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SCHIRMER, EXCLUSIVO (2). “Para os descrentes (do Hospital Regional) é só ir lá. Estará pronto em maio. Nós viabilizamos a área!”

Esta é a segunda parte da entrevista exclusiva concedida ao sítio, na noitinha de quinta-feira passada (para conhecer as circunstâncias, clique AQUI), dia 22. Dela foram protagonistas o repórter Maiquel Rosauro  e a repórter fotográfica Bianca Pereira Moreira, com a participação deste editor. A estrela, claro, foi o entrevistado, Cezar Schirmer.  Acompanhe:

Por MAIQUEL ROSAURO (texto) e BIANCA PEREIRA MOREIRA (fotos)

Novas recepcionistas nos postos de saúde: “pessoa afável, simpática, agradável, que trate bem e acolha carinhosamente é meio caminho andado para que o doente comece a melhorar”

A Secretaria Municipal de Saúde precisa ser defendida. É esta a ideia que passa o prefeito Cezar Schirmer ao explicar as dificuldades iniciais e ao enumerar as ações que foram realizadas. Nesta segunda parte da entrevista realizada em 22 de setembro na SUCV (a primeira parte foi publicada ontem aqui no site), também irá falar sobre sua influência na questão do Hospital Regional, a administração da UPA, o aumento de salário aos médicos e a licitação para contratar recepcionistas para postos de saúde que sejam “simpáticas”.

O prefeito também revela que está em busca de financiamento para implantar na cidade o sistema de veículo leve sobre trilhos. Esta é apenas uma das ações que são planejadas para a infraestrutura de Santa Maria que, segundo ele, irá ganhar em breve milhares de empregos.

Amanhã, quarta-feira, na terceira parte desta entrevista exclusiva, Schirmer dará mais detalhes sobre o Plano de Mobilidade Urbana, irá dizer os locais onde pensa em construir túneis (e até o valor de algumas obras), comentará as ações realizadas pela secretaria de Trânsito e irá analisar a – até então – ausência de um pré-candidato da tríada petista (Paulo Pimenta, Valdeci Oliveira e Fabiano Pereira) às eleições 2012.

Por falar em eleições, Schirmer irá responder uma questão sobre o fato de estar na liderança de uma recente pesquisa do PT ao comando da Prefeitura de Santa Maira (publicada com exclusividade pelo sítio). O prefeito também faz uma projeção de quando será implantada a segunda passagem gratuita no transporte coletivo e irá falar sobre a visibilidade das ações da Prefeitura após a contratação de mais jornalistas. Até uma avaliação (com direito a críticas) sobre a cobertura da mídia santa-mariense em relação ao Executivo estará na entrevista. Mas tudo isso, só amanhã, aqui no site.

SÍTIO CLAUDEMIR PEREIRA – Como o senhor avalia o trabalho do vice-prefeito, José Farret, na secretaria de Saúde?

CEZAR SCHIRMER – Agora as pessoas estão começando a reconhecer. Tanto ele quanto eu fomos muito criticados nos primeiros dois anos e meio de governo. Vou te dar um elenco de ações que fizemos, mas primeiro as dificuldades que enfrentamos: o prefeito Valdeci (Oliveira), por pressão do Ministério Público, assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) e demitiu algumas pessoas da saúde e nós demitimos 160 em julho de 2009. Naquele ano ainda teve gripe suína e febre amarela. Dificuldades extras. Apesar disso, o que foi feito: o Hospital Regional. Eu sei que é um investimento Federal e Estadual, mas por que não foi feito antes? Quantos anos esta novela? Nós viabilizamos a doação da área. Estive na casa do antigo proprietário, pedi que ele doasse a área de seis hectares. É o maior investimento hospitalar público que está sendo feito no Estado. É uma marca notável da nossa cidade. Para os descrentes é só ir olhar lá, ficará pronto em maio. Já esteve aqui o representante do ministro da Saúde junto com o secretário estadual de Saúde, há 60 dias, e disse que irá liberar R$ 12 milhões para comprar os equipamentos porque esse hospital é uma necessidade. Será o mais moderno hospital do Rio Grande do Sul em Santa Maria. O Samu teve problemas, demorou, ainda tem o problema de ter que ligar para Porto Alegre para liberar a ambulância, mas está ai. É a cidade depois de Porto Alegre que tem mais ambulâncias. Tem uma que vamos colocar em funcionamento que era destinada aos municípios da região. Porém nos municípios da região não avança este assunto e entrará em funcionamento aqui na cidade. De qualquer formas são cinco ambulâncias. A UPA está pronta. Há pouco estávamos fazendo uma reunião para tratar de quem vai administrar a UPA.

SCP – E quem será o responsável por administrar a UPA?

CS – Iremos fazer um chamamento público para atividades filantrópicas. Não será empresa privada, não estou privatizando. Entidade filantrópica.

SCP – O que é um chamamento público?

CS – Colocaremos um edital para que alguém faça a gestão da UPA, como é em todo o Brasil. A exigência de que nós colocamos é de que seja uma instituição filantrópica. O edital não está pronto ainda.

SCP – Temos poucas atividades filantrópicas em Santa Maria com experiência na área de saúde. Poderia ser uma entidade de fora?

CS – Estamos formatando o edital, por isso não saberia te responder agora. Pedi para que o doutor Farret encaminhe esta questão nesta semana, quando irei tirar umas férias. Minha previsão é de que o edital fique pronto logo. A UPA terá 600 atendimentos dia, quatro vezes mais que o P.A. (Pronto Atendimento) hoje. Isso será uma revolução no pronto-atendimento de emergência. Os leitos hospitalares, tínhamos 300 leitos que atendiam o SUS no Hospital Universitário e um pouco a Casa de Saúde lá com o Hospital de Caridade com 40 e poucos leitos. Hoje, somados os leitos do Hospital Regional, Caridade com novos 130 leitos do SUS e a Casa de Saúde que está sendo reformada vai passar de 300 para 800 leitos. Isto é uma coisa notável, não só do ponto de vista da área de saúde. Veja quantos empregos irá gerar com enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, nutricionistas, atendentes, recepcionistas, cozinheiros… Santa Maria voltará a ser o que era há 20 anos, um polo regional de saúde. Vinha gente do Oeste de Santa Catarina, do Oeste do Paraná e de todo o Rio Grande do Sul para se tratar aqui. Isso deixa muito dinheiro porque sempre vem alguém junto que deixa dinheiro em hotel, restaurante, táxi, posto de gasolina, farmácia. Isso é renda, é desenvolvimento econômico. Estamos reformando mais de 20 postos de saúde e construindo outros dois ou três se não me falhe a memória. O P.A. Odontológico 24 horas que não existia já está funcionando. Estamos chamando médicos concursados, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. Estamos chamando mais de 200 pessoas para a saúde. Fizemos uma licitação que está para abrir em 3 de janeiro, vamos contratar recepcionistas com conhecimento da área de saúde para os postos com maior movimento. Isso porque o primeiro embate do doente é com a pessoa que está ali na frente.

SCP – Qual o perfil destas recepcionistas?

CS – Se for uma pessoa mal-educada, desinteressada, desrespeitosa e que não compreende o seu papel o doente fica ainda pior. Mas se for uma pessoa afável, simpática, agradável, que trate bem e acolha carinhosamente é meio caminho andado para que o doente comece a melhorar. Essa é uma questão que tanto o doutor Farret quanto eu achamos muito relevante. Não estou falando coisas que não estão acontecendo. Estamos dando prótese dentária (dentadura) gratuitamente, a Prefeitura produz elas no CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), isso é muito importante para a saúde e para a autoestima. Não faltam remédios nos postos de saúde e quando falta é porque o laboratório não entregou e logo nós autuamos o laboratório. Estamos comprando refrigerador, freezer e ar-condicionado para melhor as condições de trabalho dos servidores e para melhor atender estas pessoas. Demos um aumento significativo para os médicos e para os funcionários dos P.As. Os médicos ganharam 170% de aumento. Também temos a informatização nos postos de saúde que reduz os custos.  Está melhorando e ainda vai melhorar muito esta questão da saúde.

Fabrício Minussi (E), Superintendente de Comunicação, única testemunha do papo, aliás totalmente gravado e que durou exatamente 2 horas, 7 minutos e 11 segundos

SCP – Fazendo uma conta rápida de tudo o que o senhor falou, teremos entre construção civil, setor supermercadista, trabalhadores da área da saúde e afins, no mínimo 5 mil empregos. Esses profissionais estão em Santa Maria? Em não tendo, iremos atrair população que vai comprimir e exigir uma demanda de serviços e habitação. A cidade está preparada para este surto de desenvolvimento e incremento de emprego e renda?

CS – Santa Maria cresce independente do que acontece no Brasil. A economia da cidade é dependente de salários. A UFSM terá o orçamento de R$ 1 bilhão no ano que vem, sendo 80% para pagamento de pessoal. Base Aérea e Exército 80% também é gasto em pessoal. Esta questão depende da política salarial do governo, quando ela é boa a economia da cidade está a mil maravilhas. Já quando há uma repressão dos salários, a cidade está em crise. Não é um problema só de Santa Maria. Se a economia brasileira continuar em crescimento, terá disputa por mercado de trabalho. E mais, eleva o salário. Um dos dados que mandei para a Hyundai foi comparando salários, Santa Maria paga 20% a 30% mais baixo no setor industrial que Novo Hamburgo e São Leopoldo. Santa Maria tem muito mão-de-obra, mas há um contingente grande de mão-de-obra não qualificada. Estamos comprando máquinas novas para a Emai (Escola Municipal de Aprendizagem Industrial), vamos cada vez mais lançar cursos de qualificação profissional. Lançamos curso de mulheres na construção civil, pintura, auxiliar de pedreiro, azuleijistas e outros com resultados magníficos. O grande problema no Brasil é a falta da mão-de-obra específica, este é o setor que precisamos investir muito. Outro dia encontrei aqui umas pessoas da indústria de confecções e me disseram que precisavam contratar 70 costureiras, mas elas teriam que estar prontas. Temos que avançar mais intensamente neste setor no ano que vem.

SCP – E quanto a serviços e infraestrutura?

CS – É uma realidade que é brutal. O governo Federal libera o financiamento para automóveis, com R$ 200 por mês tu compra um carro e em Santa Maria entram 600 veículos novos por mês. Em compensação, o governo Federal não ajuda os municípios a enfrentar o problema do transporte coletivo. Estamos trabalhando a questão do veículo leve sobre trilhos (VLT), que é uma possibilidade concreta. Cidades menores que Santa Maria têm o VLT. Já bati lá no Ministério das Cidades discutindo este assunto, é uma dificuldade o financiamento. No sistema tradicional de ônibus, IPI, Imposto de Renda e valor óleo diesel quem regula é o governo Federal; ICMS o governo Estadual, mas quem resolve o valor da passagem é o prefeito – um absurdo. Quem deveria dizer o valor é o governo Federal. O ônibus deveria ter um diferencial no preço do diesel, deveria ter uma política do governo Federal. Para enfrentar esta questão de infraestrutura, tive uma reunião com o Pippi (Carlos Pippi Brisola, secretário municipal de Planejamento Estratégico e Projetos Especiais) hoje de manhã (22 de dezembro). Estamos licitando um Plano de Saneamento Básico Ambiental já autorizado pelo Banco Mundial; Plano de Mobilidade Urbana – sistema viário, trânsito, locomoção de pessoas; Plano de Mobilidade Rural para saber exatamente quantas estradas existem, o tamanho e o movimento delas, além do perfil dos veículos que trafegam nelas; e o Plano Diretor de Informática. Tudo isto é vital para planejar o futuro de Santa Maria. Tem que ter uma planificação. Infelizmente, faz muito tempo que Santa Maria não planeja o seu futuro. Isso tem consequências, ainda é tempo para corrigir este equívoco.

SCP – Que mudanças práticas o Plano de Mobilidade Urbana traria?

CS – Vai planificar. Por exemplo, a cidade vai crescer para lá, então tem que ter mais ônibus de tanto em tanto tempo. O sistema de trânsito hoje é puxadinho, vem a associação de moradores aqui ou um vereador e pedem para mudar. Não pode ser assim no palpite, tem que ser técnico, um estudo de sistema viário. Quais as ruas mais importantes da cidade? Se tu perguntar para mim eu não sei dizer. Vou te dar um exemplo. Esta semana asfaltamos a Rua Samuel Kruschim, bairro Noal, entre a Rua Venâncio Aires e a Avenida Dois de Novembro. Quantas pessoas vêm pela Venâncio Aires e entram na Avenida Liberdade para ir em direção ao P.A. podendo ir pela Samuel Kruschim? Na questão de rotas alternativas trabalhamos aqui meio no palpite, mas um projeto de sistema viário vai dizer qual rua é mais importante.

SCP – Quanto custa para fazer um Plano de Mobilidade Urbana?

CS – A licitação que vai dizer.

SCP – Mas os recursos são provenientes do Banco Mundial?

CS – Sim, recursos de empréstimo do Banco Mundial.

(CONTINUA AMANHÃ)

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11 Comentários

  1. Garibaldi :

    empreendedor :@Fritz Nunes Você fala do mesmo Plano Diretor de Mobilidade Urbana que o ex-prefeito Valdeci não quis fazer quando eras assessor de imprensa dele?

    Viajaste na maionese? Não sei se o Fritz era o que tu diz, mas quem mudou o Plano Diretor foi o Valdeci! Foi um processo participativo, muito amplo, antes de virar lei na Câmara, aliás com o voto contrário de peemedebistas, pelo que lembro.

    Estás equivocado. O Valdeci aprovou o PLano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Parabéns a ele. Plano Diretor de Mobilidade Urbano é outra coisa. Também deveria ter sido feito há uns seis anos. Se tivesse sido feito quem sabe teríamos um trânsito melhor hoje. Mas não foi. Se o Fritz era ou não era, só cabe a ele responder.

  2. empreendedor :@Fritz Nunes Você fala do mesmo Plano Diretor de Mobilidade Urbana que o ex-prefeito Valdeci não quis fazer quando eras assessor de imprensa dele?

    Viajaste na maionese? Não sei se o Fritz era o que tu diz, mas quem mudou o Plano Diretor foi o Valdeci! Foi um processo participativo, muito amplo, antes de virar lei na Câmara, aliás com o voto contrário de peemedebistas, pelo que lembro.

  3. Foi um passo dado com a construção do hospital,que é a parte maios fácil,depois de pronto que começa o pepino com a compra dos equipamentos,funcionários médicos etc.. ainda tem muito pano pra manga,não iludam politicamente os menos informados como fosse a salvação da saúde a curto prazo…

  4. Baita inverdade. O Schirmer e o Osmar Guerra escolheram como área para instalar o hospital Regiona um terreno lindeiro ao lixão da Caturrita. Aí obviamente o MP embargou a palhaçada. Nessa brincadeira eleitoreira do Schirmer e do Guerra se perdeu 3 anos. Parabéns Schirmer

  5. “Mas se for uma pessoa afável, simpática, agradável, que trate bem e acolha carinhosamente é meio caminho andado para que o doente comece a melhorar. ”
    bem os recepcionistas ganham 497 reais de salario base…senhor prefeito.os menores saláriodasprefeitura ennada de aumento ou de insalubridade.

  6. na área da saúde, Cezar fala muito e faz pouco.Não é possivel que ele ache que satisfez as necessidades dos outros profissionais da saúde dando 170% SÓ para os médicos.Neste sentido cometeu uma baita duma injustiça!Quanto às dentaduras…muita propaganda para pouca dentadura.Entrega algumas por mês e faz um grande auê.Mas deixa os profissionais e a população sem anestesicos ,manutenção dos equipamentos,e outros desleixos.Mas tem gente que acredita que tá tudo bem.Devem ser as luzes de natal!

  7. @sandra Sandra eu tenho acompanhado estas questões a muito, eu o que lembro é do ex sec Terra do´mesmo partido do prefeito fazendo o maior empenho para trazer o UPA para cá. O pozzobom era apenas um um assessor de segundo escalão que durou pouco, logo veio para ser secretário do Gov schirmer. E Prefeito que tem visão faz exatamente o que Prefeito Schirmer esta fazendo, pensa na COMUNIDADE.

  8. Parece que todo mundo quer ser o pai da criança. Se bem me lembro quem lutou para trazer o Hospital Regional e a UPA foi o Pozzobom. Lembram que ele era assessor direto da governadora? Lembram que foi a Yeda quem veio dar o ponta pé inicial das obras e tb da UPA. O Prefeito tem que lembrar que um governante tem que terminar as obras iniciadas em outras administrações. Lei da responsabilidade fiscal. O tunel foi obra do Valdeci com verba do Pimenta, assim como o camelodromo Schirmer só fez a mudança deles.

  9. No argumento sobre o transporte coletivo, é válido o raciocínio do prefeito. Há anos que ouço que o governo federal pode oferecer masi subsídios, mas isso não acontece. O que ocorre é exatamente isso: estímulo à indústria automotiva, e as pessoas comprando cada vez mais automóveis, superlotando as cidades. Por outro lado, o prefeito deveria pensar em um planejamento de longo prazo, como a questão de um plano diretor do sistema viário. Chega de medidas paliativas.

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