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Eleições 2006. Tucanos, Fernando Henrique à frente, já fazem inventário da derrota eleitoral

Faltam ainda três semanas, pouco menos, para o pleito presidencial. As pesquisas induzem qualquer analista minimamente independente a perceber que, salvo uma catástrofe de proporções tsunâmicas, o pleito está decidido em favor do candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, não bastasse a opinião isenta dos profissionais, agora os próprios envolvidos no episódio tratam de tentar explicá-lo. É o caso específico do presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República em dois mandatos consecutivos, Fernando Henrique Cardoso.

FH escreveu uma “carta aos brasileiros”. Mas, pelo local escolhido para tornada pública, mais parece uma “carta aos tucanos”. Foi publicada, neste feriado de 7 de setembro, na página do PSDB na inernet. E, ao mesmo tempo em que louva (tardiamente) o nome de Geraldo Alckmin (a quem apoiou apenas de mentirinha e, quando falou, só disse bobagem – aliás, que não precisaria falar, dada a sua condição de ex-presidente), faz comparações do tucano com Lula.

É quase uma confissão da derrota. Tanto que faz um inventário dos erros cometidos pelos tucanos, na opinião de FH. E de como deveria ter se comportado o partido em alguns momentos específicos. Enfim, a impressão é que quer mesmo acabar de uma vez com o suplício atual e tratar do futuro – do qual ele obviamente quer ser protagonista.

Quem sabe você lê o que FH escreveu? Hein? E tira tua própria conclusão:

”FHC: sobra moral a Alckmin e falta a Lula
CARTA AOS ELEITORES DO PSDB

Brasília (7 de setembro) – Atravessamos um momento paradoxal: de aparente desconexão entre o que é o sentimento da opinião pública e o discurso eleitoral rotineiro; de tanta desfaçatez dos que ocupam o poder e de tanta informação sobre a corrupção e os desmandos de quem deveria dar as pautas de comportamento pensando mais na Nação que em seus umbigos e nada mais faz do que se jactar de grandezas inexistentes. Diante disso, resolvi me dirigir aos militantes, simpatizantes e eleitores do meu partido, e mesmo às pessoas de boa fé que olham a política com atenção, embora sem se envolver na vida partidária, para expor com franqueza algumas questões que me parecem essenciais para que o PSDB possa continuar a contribuir para uma mudança de mentalidades e de práticas no Brasil.

Para que não pairem dúvidas: é do Presidente e de seu partido (ou deveria dizer ex-partido?) que falo acima, pois são eles, inquestionavelmente, os responsáveis por deixar que os piores setores da política ocupem a cena principal, expondo o país às misérias a que todos assistimos indignados. E mais indignados ficamos quando vemos o Presidente e seus arautos passarem a mão na cabeça dos que “erraram” (como se eles próprios não fossem os culpados) com a desculpa de que “todos são iguais” ou, então, em versão mais sofisticada da mesma falta de vergonha, dizerem que “a culpa é do sistema”.

Comecemos por aí. Há muita confusão no ar no trato das questões morais. Moral se refere a condutas individuais. Uma coisa é a discussão filosófica sobre a ética, os fins últimos ou o que seja. Outra é a responsabilidade moral: quem transgride as leis, os costumes, as práticas aceitas em uma comunidade, pode fazê-lo em nome do que seja, de um partido, um ideal, uma paixão. Responderá pela transgressão perante a comunidade e estará sujeito às penalidades do caso.

Pagar mensalão é crime e como crime deve ser tratado. Pagar mensalão para deputados, comprar seus votos, não é igual sequer a outra transgressão, a de não declarar dinheiro obtido para a campanha eleitoral, o “caixa dois”. A razão é simples: no caso do caixa dois, a fonte do dinheiro usado geralmente é privada, embora nem sempre o seja, e o objetivo é ajudar algum candidato individual em sua eleição. O candidato e seus financiadores devem responder por essa ilicitude eleitoral. No caso do mensalão a fonte foi pública; é roubo do dinheiro do povo, ainda que empréstimos fictícios de bancos privados tenham sido usados para encobrir esse fato. Os arrecadadores obedeciam a diretrizes de um partido, com a cumplicidade de partes da administração. A prática deu-se sob o olhar benevolente de ministros e mesmo com a cumplicidade de alguns deles (refiro-me à acusação do Procurador Geral da República). O próprio Presidente, que é responsável pelos ministros, não tendo atuado para demiti-los nem depois do fato sabido, é passível de crime de responsabilidade. E, mais do que simplesmente corromper pessoas, corrompeu-se uma instituição, o Congresso Nacional.

Isso não quer dizer que o sistema eleitoral vigente seja bom ou que não precise ser mudado. Entretanto, apenas culpar “o sistema” e escapar da responsabilidade pessoal é um sofisma que nada tem a ver com comportamento moral. São as pessoas, cada uma de acordo com sua participação no delito e de acordo com a gravidade de sua atuação individual, que devem responder pelas…”


SE DESEJAR ler a íntegra da carta de Fernando Henrique, pode fazê-lo acessando a página do PSDB na internet, no endereço www.psdb.org.br.

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