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Ah, delícias do Poder. Tucanos correm risco de virarem PMDB. Já este se recoloca no cenário

O correto deputado do PSDB do Paraná, Gustavo Fruet, noticiou-se nesta terça-feira, será o candidato à Presidência da Câmara dos Deputados pela chamada “terceira via” , um conglomerado de deputados que se colocam (não dizem, mas é o que me passam) como o supra-sumo da goiabada. Ou, como se falava até pouco tempo, “a última bolachinha do pacote”. Ainda que tenham, entre seus líderes, um acusado (é inocente, até prova em contrário, mas…) de desvio de verbas públicas ao tempo do governo Fernando Henrique. No caso, Raul Jungmann, parlamentar e ex-ministro da Reforma Agrária.

Mas, retomando o PSDB. Fruet diz que concorre, desde que chancelado por seu partido. Aí é que a porca torce o rabo. Os tucanos, em consulta telefônica muito contestada, teriam já se decidido por apoiar o petista Arlindo Chinaglia. Mas a chiadeira foi tão grande que uma reunião foi marcada para a próxima terça. E é nesse colóquio que o deputado paranaense quer ver se tem apoio interno. Não tendo, cai fora. A tendência, e olha que escrevo correndo todos os riscos, é que não tenha. Ou, quem sabe, o PSDB seja PSDB e fique em cima do muro. O que vai dar na mesma.

E que quorum terá essa reunião? Se for o mesmo desta terça-feira, da “terceira via”, ou “grupo dos 30”, outra denominação pela qual são identificados as “reservas morais” do Parlamento, Chinaglia e/ou Aldo Rebelo, podem dormir tranqüilos. Afinal, nos vários noticiários que li, o número de participantes do encontro variou dos nove aos 12 deputados, não mais que isso. Quer dizer, os “30” talvez não cheguem, afinal à três dezenas.

E aí? O que pode restar deste enrosco todo? Hein? Uma coisa é certa: por mais incrível que pareça, o PT e o PMDB estão juntos, no governo e na disputa da Câmara dos Deputados. E os peemedebistas, não é incrível, voltam a ser protagonistas dos grandões nos destinos estratégicos da política pátria. Ao contrário dos tucanos, que correm o seríssimo risco de virar PMDB – aquele, dos múltiplos (e nenhum) lados. Quem trata disso, especialmente do crescimento do peemedebismo como ator fundamental na vida política do país é o comentarista Franklin Martins, na sua página na internet. Confira:

”Atenção, atenção: o PMDB está de volta

A essa altura do campeonato, tudo indica que Arlindo Chinaglia será eleito presidente da Câmara. Com os apoios do PT, do PMDB, de pelo menos metade do PSDB, do PP, do PL, do PP e de outros partidos menores, dificilmente será derrotado por Aldo Rebelo. É evidente que haverá defecções em todos esse partidos, mas é pouco provável que elas abram uma cratera capaz de sugar o favoritismo do petista.

A disputa pela presidência da Câmara, porém, revela fenômenos e tem conseqüências que não se limitam ao episódio. Ontem, referi-me à dúvida das oposições e, em particular, dos tucanos. Que caminho tomar daqui para frente? Acompanhar o núcleo duro do eleitorado de Alckmin, que não aceita qualquer gesto de distensão em relação ao governo e, com isso, na prática, abster-se de estender pontes na direção de 61% dos eleitores, que votaram em Lula? Ou apostar na criação de um novo ambiente político, mais civilizado e menos radicalizado, que lhes permita falar para a maioria da população e ampliar apoios, correndo o risco, porém, de perder adeptos entre o pessoal do pau puro?

O cálculo de longo prazo recomendaria investir na segunda alternativa, mas trocar o pneu com o ônibus em movimento não é uma tarefa fácil. Os passageiros já embarcados, é claro, costumam reclamar do desconforto, especialmente os passageiros da primeira classe, que têm o nariz em pé e se acham os donos do mundo. Basta ver a reação de alguns políticos, intelectuais e articulistas à decisão da bancada do PSDB de respeitar o princípio da proporcionalidade. Foi uma reação tão furiosa que lembrou o comportamento das torcidas de certos clubes que, quando a equipe vai mal, começam gritando “raça”, logo passam para os xingamentos de “mercenários” e, em três tempos, ameaçam queimar as bandeiras do clube. Em geral, fazer um diagnóstico equilibrado da situação e reforçar o time funciona mais do que atear fogo às vestes. Mas torcida é assim mesmo. Sem paixão, não é torcida.

Mas é importante atentar também para o significado e as conseqüências do confronto dentro da base governista. Se Chinaglia vencer, o fator decisivo para a vitória terá sido a aliança fechada com o PMDB. No início da disputa, parecia que Aldo ia levar a melhor. O deputado do PCdoB apostou que seria o escolhido por contar com a simpatia difusa (mas real) de Lula e por oferecer à Câmara, inclusive à oposição, uma alternativa governista, mas não petista. Enquanto o PT chiou sozinho, ficou por isso mesmo – e a candidatura de Aldo cresceu. Mas ele cometeu o erro de aliar-se explicitamente ao PFL antes de seu nome ter se afirmado de maneira irreversível dentro da base governista.

Essa derrapada deu discurso ao PT, mas, principalmente, deu um tremendo susto no PMDB. Se o PFL não quer ver o PT na presidência da Câmara, o PMDB fica de cabelos em pé diante da mais leve hipótese dos pefelistas, nos bastidores, darem as cartas no parlamento. Resultado:…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo de Franklin Martins, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://www.franklinmartins.com.br/post.php?titulo=atencao-atencao-o-pmdb-esta-de-volta.

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