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“Maldita” Guerra do Paraguai – por Carlos Costabeber

O próximo dia 16 de setembro marcará os 150 anos da rendição, pelos exércitos aliados, das forças paraguaias que haviam tomado a cidade de Uruguaiana. Essa data é importante, pois marca a reviravolta na guerra, com o recuo de Solano Lopes até o  seu final em março de 1870. Cito isso para comentar sobre o livro “Maldita Guerra”, do pesquisador Francisco Doratioto. O autor se baseou em dados primários que perderam o “segredo de estado”, para produzir uma obra espetacular.

“Maldita Guerra” é uma narrativa chocante sob todos os aspectos, e muito distante do que a gente aprendeu na escola (aliás, a história sempre é escrita pelos vencedores). A mortandade, as barbáries cometidas, o sofrimento imposto aos combatentes pela falta de suprimentos e pelas péssimas condições do clima e do terreno são indescritíveis. Sem falar no altíssimo custo para os cofres do Império.

O Brasil enviou 139.000 homens (milhares eram escravos), com um  saldo de mais de 50.000 mortos  (a maior parte por doenças, inclemência do clima e falta de estrutura para os feridos).  A Argentina perdeu 18.000, dos 30.000 que entraram em combate, enquanto  o Uruguai teve uma força pouco expressiva. Já o Paraguai foi completamente destroçado, tendo perdido cerca de 300.000 habitantes (70% do total da população e 90% dos homens).

É muito triste o relato sobre a situação do povo paraguaio, que além da fome e das epidemias, foi literalmente massacrado pelos aliados, independentemente de serem soldados, mulheres ou crianças. Um sofrimento chocante e desumano sob todos os aspectos.

O gaúcho Gen. Osório foi o grande herói da guerra, e o mais admirado pelos soldados, assim como Duque de Caxias. Ambos tiveram de tomar a frente das tropas em combates, quando nossos soldados debandavam frente aos aguerridos paraguaios.

O Brasil teve um rombo gigantesco nas contas públicas, já que não dispunha de estrutura para atuar numa região distante, com uma força tão numerosa, e em terreno desconhecido e de difícil acesso. Quem se beneficiou com o dinheiro do Império foi a Argentina. Muitos enriqueceram fornecendo alimentação e cavalaria para os nossos soldados, assim como hospitalização dos feridos. Já o Rio Grande do Sul foi a Província que mais contribuiu para o esforço de guerra, tanto em homens como em cavalos e gado para alimentação da tropa.

Leiam essa grande obra sobre a história do Brasil, e sua participação nesse que foi o maior e mais sangrento conflito no continente. Conhecer os erros cometidos pelos comandantes, pela falta de audácia e experiência em combate, pela dificuldade em manter a moral da tropa e por desconhecer a geografia do terreno e capacidade do inimigo. Uma guerra que custou muito caro ao Brasil, mas que também deixou um legado positivo para a posteridade.

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