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Humor e Psicanálise – por Máucio

É muito chato quando vamos a uma reunião social onde se encontram pessoas de uma profissão só. Um churrasco de farmacêuticos, ou de agrônomos, ou de contabilistas é um tédio. Um jantar só com físicos, com fonoaudiólogos, com fisioterapeutas também. Por isso tenho um grupo de amigos de várias áreas, assim corro menos riscos de freqüentar essas rodas.

Convivo com jornalistas, engenheiros, professores e até advogados. Tenho, deste modo, bate-papos variados e enriqueço meus raciocínios, captando coisas por osmose. Convivo com uma amiga psicanalista e absorvo noções de Freud, Jung e Lacan. Tem uma coisa, porém, que me incomoda nesta relação. Numas três ou quatro oportunidades ela falou que eu deveria fazer análise. Confesso que na primeira vez levei um susto, depois relaxei e gozei. O pior de tudo é que ela faz essa colocação nos momentos mais inoportunos possíveis: na hora do chimarrão, no botequim e até mesmo durante um velório.

Não sou contra os analistas, mas daí a usar nossa proximidade pra fazer sedução profissional acho uma demasia. Seria o mesmo que um cabeleireiro volta e meia me dizer que devo mudar meu penteado, ou um amigo arquiteto, do nada, dizer que preciso construir uma casa nova. Percebem?  Um colega me contou que o analista ficou fascinado com seu quadro clínico, a ponto de fazer de tudo para que não interrompesse as consultas. Parecia que ele vibrava por dentro a cada sessão e não conseguia disfarçar.

Fico a imaginar como seria um churrasco só de psicanalistas. Deve ser uma loucura! Eu não chegaria ao ponto de Aguinaldo Silva, o novelista que há poucos dias, numa entrevista, disse que só faria análise se o analista o pagasse. Isso é, convenhamos, um exagero, mas achar que todas as pessoas têm que fazer análise também é. Certamente minha amiga acredita que se isso ocorresse o mundo melhoraria. Será?

Se a população mundial parasse por 50 minutos e todos os humanos fossem analisados simultaneamente, o que aconteceria na hora seguinte? Claro que é uma hipótese inviável, porque precisaríamos que metade da população fosse psicanalista e metade paciente. Com 50% de analistas o planeta, certamente, já deveria estar bem melhor que hoje. Ou não.

Na última vez que minha amiga pronunciou a frase incômoda, num instinto de autodefesa reagi de pronto: tá bem, eu começo a fazer análise, desde que você comece a fazer cartum.

Estou aguardando nosso próximo contato para ver se minha estratégia surtiu algum efeito. Há três hipóteses: ela volta a falar no assunto como se nada tivesse acontecido; não toca nunca mais na questão ou aparece com rascunhos de charges, cartuns ou caricaturas. To louco pra ver.

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