Caso dantesco. PF divulga trechos da reunião que afastou o delegado. Acredite quem quiser
Por determinação do Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal trechos da reunião na qual o delegado Protógenes Queirós teria pedido afastamento da Operação Satiagraha. Atenção: são treeeechos, não a íntegra. Acredite quem quiser nessa versão açucarada do encontro entre o policial e seus chefes.
Quanto a este (nem sempre) humilde repórter prefere acreditar em outras coisas. A começar por (mais) excepcional reportagem assinada por Bob Fernandes, do Terra Magazine. É, loooonge, o que melhor vem cobrindo o assunto, que levou (por menos de dois dias, mas enfim…) ao xilindró, entre outros, o superescroque Daniel Dantas, o megadoleiro Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
A propósito, é Fernandes também quem melhor tem explorado, jornalisticamente falando, o racha da Polícia Federal, dividida por completo. Confira, a propósito, o texto que segue, publicado no TM, alojado no portal Terra. A seguir:
Insultos, humilhação, ameaças: o racha na PF
Os intestinos do Brasil.
O relato a seguir começa pelo antes para só depois chegar ao depois.
A inversão é necessária para que se entenda melhor a batalha que engolfa e divide a Polícia Federal e que se desdobrou em incidentes antes, durante e depois da operação que levou Daniel Dantas & Cia ao entra-e-sai na cadeia.
Graves incidentes.
Para relatá-los, os incidentes de antes, do durante e do depois, Terra Magazine ouviu, durante uma semana, envolvidos de parte a parte.
Além do que acompanhou, e conhece, já há anos.
Segunda-feira, 7 de julho. Véspera da Satiagraha.
Como representante da Divisão de Combate ao Crime Organizado, e do diretor geral, Luiz Fernando Corrêa, o delegado Paulo Tarso Teixeira está na capital paulista.
Meio da tarde. Tarso e o superintendente da PF em São Paulo, Leandro Daiello, querem saber dos detalhes da Operação; nomes dos que seriam presos, onde se dariam as buscas… Ter acesso à decisão judicial.
Troca de telefonemas duros até que é dada a ordem. Protógenes Queiroz deve seguir para a Superintendência, onde chega à noite.
Reunião. Queiroz, acompanhado por três dos seus. Paulo Tarso e Daiello querem acesso à decisão do juiz Fausto De Sanctis. Protógenes nega.
Argumento. Se houver vazamento, alguém naquela sala terá que ser responsabilizado, e preso. Um inquérito junto ao Ministério Público sobre vazamentos na operação, já “rico”, ganharia um novo extraordinário capítulo.
À frase, dois delegados ligados a Protógenes se levantam e deixam a sala.
O superintendente Daiello e o delegado Paulo Tarso insistem. Querem uma cópia da decisão judicial.
Protógenes se recusa. Argumenta com o sigilo, diz que poderá dar ciência de alguns dados uma hora antes do início da operação, não antes.
O delegado teme o prontuário, a vida pregressa, a capivara da operação.
Um, dois… vários delegados a deixaram pelo caminho. Outros…
Protógenes Queiroz teme o vazamento. Receia que as informações cheguem a Daniel Dantas e os seus, como chegaram a 26 de abril, quando a Folha de S.Paulo anunciou estar a caminho uma operação para prender o banqueiro e outras duas dezenas.
Mais: o delegado tem na memória tudo que cercou os 4 anos de investigações, primeiro na operação Chacal, depois em seus desdobramentos até a Satiagraha, ainda que nela só tenha embarcado há um ano.
Protógenes Queiroz e os seus sabem, até porque tinham Daniel Dantas et caterva sob escuta telefônica e telemática, da capacidade do banqueiro de se infiltrar.
Sabem como, e até mesmo quanto. Este repórter desconhece se sabem quem.
O delegado não cede. Paulo Tarso ameaça. Se fosse ele o Superintendente, a operação não aconteceria em São Paulo.
Quatro da madrugada do dia 8. Protógenes está na sede da superintendência, por ordem dos dois superiores.
Nova determinação: de acordo com normas internas Protógenes Queiroz deve ficar na sede coordenando, não deve sair às ruas para participar da operação.
A equipe o comunica sobre um incidente e Protógenes vai à rua. Volta às 6h15 da manhã. Paulo Tarso explode. Mentiroso. Não cumpre ordens superiores. Tá de sacanagem, e por aí afora…
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem Insultos, humilhação, ameaças: o racha na PF, de Bob Fernandes. E aqui, se desejar ler outros textos do jornalista, no sítio Terra Magazine, do portal Terra.
Leia também a reportagem Saída de delegado do caso Dantas racha Polícia Federal, na Folha Online.
Para arrematar, pode conferir também a notícia PF divulga trechos de reunião que decidiu saída de delegado da Operação Satiagraha, publicada por ZH.Com, com informações do G1, o portal de notícias da Globo.
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