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Festa de aniversário – por Bianca Zasso

biancaHá quem marque a passagem dos anos pelos cabelos que caem ou pelas orelhas que crescem. Conheço até quem guarde lembranças de absolutamente tudo, de primeiro encontro até aprovação no vestibular. Eu, no momento, tenho contado meus anos de vida pelos aniversários dos filmes que marcaram minha vida.

E.T. – O extraterrestre, de Steven Spielberg, completou 30 anos, Clube dos cinco, de John Hughes, também. Minha primeira sessão de ambos foi ainda na infância, quando eles eram presenças certas na TV. Porém, fui sentir a passagem do tempo com mais intensidade quando percebi que um dos filmes que eu presenciei a estreia nas telonas estava, por assim dizer, chegando à adolescência.

Quase famosos completou 15 anos de lançamento. Além de ser um retrato da juventude e do aprendizado de jornalista do diretor e roteirista Cameron Crowe, o filme marcou minha geração pelos mais diversos motivos. Os que tiveram pais que sempre ouviram os clássicos do rock dos anos 70, como eu, era uma catarse. Arrisco dizer que a minha catarse, em especial, era mais intensa, pois eu já pensava em ser jornalista naquele ano 2000.

Inveja branca define bem o que senti pelo personagem William Miller. Aos 16 anos, ele embarca no ônibus da turnê da banda Stillwater com o intuito de escrever uma matéria para a Revista Rolling Stones. Era tudo que eu queria naqueles tempos. O ator Patrick Fugit, intérprete de William, tinha o brilho nos olhos e o deslumbre com o mundo roqueiro que eu também tinha. E, de certa forma, também estava deixando a inocência para trás como eu.

Lembranças à parte, Quase famosos tem a pegada certa, assim como os bons riffs de guitarra. O roteiro inteligente e sem piedade (algo raro quando se tenta contar a própria história) torna o protagonista o mestre de cerimônias que apresenta os ótimos coadjuvantes. Billy Crudup tem a melhor atuação de sua carreira errante na pele do guitarrista que terá que manter o equilíbrio para não trocar shows por festas doidas e virar apenas um astro e não um bom músico. Frances McDormand está incrível no papel da mãe neurótica de William. E tem Kate Hudson esbanjando charme como Penny Lane, a groupie que mexe com o coração de William e se envolve mais do que devia com os roqueiros. Os meninos da minha época babaram muito por ela. As meninas também, seja por desejo ou inveja.

Quase famosos não é nenhuma obra-prima, não mudou o rumo do cinema e nem era essa sua pretensão. Cameron Crowe sabe o que faz. A leveza com a qual conduz a trama chega até o público que ri e se emociona em doses perfeitas. Lembram do tempo? Pois o tempo de Quase famosos passa sem pressa e a cada revisão ele se torna mais agradável.

Por mais que o faroeste e o terror tenha me levado para o lado cinéfilo da força, poderia resumir minha vida na cena do ônibus, onde os passageiros desemburram suas caras quando começa a tocar Tiny Dancer, talvez a mais linda canção de Elton John. Tente não cantar junto. Estamos nos anos 70, mas quem viu os anos 2000 chegarem com espinhas na cara se sente em casa. É o poder da boa música dentro de um bom filme.

Quase famosos (Almost Famous)

Ano: 2000

Direção: Cameron Crowe

Disponível em DVD e Blu-Ray

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