CIDADE. Santa Maria terá redução de troco originado de retorno do ICMS. Dados oficiais sairão nesta terça
Esse é o típico caso em que se pode falar da tal imparcialidade do jornalismo. No caso, o índice de ICMS que caberá a Santa Maria no próximo ano, e que deve ser anunciado oficialmente nesta terça-feira, pela secretaria da Fazenda do Estado. Trata-se de algo importante, na medida em que impacta diretamente nos recursos que o município receberá, por conta do ICMS gerado aqui. Esse valor pode ser maior ou maior, conforme o índice.
Agora, você ou o editor pode escolher o dado que lhe parecer mais importante ou conveniente ou qual seja a motivação. A propósito, confira os jornais da cidade e você terá uma ideia da escolha feita, todas legítimas, mas que podem ser mais ou menos otimistas.
Assim que é possível chamar a atenção para os seguintes fatos, TODOS verdadeiros e que você tem na tabela publicada no início desta nota:
1) Santa Maria pode comemorar. Afinal, destronou Cachoeirinha, da Região Metropolitana, e passou do 14º para o 13º lugar na arrecadação.
2) Apesar da elevação de categoria, há pouco a comemorar, na medida em que, na prática, houve um decréscimo de 2% em relação ao índice do ano anterior, no caso este, 2015.
3) Santa Maria está muito distante, se considerada a sua população (a quinta maior do Estado), dos primeiros postos. Principalmente na comparação com comunas semelhantes: está abaixo, por exemplo, de Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e São Leopoldo. E olha que nem se está falando aqui de Canoas, Triunfo e Gravataí, que são polos petroquímicos (as duas primeiras) ou automobilístico, a terceira.
4) Das 15 maiores arrecadadoras, só quatro cresceram (as três citadas no item anterior e Guaiba, também da Grande Porto Alegre). E, esta seria a boa notícia, dentre as 11 que descresceram, o menor prejuízo é justamente Santa Maria, com -2.
Viram? Tudo é possível, você decide. É um dos fatores que jogam para as cucuias a tal de imparcialidade.
EM TEMPO: o valor que Santa Maria receberá, menor que o deste ano, também é um percentual sobre uma base menor de recursos a ser gerados no Estado. Nada bom, portanto.
OS DADOS OBJETIVOS você obtém lendo a reportagem “Fazenda divulga índices provisórios de ICMS dos municípios para 2016”, de Pepo Kerschner, da Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini (AQUI) e conferindo a tabela completa a ser oficializada nesta terça-feira (AQUI)
Outro dia ouvi uma entrevista (acho que era alguém do DAER) sobre a REC-287. Fizeram um controle na região de Santa Cruz e acharam caminhões trafegando com 20 toneladas de sobrepeso. Conclusão: a grande maioria dos caminhões trafega com excesso de carga. Nada que ninguém não saiba. Só que há consequências. A base da rodovia está tão danificada que tem que ser refeita de novo. Não adianta duplicar, tem que refazer o que existe. Bueno, e a duplicação? Entre POA e Santa Cruz. No resto o movimento não justificaria. É mais ou menos isto aí.
Nota-se a diferença entre o debate político e o discurso técnico. A água da Baía da Guanabara está poluída, mas está "dentro da norma".
Santa Maria está distante de outras cidades como Caxias do Sul, Passo Fundo e Santa Cruz porque não é uma cidade industrializada. Ponto.
Santa Maria ainda vive das migalhas da UFSM e dos milicos. E enquanto não houver essa mudança de mentalidade "lojsta" para uma mentalidade "industrial", a tendência é estagnação, no melhor dos cenários.