Economia. Há quem acredite que o PAC acaba, enfim, com a chamada Era Pallocci
É a discussão da hora, entre os economistas e os analistas do setor, dentro ou fora da mídia: afinal, acabou a era Pallocci, que personificava a estratégia econômica do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva no seu ex-ministro da Fazenda, Antonio Pallocci?
Dizia-se, e essa era a principal crítica à esquerda, que o governo apenas levava às últimas conseqüências a política econômica herdada dos oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República. E há quem diga, agora, que o Plano de Aceleração Econômica (PAC), em fase de discussão no Congresso Nacional, é a mudança desse cenário, já no segundo mandato de Lula.
Será? Os desenvolvimentistas dizem que sim. Mas há um porém: para dar certo, o Banco Central, último reduto dos palloccistas seguidores da política de FH, teriam que ser domesticados. Ou simplesmente afastados. E segue a discussão, nos mais diversos canais disponíveis.
Um dos que trata do assunto, de uma perspectiva, digamos, diferente da habitual na mídia grandona, é o site Carta Maior. E é dele que retiro o artigo-reportagem seguinte, assinado pelo jornalista Nelson Breve. Esqueça a terminologia complicada. Você conseguirá entender. A seguir:
A estratégia política do PAC
A forma pela qual o governo Lula conseguiu sair do cerco político acabou dando-lhe condições de abrir uma janela para sair do cerco financeiro. Não existe mais o eixo de poder absoluto que ligava Fazenda e BC. O jogo está mais equilibrado e o investimento é protagonista.
Todo PACOTE tem uma metade PAC e outra metade OTE. De um lado, um Programa de Aceleração do Crescimento. No verso, uma Outra Tentativa de Embromação. É assim desde a época do Delfim pelo menos. Um conjunto de medidas articuladas, seja para conter a inflação, promover um ajuste fiscal, enfrentar o racionamento de energia, reduzir a vulnerabilidade externa, eliminar gargalos de logística ou estimular investimentos privados. Mas sempre associado a um forte apelo psicológico para a sociedade comprar o risco de uma aposta.
Assim como outras tentativas anteriores, como Avança Brasil e Plano Plurianual de R$ 1 trilhão no governo FHC, e as Parcerias Público-Privadas do governo Lula, o PAC também tem seu lado OTE, que acaba virando panacéia. Se for bem-sucedido, como o Plano Real, entrará para a história. Sem não for, ficará perdido no aterro de insucessos, como tantas outras panacéias. Mas, não dá para negar que a estratégia política que carrega o PAC é tão ousada quanto a engenharia do Plano Real que eliminou a memória da inflação criando uma moeda paralela, chamada URV – a Unidade Real de Valor.
Como observa o economista Enéas de Souza, da Fundação de Economia e Estatística da Secretaria da Coordenação e Planejamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (FEE), o governo Lula passou quatro anos sob o cerco financeiro herdado da gestão anterior. Para não melindrar os gestores de fundos que mexem as cordas do mercado financeiro, abriu mão de conduzir a Política Econômica, deixando-a assentada em sono profundo no tripé das metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário elevado.
O cerco financeiro tem uma ponta amarrada na administração da dívida pública mobiliária. O governo federal não consegue saldar seus compromissos com o que arrecada e precisa vender títulos públicos para cobrir a diferença. Com isso, a dívida aumenta. Elevando, também, o custo de sua rolagem. Para conter essa expansão, o governo aperta o cinto do ajuste fiscal e passa a economizar mais de 10% do que arrecada, visando a redução do seu passivo. A economia estatal compromete os investimentos públicos na infra-estrutura do país. O aperto inibe os investimentos privados, que preferem aplicar seu capital na acumulação financeira de baixo risco e alta rentabilidade dos títulos públicos. Fecha-se a primeira volta do arame.
Sem investimentos, a oferta de bens não aumenta. Sem aumento da oferta, a inflação fica pressionada pelo risco de um surto de demanda. Para desestimular o consumo, que pode despertar a inflação, o Banco Central mantém os juros básicos da economia elevados. Com os juros elevados, o serviço da dívida aumenta e fica mais difícil amortiza-la sem apertar ainda mais o cinto do ajuste fiscal. É a segunda volta do cercado. Por causa desse circulo vicioso, o Banco Central não deixa o país crescer além de 3,5% ao ano, índice cabalístico que mantém a economia do país na corda bamba para evitar sobressaltos até que o saldo da dívida chegue a um patamar inferior a 40% de toda a renda acumulada pelo país ao longo de um ano, o Produto Interno Bruto (PIB)
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