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Grã-finos na cadeia (2). O viés elitista do presidente do Supremo na crítica aos federais

O ministro (e presidente) do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes (na foto de Elza Fiúza, da Agência Brasil), demonstrou contrariedade com a forma como a Polícia Federal cumpriu os mandados de prisão e busca e apreensão – aliás autorizados pela Justiça, da qual ele faz parte, na mais alta corte da Nação.

 

Considerou “espetaculosa” a operação dos federais que, entre outros, prenderam o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o doleiro multimilionário Naji Nahas. A propósito, acompanhe reportagem publicada pela revista especializada Consultor Jurídico. Lá embaixo, o meu comentário. Confira:

 

“Operação espetáculo – Espetacularização de prisões afeta Estado de Direito

 

“Nosso trabalho é dar resultados satisfatórios para e sociedade e para o país, sem aceitar qualquer tipo de intimidação. Fazemos o que é suficiente para que isso seja verdade.” Foi com essa afirmação, do delegado Protógenes Queiroz, que começou a coletiva de imprensa desta terça-feira (8/7) da Polícia Federal e Ministério Público Federal para que jornalistas conhecessem mais detalhes da Operação Satiagraha.

 

Não foi bem isso que entendeu o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, a respeito da operação da PF. Para o presidente do STF, a operação “dificilmente” é compatível com o Estado de Direito. “De novo é um quadro de espetacularização das prisões”, disse Gilmar Mendes, na noite desta terça. O ministro também condenou o uso abusivo de algemas e o exagero nas prisões preventivas.

 

O juiz da 6ª Vara Criminal Federal, Fausto Martin de Sanctis, que autorizou as prisões de 24 pessoas e 56 pedidos de busca e apreensão, informa preventivamente em seu despacho que não se tratava de uma operação “midiática”. A mídia, contudo, estava presente à casa do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, às seis horas da manha, quando ele recebeu à ordem de prisão, ainda de pijama. Pitta foi preso, algemado e conduzido à sede da PF, em São Paulo, para ser interrogado. Entre os 17 mandados de prisão cumpridos, estavam também os do banqueiro Daniel Dantas e do empresário e investidor Naji Nahas.

 

Alvo americano

 

Durante a entrevista coletiva, os condutores da operação – procurador da República Rodrigo de Grandis e delegado da PF Protógenes Queiroz – foram mais discretos quando instados a explicar a inacreditável acusação de que o empresário e investidor Naji Nahas obteve informação privilegiado sobre taxas de juros do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos. Para De Grandis, maiores detalhes não poderiam ser passados à imprensa porque a investigação ainda está em andamento…”

 

 

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: tenho uma incrível curiosidade. Gostaria muito de saber a opinião de uns e outros, o ministro do Supremo incluído, sobre a prisão com o uso de algemas e a presença da mídia, de moradores da periferia de qualquer cidade brasileira. Sejam eles criminosos ou não. Gostaria meeeesmo. Inclusive porque isso acontece todos os dias, seja pela polícia federal ou as estaduais.

 

Em relação especificamente a Gilmar Mendes, sem qualquer outro intuito, exceto o de trazer à luz informações que a mídia grandona (e a que se acha) omite, não é demais dizer que ele foi Advogado Geral da União no período de Fernando Henrique Cardoso. Mais exatamente no início de 2000, quando começava a se consolidar o processo de privatização da telefonia brasileira. E que, segundo consta, teria sido o início de toda a fraude que teria como mentores os”espetaculosamente” presos na terça-feira. Dois anos e meio depois, Mendes se tornaria ministro do Supremo, nomeado por FHC e aprovado pelo Senado.

 

 

SUGESTÃO DE LEITURAconfira aqui a íntegra da reportagem “Espetacularização de prisões afeta Estado de Direito”, de Priscyla Costa e Rodrigo Haidar,na revista Consultor Jurídico.

 

 

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