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Qual é o valor da vida humana? – por Liliana de Oliveira

Notícia do G1 do dia 14/08/2015: Uma série de ataques em ruas de Osasco, Barueri e Itapevi, na Região Metropolitana de São Paulo, deixou 19 mortos na noite de quinta-feira (13). Os ataques aconteceram em dez pontos diferentes das duas cidades. Ninguém foi preso pelos crimes. O maior número de mortes foi em Osasco, com 15 vítimas. Em Barueri, foram 3 óbitos e, em Itapevi, uma pessoa morreu. Ao ler a notícia tive vontade de sentar na soleira da porta e chorar, mas eu só conseguia me perguntar: Que país é este? Qual é o valor da vida humana?

No dia seguinte aquilo que já era ruim, parecia ainda pior. Descobriram que as cápsulas de três diferentes calibres de armas foram encontradas próximo aos corpos das vítimas era de uso das Forças Armadas e de uso de guardas civis metropolitanos. Então, aqueles que estavam a serviço do estado e que deveriam nos proteger cometeram uma chacina?

Em Osasco, em frente ao bar onde muitos foram mortos, apenas corpos jogados ao chão. A polícia cercou o local e O IML chegou 10 horas depois. Mortos ao chão como se nada fossem. Jogados como coisas e não como pessoas. Apenas corpos, apenas mortos. Quase nada!

Fernando Luiz de Paula, pintor, de 34 anos, morto no bar do Jardim Munhoz Júnior, sem antecedentes criminais. Fernando foi ao bar para tomar uma água e cortar o cabelo. Mal sabia ele que não cortaria o cabelo.

Deivison Lopes Ferreira, de 26 anos, foi encontrar um amigo na saída do trabalho. Mal sabia ele que seria o último encontro.

Tiago Marcos, de 34 anos, desempregado, uma das vítimas da chacina, estava no ponto de ônibus. Mal sabia ele que não pegaria a condução.

Jonas dos Santos Soares, de 33 anos, uma das vítimas, casado com Ângela Maria de Souza, de 30 anos, trabalhava como operador de máquinas e estava de folga na quinta. Decidiu ir ao bar, quase em frente a sua casa. Mal sabia ele que essa seria sua última folga.

Sua esposa disse querer Justiça, mas disse confiar mais na “Justiça de Deus”. Ângela Maria sabe que a justiça brasileira não será feita, por isso prefere acreditar na justiça divina. Bem aventurada é Ângela que ao menos acredita em algum tipo de justiça!

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2 Comentários

  1. Olá, Brando!
    Tudo indica se tratar de revanche praticada pela polícia. Na ativa ou aposentados, tratam a vida humana como quase nada num país que banalizou o crime. Justiça não é apenas uma abstração, justos são os atos que primam pela equidade, isto é, distribuição justa dos bens. Enquanto pensarmos que é uma abstração ou idealização não conseguiremos construir uma sociedade mais justa.
    Quanto a Ângela, não a considero uma ingênua. Quase invejo tamanha crença. Mas, independente daquilo que acreditemos no plano divino, devemos exigir que a justiça se dê também no mundo terreno.

  2. "Uso exclusivo das forças armadas" é um nome antigo que já deveria ter caído em desuso. Determinados calibres eram usados somente pelos militares e só poderiam ser usadas pelas forças de segurança em casos raros. Como o tráfico começou a usar armas mais pesadas, a licença ficou banal.
    Pelo que foi noticiado, ninguém utilizou a arma de serviço nas chacinas. Seria muito fácil chegar nos autores.
    Policiais militares e guardas civis envolvidos? Quase certo. Crimes ocorreram em cidades onde morreram um policial militar e um guarda civil em assaltos (pelo que lembro). O modo de abordagem e a maneira como seguravam as armas também apontam nesta direção. Não quer dizer que estejam na ativa, existe a possibilidade de não pertencerem às corporações. Milícias estão ficando cada vez mais comuns.
    Justiça é só uma idéia, um conceito abstrato.
    Angela é só mais uma ingênua.

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