do Instituto Federal Farroupilha/Campus São Vicente do Sul.
Grato pela atenção.
Olá, O Brando!
Ensinar a tomar decisões implica ensinar desde a autonomia de pegar um ônibus até a autonomia maior que é pensar por si e agir de modo a responder por suas escolhas (Como afirmo no final do texto). Aprendemos muito com os erros sejam os nossos, sejam os dos outros. Sempre que penso em educação, penso numa educação para a autonomia que não implica em se afastar da família, mas ter a coragem de pensar por si mesmo.
Quanto a questão da doação, foi apenas um exemplo que dei na tentativa de mostrar que precisamos ensinar nossos filhos não apenas a receber, mas também a doar. Aqui não me refiro a comprar, me refiro a capacidade de perceber o outro para além de mim mesmo.
Abraço
Não saber pegar um ônibus porque os pais buscam e levam na faculdade não é problema sério. Problema é pegar um ônibus e ser assaltado. Problema é uma mulher pegar um ônibus e, no caminho de casa, ser estuprada.
Verificar as notas também tem outro viés. Instituições privadas que nada têm de baratas cuja conta é paga pelos pais.
A autonomia pregada não tem muita utilidade. A finalidade é ensinar a prole a tomar decisões. A filha (ou filha) pode tomar suas próprias decisões e arcar com as consequências. Ou pode pedir a opinião dos pais (que podem estar certos ou errados, presume-se que acertem mais)e sofrer as consquencias do mesmo jeito. O que se ganha? Aprender com os erros dos outros é mais racional.
E, sem entrar em elocubrações sociológicas sobre o prolongamento da adolescência nos dias de hoje, há um componente ideológico um pouco paradoxal. Prega-se uma autonomia, um afastamento da família e a incapacidade de doar. Doar para quem? Para a grande "família" que é a sociedade?