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Sobre seriedade, funcionalismo público estadual e o Banrisul – por Luiz Alberto Cassol

Temos pela frente três anos e quatro meses, no Rio Grande do Sul, de condução de um governo eleito democraticamente nas urnas e que terá esse tempo para conduzir o estado. De que forma? Essa é a questão? A crise gaúcha tem trazido preocupação, pelo menos, tenho certeza, àqueles que tentam ver um pouco além do que é dito pelo atual Governador José Ivo Sartori.

A dita crise é propagada por todos os meios e formas pelo próprio Governador, Secretários e Assessores. Com qual objetivo? Qual o tamanho real da crise? Quais os interesses em instaurar o pânico generalizado? Fórmula antiga, não?

Nos debates realizados na televisão e no rádio, no ano passado, principalmente no segundo turno, quando tínhamos dois candidatos frente a frente, tudo estava muito explícito.  O então Governador Tarso Genro, que recebeu o meu voto, abria o jogo e falava exatamente como iria governar, a propósito, tinha quatro anos de prova para dizer o que fez e o que ainda faria no caso de reeleição. O então candidato Sartori dizia  “meu partido é o Rio Grande”, tergiversava e não apresentava nenhuma proposta concreta. Debates insólitos, surreais. E ele foi eleito democraticamente por 61,2% dos votos dos gaúchos, o que merece meu respeito.

O que estranho, hoje, é que a cada dia encontro menos pessoas que dizem ter votado nele. Um misto de não quero falar sobre, indignação e a emblemática frase: “o quê está acontecendo?”. Também respeito.  Da mesma forma, peemedebistas que assumem seu voto. Igualmente, tenho um amigo cineasta que defende o Governador Sartori e tem argumentos. É uma pessoa que realmente acredita no que diz. Tem meu apreço por sua postura.

No entanto, atualmente, ficou difícil encontrar eleitores do Sartori que consigam ter argumentos para defender as atitudes do atual governo.

A democracia é isso. Voto e poder de escolher seus governantes. Mas, para o bem da verdade, que seja dito que na época da eleição tínhamos duas propostas totalmente distintas para o Rio Grande do Sul. Houve uma opção. A metáfora do famoso cheque em branco que o Ex-Governador Tarso Genro muito bem utilizou.

Retomando o primeiro parágrafo, é latente a situação constrangedora a que foi submetido o funcionalismo público do Rio Grande do Sul, em todas as classes e setores. Não quero vaticinar nada, pois os servidores já estão em situação para lá de preocupante. Como explicar isso?

O que ouvi até agora do Governador e, principalmente, do Secretário da Fazenda Alexandre Feltes, são respostas que falam de “crise, crise, crise” e não apontam nenhuma solução. “Por óbvio” – termo cunhado por Feltes dezenas de vezes em cada entrevista – me parece que nunca existiu um plano de governo. O que vejo, sim, é uma apatia na tomada de decisões e uma tentativa definitiva de privatizar parte do patrimônio público no estado do Rio Grande do Sul.

Para ficar num exemplo que nos é muito significativo, quando pronuncia-se BANRISUL – Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. está se falando de um patrimônio público dos gaúchos que tem um cartão que para nós é “BANRI”. Aliás, qual estabelecimento, de qualquer porte, em qualquer cidade gaúcha, que não tem uma máquina do Banri para facilitar a vida dos gaúchos?   A história dessa instituição data de 1928 e faz parte de nossas vidas. Tratar do BANRISUL é lidar com uma instituição sólida e simbólica para todos nós. Portanto, seriedade.

Falo nesse exemplo notável para lembrar de vários outros bens do estado, quando a sociedade gaúcha fica estarrecida a cada vez que fala-se em ativos a serem privatizados em negociações futuras. Fico imaginando o pânico dos funcionários dessas instituições.

Como assim? Instala-se o pânico e então lá vem a mágica solução. Vender o patrimônio público. Essa estratégia o povo gaúcho conhece. Então, sem muitas teses, para ficar no simples “por óbvio” do Secretário Feltes: não! Definitivamente não! Nossa atenção a esses movimentos é total.

Encerro com minha total solidariedade aos funcionários públicos do estado do Rio Grande do Sul. Porque de parcelas de desculpas eles já estão cheios. Está na hora de governar e chega de tergiversar. Seriedade é o que solicitamos. Por óbvio!!!

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