Observatório: “A bem-vinda purgação de Maciel”

Havia, na quinta-feira, pairando sobre a Câmara palavras que teriam sido ditas por João Carlos Maciel, o campeão de votos de outubro. Ele faria denúncias “capazes de levar o prefeito Valdeci ao impeachment”. Consolidava-se a idéia de que haveria aquilo que dissera o colega dele de PMDB, Tubias Calil, dois dias antes: “se eles (referindo-se aos petistas) querem guerra, terão guerra”. Expressão, aliás, perdoável porque o jovem, afinal de contas, a cada dia parece mostrar-se mais imberbe na prática legislativa. Normal, em função de sua inexperiência. Mas que, dita num tom furibundo (ou será furioso?), deixou a impressão de verdade. E, assim, havia razões para que se pensasse em tiroteio – verbal – no palacete da Vale Machado.
      Nem impeachment, menos ainda guerra. Parece que, de repente, prevaleceu o espírito da civilidade, marca absolutamente indispensável na convivência política. Idéias opostas, sim, e indispensáveis. Agressões gratuitas, quase beirando a estupidez e a falta de qualidade oral, inadmissíveis. Especialmente porque falta muito pouco, se falta, para colocar-se interesses pessoais e partidários acima do que pensa a média da sociedade. Esta rejeita esse tipo de atitude. Inclusive porque grosseiro e sem espírito público.
      Assim, é preciso que se saúde a atitude de Maciel. Mais que uma capitulação (o que só se admitiria, de fato, numa “guerra”), a purgação do peemedebista mostrou que é possível a coexistência dos contrários, sem que isso signifique belicosidade sem sentido. Espera-se, apenas, que esse seja um sinal de que teremos política, agora, no Legislativo. Algo que ainda não começou a ser feito nesta legislatura.