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Cadê a memória?! Maílson e Bresser foram ministros da inflação alta. E agora viraram oráculos

Você tem idéia do quanto cobram para uma palestra os economistas Maílson da Nóbrega e Luiz Carlos Bresser Pereira? Não sei também. Mas garanto que não baixa a casa dos cinco dígitos. Ok, ok, ok. Cada um cobra o que acha que merece. E como tem quem pague, fica tudo lindo. Inclusive por um detalhe importante: a falta de memória dos que, digamos, “otariamente”, se dispõem a escutar o que eles dizem.

 

Agora, mesmo, ambos devem estar com a agenda lotada. Afinal, a mídia grandona se encarrega de ouvi-los a toda hora sobre qualquer assunto da conjuntura. Não é problema. A questão toda é que, como ocupantes de relevantes cargos públicos, os dois foram simplesmente um desastre.

 

Outro dia, ouvi Maílson da Nóbrega falar que a inflação é um perigo, e precisa ser combatida com vigor, defendendo inclusive o aumento ainda maior dos juros. Uau! Você sabe qual a inflação atual? Em torno de 4,5%. E qual a preocupação? Que chegue aos 5%, quem sabe 5,5%. Atenção: ao ano.

 

Agora, pergunto, você sabe quem era o ministro da Fazenda em fevereiro de 1990? Respondo: Maílson da Nóbrega. E, só por curiosidade, lembra qual a inflação daquele mês? Respondo de novo: 89%. Atenção: ao mês. Pois é… é booom esse Maílson. Administra uma inflação de 89% ao mês e dá palpite sobre uma inflação de 5% ao ano. E tem quem o escute.

 

Já o Bresser… Bem, o Bresser foi ministro da área econômica de, entre outros, José Sarney. Foi um dos formuladores de inúmeros planos econômicos. Um deles até levou o próprio nome do agora oráculo. Todos furados. Ou a maioria deles, para ser brando, de efeito curtíssimo. Pois agora não é que, quando o País alcança um crescimento de mais de 5% ao ano, ele advoga que poderíamos passar de 10%. E ele, o que fez, quando estava no poder? Geeente. Não é questão ideológica, são números. Ele poderia pelo menos argumentar politicamente. Não, opta pela questão numérica. Chega a ser engraçado. Ah, e também ele é ouvido em concorridas palestras devidamente pagas.

 

A propósito, confira reportagem (em que Bresser Pereira é o entrevistado), publicada no jornal O Estado de São Paulo. E depois tire você as conclusões que entender adequadas. A seguir:

 

”Expansão de 5% é modesta. Poderíamos estar crescendo 10%”

Luiz Carlos Bresser-Pereira: ex-ministro da Fazenda; para ele, País só ampliará potencial de crescimento se mudar a política econômica, o que implica desvalorização do real

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre não anima o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. “O crescimento de 5% é modesto, se levarmos em conta o potencial do País, dadas nossas condições naturais.”

Os dados do PIB mostram que o País passou bem pela crise das hipotecas americanas (subprime). Quais os desafios daqui para frente?

A crise bancária americana não teve ainda efeitos econômicos no resto do mundo, mesmo nos Estados Unidos. Por ora, não se pode falar em recessão no país. As análises que afirmaram que o Brasil reduziria o crescimento por causa da crise americana mostraram-se, portanto, equivocadas. O desafio fundamental é o do câmbio. Esse crescimento de 5%, que espero para o ano inteiro, é modesto, se levarmos em conta o potencial do País, dadas as nossas condições naturais. Poderíamos estar crescendo a 10%. Mesmo essa expansão de 5% não é garantida porque esse câmbio não é sustentável. O déficit em conta corrente esperado para o ano que vem já está na casa de US$ 60 bilhões, o que é um escândalo. Isso significa que ainda não alcançamos o equilíbrio intertemporal de nossas contas, apesar da situação favorável da economia global.

Como aproveitar essa situação?

A única forma é mudar a estratégia macroeconômica. Temos de aprofundar o ajuste fiscal, baixar a taxa de juros, em vez de aumentar – embora eu entenda que o Banco Central esteja elevando o juro para conter a demanda -, e criar, provisoriamente, controle de entrada de capitais. Com isso, e aceitando que a inflação suba um pouquinho em decorrência da desvalorização cambial, é possível levar a taxa de câmbio para R$ 2,50. Nesse nível, o País poderia crescer a taxas altíssimas…”


SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem “”Expansão de 5% é modesta. Poderíamos estar crescendo 10%”, de Leandro Modé, n’O Estado de São Paulo.

12/6/2008

 

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