Documento. Um incrível editorial do tempo em que a mídia grandona brigava consigo mesma
O que você vai ler agora é mais que um texto curioso. Trata-se de uma mostra que a única briga válida entre os integrantes do condomínio que eu pessoalmente chamo de a mídia grandona (e a que se acha) é aquela em que o troco está em jogo. Não, não se trata de ideologia. Pode estar certo.
O problema é que, para defender interesses claramente financeiros, às vezes se expõem as vísceras. Então, sugiro o seguinte: leia agora o editorial da Folha de São Paulo, publicado há pouco mais de 10 anos, e compare ao que ela – e os acusados pela FSP pensam agora. E nem faz tanto tempo assim. Confira:
O que é bom para a Globo não convém ao Brasil
Resposta ao Monopólio
“A Rede Globo publicou anúncio em diversos jornais onde acusa a Folha de “distorcer fatos”, “inventar mentiras”, “violar a ética jornalística” e “caluniar a emissora”. O mesmo anúncio foi divulgado em sua programação. Qual o motivo para tanta histeria?
A Folha noticiou que o PPB e o PT de São Paulo entraram com representação na Justiça Eleitoral, alegando que seus candidatos estão sendo prejudicados na inserção de anúncios eleitorais na programação da Globo.
O PSDB do Rio, com suspeita semelhante, já havia solicitado uma medição dos anúncios na programação carioca, fato também denunciado pela Folha. Nos dois casos o jornal procurou registrar, como é da sua praxe, a versão da emissora.
É normal que existam controvérsias desse tipo em tempo de eleições. Mais do que normal, é necessário que a imprensa independente as leve ao conhecimento do eleitor. A decisão, como é óbvio, cabe à Justiça Eleitoral, por meio de seus magistrados. Mas a Globo não está acostumada com democracia.
A emissora carioca pode não entender nada de democracia, nem de jornalismo, mas é especialista em manipulação eleitoral.
Fez campanha contra o Movimento Diretas-Já, vendo-se obrigada a aderir na última hora, quando seus veículos já não podiam circular sem sofrer hostilidade da população. No desespero de evitar uma vitória de Leonel Brizola na eleição para governador do Rio, a Globo já havia se envolvido no escândalo Proconsult, uma das maiores vergonhas na história política recente.
Mais tarde, praticou a edição criminosamente deformada do debate entre os candidatos Collor e Lula, com vistas a eleger o primeiro, a quem apoiou durante toda a campanha.
Não é por acaso que qualquer cidadão bem informado suspeita de novas manipulações por parte da Globo.
É no mínimo risível que a emissora venha falar em ética. A Globo foi feita com capital estrangeiro em flagrante violação da lei. Essa é a origem de sua vantagem sobre as demais emissoras que até hoje tentam, corajosamente, fazer-lhe concorrência.
A Globo cresceu no apoio subserviente aos governos militares, beneficiando-se de todo tipo de favores, concessões, privilégios e negócios duvidosos. Urdiu uma rede de poder, ameaças veladas e atividades suspeitas por todo o país. Pretende agora estender seu monopólio virtual sobre…
ATENÇÃO: o texto acima não é da Hora do Povo, não. Nem da Folha Operária. Mas, repito, da Folha de São Paulo.
ATENÇÃO (2): a partir da leitura do editorial, você ainda acha que não é necessária a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigue as relações entre a TVA (do Grupo Abril, que publica a revista Veja, entre outras) e a Telefônica de Espanha? Eu defendo que sim. Inclusive porque fatos como os descritos no editorial da FSP de 11 anos passados podem vir à tona. Aliás, é exatamente por isso que a mídia grandona nããão quer a CPI. Faz sentido.
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do editorial da Folha de São Paulo, reproduzido pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, ex-correspondente internacional da Rede Globo e que está com sua página alojada no site Globo.Com.
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