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“Guerra Civil”. A semana das irresponsabilidades

Reproduzo, aqui, texto publicado há poucos minutos por Ricardo Noblat, em sua página (www.noblat.com.br) na internet. Um dos principais analistas do país faz uma avaliação do que aconteceu em São Paulo desde que o PCC (Primeiro Comando da Capital), talvez o braço mais visível do crime organizado, deflagrou uma série de atentados contra as forças de “segurança” – com a previsível, embora mal-feita reação, segundo tudo indica.

Noblat faz um relato dos fatos que antecederam e sucederam o início do forrobodó paulista e avalia a atuação dos criminosos e dos dirigentes políticos, além de projetar eventuais conseqüências de tudo o que aconteceu desde a sexta-feira, 12 de maio, no principal Estado do País. Confira:

”O preço da irresponsabilidade

Foi a mais trágica sucessão de trapalhadas da história recente do país.

Há três semanas, segundo o governador Cláudio Lembo, a polícia de São Paulo teve a informação de que os bandidos do Primeiro Comando da Capital (PCC) preparavam ataques e levantes em penitenciárias para a véspera do Dia das Mães.

Que fez o governo? Pôs a Polícia Militar de prontidão? Cancelou férias e folgas de policiais? Convocou reforços?

Nada fez. Esperou sentado.

Menos de 48 horas antes de terem início os ataques, os delegados Rui Ferraz e Godofredo Bittencourt foram ouvidos em Brasília pela CPI do Tráfico de Armas da Câmara dos Deputados. E contaram em depoimento secreto que Marcos Carmacho, o Marcola, líder do PCC, e mais 760 detentos, seriam transferido na sexta-feira dia 12 para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.

Era tudo que Marcola e seus chefiados não queriam.

Na quinta-feira 11, Ferraz soube que Marcola ficara a par de tudo que ele e Bittencourt haviam dito à CPI. Um funcionário terceirizado da Câmara vendera por R$ 200,00 a advogados do PCC cópia em áudio do depoimento dos dois.

Nem por isso a operação de transferência dos presos foi adiada. Ocorreu na data marcada. Dali a poucas horas, as brigadas do PCC começaram a alvejar policiais desprevenidos, prédios públicos e agências bancárias. Instalou-se o pânico em São Paulo.

O passo seguinte do líder do PCC foi dar ordem para que irrompessem rebeliões nos presídios – e elas se alastraram rapidamente pelos 74 que existem em São Paulo, atravessaram fronteiras e alcançaram presídios do Paraná e do Mato Grosso do Sul.

O sábado terminou com 30 mortes e a recusa arrogante do governo paulista à ajuda oferecida pelo governo federal. “Está tudo sob controle”, anunciou Lembo.

Na segunda-feira, diante do recrudescimento dos ataques, Lembo disse ao Jornal Nacional: “Nada deu errado”.

Tudo dera errado – inclusive a tentativa do governo de negar que tivesse negociado um cessar fogo com Marcola. De fato, no domingo 14, uma comitiva de delegados e advogados do PCC voou para se reunir com Marcola em Presidente Venceslau.

Os bandidos diminuíram o volume de ataques na segunda-feira. E no dia seguinte, 60 aparelhos de televisão deram entrada nos presídios para que ninguém, ali, perca os jogos da Copa do Mundo.

Saldo do episódio mais grave da guerra urbana brasileira: 152 mortes em menos de uma semana, 41 de policiais; um governo desmoralizado, e o adensamento do clima de insegurança pública por toda parte graças à falência do Estado.

Sobrou para a candidatura de Geraldo Alckmin à sucessão de Lula. Foi atingido o ponto forte da imagem da administração dele – o da eficiência.”

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