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FEMINISMO. Na Juventude Negra Feminina, mulheres encontram uma forma de redescobrir a sua identidade

Alice Carvalho: “mulheres brancas não precisam ser avisadas de que são brancas, elas não sofrem violência e nem são culturalmente oprimidas por conta de sua cor. Não há a necessidade de um processo de identidade de raça e etnia”

Por AMANDA SOUZA (com foto de Divulgação), Especial para o Site

No movimento feminista negro de Santa Maria, as militantes encontram no coletivo Juventude Negra Feminina um lugar para resistir. O movimento negro sempre foi político, desde sua consolidação, e, na JUNF, as mulheres encontram uma forma de redescobrir sua identidade.

Leituras também fazem parte da articulação do coletivo. Discussão e recomendações de determinados autores e autoras. Para Andressa Teixeira, mestranda em Ciências Sociais, é necessário esse aporte intelectual por conta de uma violência racista muito grande que elas sofrem.

– Vivemos numa sociedade em que a ancestralidade africana não faz parte da cultura, sofremos violência desde nascemos até nossa morte, ela não para, por isso precisamos de construção identitária, representativa – comenta.

Alice Carvalho, acadêmica de psicologia na UFN (Universidade Franciscana), fala sobre a identificação negra. Mulheres brancas não precisam ser avisadas de que são brancas, elas não sofrem violência e nem são culturalmente oprimidas por conta de sua cor. Não há a necessidade de um processo de identidade de raça e etnia.

– Eu precisei disso, precisei que alguém me dissesse que sou negra, passei a nomear esses sofrimentos, e elaborar isso é muito difícil, precisei de acolhimento e foi muito importante – relata Alice.

São espaços seguros, onde há reconhecimento entre as histórias e pensar no fortalecimento da identidade das mulheres negras. Todo o movimento delas é político, de resistência, de ocupar, de falar, de se posicionar, tudo se torna político quando se fala em pessoas negras lutando pelos seus espaços.

– Por isso, precisamos de espaços onde só possamos existir mesmo, conversar sobre confidências e que provavelmente em outros espaços não vamos conseguir, saber que podemos ficar tranquilas já é muito significativo.

– Nos percebemos humanizadas – reforça Andressa – tanto que passamos por essa necessidade de se manter embranquecido, quando os brancos se ofendem quando os chamam de brancos é porque eles nunca foram racializados, eles são naturalmente humanos, se ofendem porque não são racializados e desumanizados como nós somos todo o tempo.

Quando elas se percebem como pessoa negra, leem e buscam referências, se percebem gente, pessoa comum e, em espaços seguros e de mulheres negras, podem simplesmente existir sem precisar resistir e falar todo o tempo sobre o sofrimento do racismo.

O movimento negro é historicamente político na sua organização, quando estudos isso, percebemos que ele é mais político que qualquer outro movimento. Para Andressa, toda a práxis da negritude e seu conceito, no momento que se desloca da teoria pra prática, é um acontecimento universal em todos os países que tiveram a diáspora africana. Um dos fatores mais importantes na construção do Movimento Negro.

A grande população pobre do país é composta por negros, 70% da população carcerária hoje é negra, pessoas negras tem quatro vezes mais chances de serem assassinadas do que brancos. Isso é consequência histórica. Por isso elas precisam de espaços para se sentir pertencentes, é uma violência que elas sofrem e que os brancos não, inclusive, reproduzem e cometem essas violências.

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