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Fabiano e Pimenta não terão vida fácil

Definidas as nominatas de candidatos a deputado, pelo PT, neste sábado, já é possível fazer uma avaliação, ainda que simplória, talvez apressada, do que espera os atuais parlamentares petistas que têm sua base principal em Santa Maria. Ele – Paulo Pimenta e Fabiano Pereira – têm, sim, muitas chances de se reeleger. E, claro, isso faria muito bem a ambos e à cidade, que manteria representantes em Porto Alegre e em Brasília.

No entanto, ainda que não possam (nem devam) dizer isso publicamente, os dois sabem que a sua luta será muito mais complicada do que em 2002. À época, Pimenta tentava sair da Assembléia Legislativa (com uma passagem de dois anos como vice-prefeito de Santa Maria) para a Câmara dos Deputados. E Fabiano pretendia saltar direto da Câmara de Vereadores para o Palácio Farroupilha. E contavam com um puxador de votos que ninguém mais teve: Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, Pimenta menos, Fabiano mais, muito mais, suaram bastante para conquistar as suas vagas.

Não custa relembrar – Vamos resumir o que fizeram os dois parlamentares santa-marienses, há quatro anos.

Paulo Pimenta foi o segundo mais votado de uma bancada de oito deputados federais do PT, no Estado. Fez exatos 128.495 votos, dos quais 20.804 obtidos em Santa Maria, onde foi o segundo mais votado (Cezar Schirmer fez quase 22 mil). O partido chegou, no Rio Grande do Sul inteiro, a 1.452.497 votos (147 mil deles na legenda).

Fabiano Pereira foi o 13º mais votado de uma bancada de 13 parlamentares estaduais eleitos pelo PT, com 26.285 votos. Deles, 16.692 eram de santa-marienses. Aqui, também chegou em segundo lugar, mas muuuito longe do primeiro, o pepista José Farret, que fez mais de 38 mil votos. Como costuma se dizer, em algumas aldeias, Fabiano se elegeu ali, ali – 161 votos além dos conquistados pela primeira suplente, a pelotense Miriam Marroni. Para a Assembléia, o PT fez, no Estado, 1.326.796 votos (187 na legenda).

Havia, tanto para um quanto para outro, alguns complicadores que, de resto, não existem hoje: concorrem solitos, como nomes oficiais do PT na cidade. Diferente de quatro anos atrás, quando Pimenta tinha a acossá-lo o então deputado Marcos Rolim (que fez mais de 7 mil votos, aqui), e Fabiano tinha a concorrência de Renan Kurtz (que obteve mais de 11 mil apoios em Santa Maria).

As dificuldades de hoje – Podem existir outras, mas há duas, pelo menos, que complicam bastante a vida dos deputados petistas. A principal delas, loooonge das demais, é, por incrível que pareça, a sigla. 11 entre dez analistas apostam que o PT fará menos votos no Rio Grande do Sul agora, do que em 2002. Foi a agremiação que obteve mais sufrágios, então, para a Câmara (17%) e Assembléia (14%). O desgaste do poder, no entanto (e todas as decorrências que você, leitor, já conhece, advindas de Brasília), fará com que, pelo menos no Estado Gaúcho, ocorra uma inevitável redução.

Isso, objetivamente, tem um significado prático lógico: será menor a bancada de deputados do partido, tanto na Câmara quanto na Assembléia. Esse fator afeta menos a Pimenta (foi o 2º de 8) do que a Fabiano (13º de 13), mas nenhum dos dois deixará de receber a influência da corrosão de popularidade dos deputados de uma forma geral.

A segunda razão a representar um obstáculo para a dupla é o significativo aumento de qualidade dos candidatos concorrentes internamente. Pimenta, por exemplo, terá Emília Fernandes nos seus calcanhares, na fronteira oeste. E um candidato que, diz-se, sai eleito da sua cidade: Pepe Vargas, que deixará a bairrista Caxias do Sul com uma frota de caminhões lotada de votos suficientes para mandá-lo direto para Brasília.

E Fabiano, além de Miriam Marroni, terá outros concorrentes fortíssimos chegando – inclusive atuais vereadores Porto Alegre, que já têm uma base interessantíssima. Sem falar que, no que toca a Santa Maria, se não haverá Renan Kurtz a “incomodá-lo”, desta vez não terá o que teve em 2002: o apoio ostensivo do prefeito Valdeci Oliveira. Este, embora não vá dizer à opinião pública, agora orientará os seguidores internos (e eles são bem significativos) a apoiar Adão Villaverde, em maior grau, e Ivar Pavan, em segundo plano. Isso conta, ah, conta, contra o atual deputado.

As diferenças a favor – Enfim, se é verdade que as dificuldades serão poderosas, não se pode desconhecer, também, o que há de melhor para os dois petistas santa-marienses que buscam a reeleição.

No caso de Fabiano Pereira, uma mudança óbvia: estendeu sua base territorial para todo o Rio Grande do Sul, fruto de seu trabalho – e contatos – como integrante da Assembléia Legislativa. A presidência de comissões importantes, como a de Direitos Humanos, e agora a vice-presidência da Casa, permitiram-lhe edificar pontes políticas em todo o Estado. E isso pode fazer a diferença, agora.

O apoio a candidatos, vitoriosos ou não, a vereador e prefeito em mais de uma centena de municípios, em 2004, será cobrado. E, este jornalista ousa afirmar, significará uma ampliação significativa no número de votos totais. Se o desempenho será suficiente, ou não, é impossível afirmar. E este é o grande dilema que cerca a candidatura de Fabiano à reeleição.

Já Paulo Pimenta, embora, se pudesse, esqueceria que um dia desceu à garagem do Congresso para pegar uma carona com Marcos Valério, também não pode se queixar de um fato: sua área também se expandiu. E, de longe, conta com uma das mais bem azeitadas estruturas de campanha entre os petistas gaúchos. Possui representantes pessoais em todas as grandes cidades, especialmente naquelas que são pólo regional. E está encravado nelas há mais de um ano – esperando a colheita deste 2006.

Estima-se que não faça os quase 130 mil votos de quatro anos atrás. Mas fará muitos – inclusive porque ganhou o suporte político advindo do agronegócio, especialmente na região da Produção, o que não tinha em 2002. Só não se sabe, também, se os milhares de sufrágios que conquistará serão suficientes. Mas é perfeitamente possível que se mantenha em Brasília por mais uma temporada.

Por fim, nessa análise apressada, quem sabe simplória, como afirmei lá no parágrafo inicial, é possível perceber o grau de luta que está à espera da dupla petista. Mas que, obviamente, não a inviabiliza. Concorre. E bem. O resultado? Só na noite de 1º de outubro, madrugada do dia seguinte.

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