Educação e inclusão – por Daniel Arruda Coronel
No mês de junho, a sociedade brasileira presenciou fortes debates sobre a redução da maioridade penal e, em várias discussões, o que se observou foram mais ações de casuísmo e oportunismo do que argumentos técnicos e sérios que mereçam uma profunda reflexão.
Infelizmente a cada dia os jornais mostram variadas barbáries que são cometidas, muitas delas, por jovens infratores e, neste contexto, acende-se o sentimento de justiça e punição aos culpados. Contudo uma análise com maior acuidade de cunho antropológico e sociológico mostra que a redução da maioridade penal não é o cerne do problema, mas sim maiores investimentos em educação e a melhor qualidade do ensino.
Este ano completam-se trinta anos da inauguração do Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), popularmente conhecidos como Brizolões, cuja concepção teórica foi elaborada pelo grande educador Darcy Ribeiro. Os CIEPs apresentavam uma proposta ousada de educação aos padrões brasileiros, mas totalmente ao encontro dos países desenvolvidos, visto que os estudantes tinham aulas de manhã e de tarde, e, além do currículo tradicional, tinham aulas de reforço, atividades culturais, recreação e contavam com atendimento médico-odontológico, bem como faziam em torno de três refeições na escola.
Os CIEPs foram muito criticados por vários setores políticos e educacionais, que em vez de corrigir suas falhas e aperfeiçoá-los, consideraram-nos como uma experiência que não servia aos padrões brasileiros. Independente dos custos e dos problemas que tenham apresentado, foram sim uma proposta válida de inclusão, visto a ampla oportunidade dada a jovens que, muitas vezes, estavam marginalizados da sociedade e que acabavam sendo presas facéis para o crime ou para as ruas.
Hoje, passados trinta anos da inauguração do primeiro CIEP, vários segmentos da sociedade já o olham com outros olhos; não obstante a isso, são poucas as iniciativas visando expandir este modelo de educação, que, mesmo tendo alto custo, é ainda mais barata do que a construção de presídios. E esta afirmativa pode ser corroborada por qualquer modelo econométrico.
Enfim, no ano que se completam dez anos da morte do ex-governador Leonel Brizola, a melhor forma de manter vivo o seu legado é através de ações e práticas que visem a um melhor sistema de ensino, o que passa, naturalmente, por melhor infraestutura, melhores salários, melhor qualificação e uma práxis educacional coletiva e que atenda aos anseios de inclusão, cidadania e desenvolvimento social e econômico.
Muito bom , acredito que melhoras no processo educacional devem ocorrer, mas acredito que como nos Países que dizem ser primeiro mundo o cidadão é julgado pelo ato e não pela idade.