ALÔ, 2016! Santa Maria tem teatro, sim. E de uma qualidade superior – que vai avançar no próximo ano
Por ATÍLIO ALENCAR
Santa Maria tem uma escola teatral reconhecida no Brasil inteiro. O curso de Artes Cênicas da UFSM, fortemente calcado na pesquisa desenvolvida pelo teórico russo Constantin Stanislawski, é referência em todo o país como um celeiro de novos talentos. Isso, infelizmente, não chega a tornar a arte teatral muito mais acessível para a população em geral. Arrisco o palpite de que se o Teatro Caixa Preta não estivesse localizado no campus, a coisa seria diferente.
Seja como for, muito do que se produz cenicamente na cidade ainda fica restrito ao ambiente universitário. O que é uma lástima, visto que as produções mais experimentais restam assim condenadas a poucas apresentações, geralmente para um público fechado.
Mas esse cenário, ainda que lentamente, está mudando. E sem sombra de dúvida, a contribuição de grupos como o Teatro Por Que Não? para esse processo de abertura é decisivo. O coletivo formado por jovens recém-formados nas cênicas da UFSM é um exemplo de ousadia e de vontade de fazer as coisas acontecer. Foi com essa motivação que o grupo assumiu, junto ao Teatro Universitário Independente, a gestão do Espaço Cultural Victorio Faccin. Certamente, trata-se de uma iniciativa que não só democratiza o acesso à cultura, como também descentraliza, ainda que relativamente, a circulação cultural pela cidade. Afinal, o Victorio Faccin fica no Bairro do Rosário, que se não chega a estar longe do centro, pelo menos não está enfiado nas vias intrafegáveis de Santa Maria.
O Teatro VagaMundo, um exemplo de como ainda precisamos prestar mais atenção na arte produzida por aqui, também é um caso incontornável. Em nome da transparência, preciso deixar claro que sou colaborador do grupo – mas sinceramente não é isso que determina meu comentário elogioso. O VagaMundo é uma microcompanhia de teatro e circo formada por dois jovens atores/diretores, a Gabriela e o Daniel, que tocam todas as funções do grupo mesmo morando distante milhares de quilômetros um do outro. E mesmo assim, o Teatro VagaMundo circula por todo o Brasil e boa parte da América do Sul, conquistando prêmios e divulgando a arte da palhaçaria, geralmente em via pública.
E ainda contamos com grupos que já trazem na bagagem um longo histórico de luta pela arte. Não citar a Cia. Retalhos de Teatro, do Helquer Paez, seria uma omissão injustificável. Helquer é um cara apaixonado pelo que faz, e coordena a Retalhos há décadas, sem nunca ceder ao sedutor conforto da mesmice. Desde trabalhos infanto-juvenis até encenações adultas densas, como a recente montagem do texto “ Os 7 Gatinhos”, de Nelson Rodrigues, a Retalhos é referência necessária para quem quer conhecer o teatro feito por aqui.
E há outros, claro, que nem caberiam nessas linhas. É muita gente fazendo teatro com gana, com criatividade, com vontade de quebrar as amarras do cotidiano.
Eu aposto que o teatro de Santa Maria só vai crescer e aparecer ainda mais em 2016. Quem duvidar, que esteja pronto pra quebrar a cara.
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