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Falsas Dicotomias – por Liliana de Oliveira

Dia 26 de junho de 2015 a Suprema Corte Norte Americana aprovou o casamento gay nos Estados Unidos. Neste dia, o Facebook criou a página Celebrate Pride que permitia que qualquer usuário da rede social manifestasse seu apoio ao movimento LGBT e à sua conquista colocando faixas coloridas em seu perfil. O Facebook rapidamente ficou colorido e repleto de declarações elogiosas acerca da decisão da Suprema Corte. Rapidamente também apareceram muitas críticas a esses que coloriram seus perfis. Críticas de alguns que diziam que havia coisas muito mais importantes e urgentes a serem discutidas como a fome, a miséria e a desigualdade. Como se a expressão de alegria de ver uma potência mundial aprovar o casamento gay fosse incompatível com a tristeza de ver tanta fome e miséria no mundo. Como se celebrar o casamento gay fosse celebrar o mundo e suas mazelas como um todo.

Do mesmo modo, depois dos atentados em Paris, muitos usuários coloriram seus perfis com as cores da bandeira da França e em solidariedade à França. E, do mesmo modo, foram criticados por estarem usando a bandeira de um país estrangeiro quando os estrangeiros não usam a nossa e nem prestam homenagens às nossas tragédias. Como se prestar homenagem à França, fosse desprestigiar nosso país. Como se para sermos solidários, antes exigíssemos que fossem solidários conosco.

O dualismo, o maniqueísmo, a dicotomia estão sempre presentes no modo como pensamos, falamos e agimos. Falsas dicotomias aparecem a todo momento. Assim, se celebro o casamento gay nos EUA, estou desconsiderando os avanços ou os retrocessos no Brasil. Se me solidarizo com a França, não me solidarizo com Minas. Se me solidarizo com a França, não me solidarizo com a Kiss. Assim, vamos constituindo um mundo cindido, apartado. Assim, vamos nos encerrando em nossos guetos e tribos. Vamos construindo um mundo incomunicável e pouco solidário. Vamos constituindo um mundo de turcos e curdos que não reconhecem a existência cultural do outro.

Precisamos abandonar nossas certezas e nossos lugares de verdade a fim de permitir que possamos criar outro mundo. Mundo no qual não precisemos nos colocar de um lado ou de outro, mas problematizar esses lugares e nos solidarizarmos com tudo aquilo que diz respeito ao humano.

 

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