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Meu encontro com a Covid-19 e sua agressividade – por Roberto Fantinel

“Não se trata de vitimismo. Ao contrário. É um alerta e um pedido às pessoas”

Pensando sobre o que escrever nesse nobre espaço, não tinha como fugir do que estou vivendo: a luta contra a Covid-19. Não se trata de vitimismo. Ao contrário. É um alerta e um pedido às pessoas: se preservem, se cuidem, não se aglomerem; não façam festas clandestinas. Receber o teste de positivo para a Coivid-19 é apenas o começo de dias que podem ser normais para alguns, e de medo e de dor para outros.

No meu caso, achei que seria tranquilo, na medida do possível. No dia 10 de maio testei positivo. Durante seis dias estive bem, assintomático. Tudo corria realmente bem. No dia 17, por precaução, fiz alguns exames que constataram de 20 a 30% de comprometimento dos meus pulmões. Mas seguia bem, apesar disso.

No dia 20, 10 dias após ser diagnosticado, a febre surgiu. A saturação baixou. E meu médico me chamou à emergência do Hospital São Lucas.  Mais exames e nova constatação: 50% de comprometimento dos pulmões. Ainda não era necessário oxigênio e voltei para casa.

Dia 21, acordei razoável. Mas começava a ter medo. O lado psicológico começou a pesar, porque fui piorando ao longo do dia e ia percebendo isso em cada pequena ação dentro de casa. Com receio, ainda no dia 21 volto à emergência hospitalar. Desta vez para ficar. Me despedi daqueles que levaram até lá. E fui ter uma conversa franca com os médicos.

Eles me informaram que eu estava com 75% de comprometimento dos pulmões e um já tinha foco de pneumonia. O acolhimento médico foi importante, assim como a franqueza e transparência. Se tem uma palavra que define essa doença é “traiçoeira”. Não depende do esforço médico, do paciente, da equipe… Todos juntos podemos fazer nosso melhor, mas ser insuficiente. Eu sabia disso. E mais uma vez, o medo bateu muito forte. Achei que poderia não mais sair do hospital.

Rezei. Chorei. Rezei. Lembrei de tudo o que fiz na vida. E, com tranquilidade, disse nas minhas orações que estava com o coração em paz. Só fiz o bem na minha vida. Então, se fosse a hora, teria a certeza de ter feito meu melhor. (Pausa aqui para dizer que essa sensação é boa.)

Aos poucos, tenho me recuperado. Devagar. Calmamente. E quem me conhece sabe que a calma nunca foi uma marca minha. Sempre falo alto, gesticulo, me mexo, falo com todo mundo ao mesmo tempo… Hoje, meus amigos, falar é um esforço enorme. Mandar um áudio por whatsaspp cansa. Levantar da cama cansa. Escrever esse artigo cansa.

Mas não poderia não dividir com vocês essa sensação. O que posso dizer, para finalizar, é que saio de tudo isso com mais vontade de trabalhar. Quero trabalhar pela busca do equilíbrio, da sabedoria, do bom senso. Quero que a gente faça uma política em que a ciência não seja motivo de politização, mas de valorização. Quero que a gente se una para vencer as consequências da pandemia: doença mental, fome, miséria, déficit educacional.

De minha parte, não haverá omissão. De minha parte haverá a busca incansável pela vida e pela saúde. 

(*) Roberto Fantinel é deputado estadual pelo MDB. Oriundo de Dona Francisca, onde foi vereador, é ex-presidente da Juventude do MDB/RS, integrante do Diretório Municipal do MDB/SM e ex-assessor do governo gaúcho, na gestão de José Ivo Sartori. Ele escreve no site, semanalmente, aos sábados.

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2 Comentários

  1. Tragicomico.
    Se o texto começa avisando que não é vitimismo só pode ser isto.
    Segue o habitual: alerta e pedido, ‘não se aglomerem, não façam festas clandestinas’. Como se alguém desse a mínima. Nesta talvez Freud ajudasse, a egotrip de alguns que se acham exemplo. Pecadores pregando a virtude, afinal não pegaram por acaso. Alguma falta de cuidado, falta de preservação, aconteceu. A vitima também tem culpa. E a pergunta fica sem resposta: contaminou quantos?
    Segue o chavão ‘falta de consciencia’, como se a sociedade fosse uma tropilha de sonâmbulos. Pessoas adultas fazem suas escolhas, assumem as consequências e tem que pagar o preço. Não são gado ou tocos de madeira. Pavor de outros megalomaníacos, querendo tutelar o universo e falando ‘se não concorda comigo só pode ter algum defeito, só pode ser inconsciente’.

    1. Que comentário imbecil, dentro de alguns anos a Ciência vai desvendar alguns mistérios dessa doença…um deles certamente de pessoas como minha tia que nunca saiu de casa, nunca se aglomerou, nunca recebeu visita e pegou esse maldito vírus. Obviamente quanto mais contato mais suscetível de pegar, mas existem sim outros exemplos além de minha tia que sempre se cuidou e acabou pegando. Assim como conheço várias pessoas que vivem em festa clandestinas e nunca pegaram, nem transmitiram para parentes. É complicado saber por que algumas pegam e outras não. Por que umas são assintomáticas e outras não.

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