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Operação Rodin (26). Nos bastidores políticos, há quem perceba um clima de verdadeiro terror

É natural (será?) que a mídia grandona (e, no caso presente, especialmente a que se acha) atue com cuidados redobrados na cobertura do escândalo que envolve o Detran e a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec). São grandes as amarras enfrentadas por jornais e televisões, sobretudo. Isso vale para o Rio Grande do Sul como um todo e Santa Maria de forma particular.

 

Não é por acaso, assim, que seja na internet que você encontra, não raro, as informações mais desabridas sobre os efeitos da Operação Rodin. E as análises também menos comprometidas. Ou, cá entre nós, em alguns casos, bastante comprometidas. Mas facilmente identificáveis.

 

Sem falar na agilidade. Aqui mesmo, modéstia a parte, você encontrou, antes de qualquer outro lugar, a informação acerca da prorrogação da prisão temporária de oito detidos (agora seis, pois dois foram liberados entre o sábado e domingo, como você pode conferir na nota imediatamente anterior, sobre o escândalo). Foi no final da noite de sexta-feira. E só aqui  foi possível informar com rapidez – os jornais só o fizeram nas suas edições dominicais.

 

Mas há uma outra questão que é tratada com muito mais abrangência através dos sites de opinião. É a decorrência política do episódio. E não faltam ilações a respeito. Eu próprio tenho as minhas, que tratarei em nota específica, talvez ainda hoje. Mas, por enquanto, fiquem com o que escreve VideVersus, página editada por Vitor Vieira e que tem uma newsletter enviada a cerca de 100 mil pessoas. Não é pouco. Aliás, é pouco menos, por exemplo, que a tiragem diária de um jornal como Zero Hora. Confira o que ele publica hoje. É pra lá de interessante. E lá embaixo um comentariozinho claudemiriano. A seguir:

 

“Terror domina cenário político com as investigações da Polícia Federal

O cenário político do Rio Grande do Sul está vivendo um clima de estupor e de pânico com os resultados da Operação Rodin e dos inquéritos que se desdobrarão dela a partir de agora.

 

Na semana passada, a Operação Rodin, que investiga fraude de mais de 40 milhões de reais no Detran, com o concurso das fundações privadas que utilizam o nome da Universidade Federal de Santa Maria (Fatec e Fucae), determinou a prisão de personagens que integram o primeiro escalão de um dos mais poderosos partidos do Rio Grande do Sul nas últimas duas décadas e meia: Flavio Vaz Neto, procurador de Estado, presidente do Detran; Carlos Ubiratan dos Santos (o Bira Vermelho), diretor administrativo do Trensurb (trem de superfície da região metropolitana de Porto Alegre, estatal pertencente à União), ex-presidente do Detran; e Antonio Dorneu Maciel, diretor administrativo da CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica (ele era tesoureiro geral do PP no Estado e eminência parda que dominou os bastidores do partido e da política gaúcha durante 25 anos, com atuação intensa na Assembléia Legislativa, onde era tido como um deputado sem mandato).

 

Por causa da Operação Rodin, o sentimento geral na Assembléia Legislativa, na sexta-feira, era de que, se o pacote de aumento de imposto da governadora Yeda Crusius for votado na quarta-feira desta semana, estará fadado à derrota. A governadora se deu conta disso e abriu negociações que devem ser realizadas na manhã desta segunda-feira, na Assembléia, por seu secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Junior. Mas, Yeda Crusius continua insistindo na votação para quarta-feira.

 

A Operação Rodin também causou calafrios em mais três partidos: o PSDB, de Lair Ferst (empresário preso, junto com uma irmã, um irmão e um cunhado, donos de empresas interligadas que eram subcontratadas da Fatec e se regalavam com os contratos superfaturados irrigados pelo Detran), figura liga ao financiamento da campanha eleitoral da governadora Yeda Crusius e à compra da mansão do empresário Eduardo Laranja da Fonseca, dono da Self Engenharia, em novembro do ano passado.

 

Outra das figuras implicadas no esquema é Luiz Paulo Germano. Trata-se do advogado e irmão caçula do deputado federal José Otávio Germano, chefe político e amigo pessoal dos personagens  envolvidos no esquema de fraude no Detran. Luiz Paulo Germano (apelido “Buti”) é sócio do escritório Carlos Rosa Advogados Associados. Há cerca de um mês houve uma balada festa de casamento de Luis Paulo Germano, que foi morar em uma majestosa casa no luxuoso condomínio Terraville, na zona sul da capital gaúcha. O escritório é uma das empresas subcontratadas no esquema de fraude do Detran. O titular do escritório, Carlos Dahlem Rosa, é um funcionário da CEEE onde quase não aparecia. Por causa disso foi, inicialmente, cedido no gabinete do diretor administrativo Antonio Dorneu Maciel (um dos presos da Operação Rodin). Depois, para ficar ainda com mais liberdade de movimentos, foi cedido para o gabinete parlamentar do deputado federal José Otávio Germano, irmão de seu sócio de escritório.

 

Poucos dias antes de sua prisão, outro dos presos da Operação Rodin, Carlos Ubiratan dos Santos (o “Bira Vermelho” do PP gaúcho), ex-presidente do Detran (quando começaram as fraudes), realizou uma festa de primeira naipe, à qual compareceram figuras do primeiríssimo grau da política e dos negócios no Rio Grande do Sul, para a inauguração de seu fabuloso apartamento de cobertura na Avenida Dom Pedro II, em Porto Alegre, que tem uma quadra de futebol soçaite, com grama verdadeira e goleiras, no terraço.

 

Por conta de tudo que descobriu no curso da Operação Rodin, a Polícia Federal deverá abrir no mínimo uma dezena de inquéritos concorrentes, para apurar fatos novos. Por exemplo: a Polícia Federal recebeu a informação de que a aposentadoria de Carlos Ubiratan dos Santos (o Bira Vermelho) na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul tem problemas, uma vez que ele declarou ter tempo de trabalho como agricultor quando jovem. Ocorre que Bira Vermelho sempre foi personagem urbano, filho de um delegado da Polícia Civil. O mais próximo que ele conhece de agricultura é sobre a grama do campo de futebol soçaite. Toda esta situação terá…”

 

COMENTARIOZINHO CLAUDEMIRIANO: ainda estamos longe de ser um VideVersus mas, modéstia às favas, em Santa Maria esta é a única página de internet que trata desse assunto sem qualquer tipo de interferência. Legítima ou nem tanto.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem analítica de Vitor Vieira, com o título “Terror domina cenário político com as investigações da Polícia Federal”.

 

 

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