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O primeiro pastel a gente nunca esquece – por Máucio

Num entardecer, meados dos anos 80, eu e um colega de faculdade descemos a Avenida Rio Branco para tomarmos uma cerveja e comermos um pastel. O Sérgio que convidou para conhecer o lugar, um boteco muito pequeno, tamanho de uma garagem, situado abaixo da Rua Daudt.

Ocupamos uma das três mesinhas existentes e pedimos uma gelada e um pastel, motivo principal da escolha da Pastelaria Nandaia. Quando serviram comecei a rir devido ao tamanho do prato, um palmo e meio. Pensei, não conseguirei devorar tudo isso. Mas que nada, além de grande era uma delícia: sequinho, massa adocicada e recheio fabuloso.

Passaram uns meses e a dona mudou a pastelaria para mais abaixo, esquina da Rio Branco com a Ernesto Beck. Eu, o Sérgio e mais dois amigos ficamos muito entusiasmados com as novas instalações e viramos fregueses quase que diários, naquele tórrido verão de dezembro. A cidade não tem praia, mas tem Nandaia, era nosso refrão. Ficamos muito amigos da proprietária, que tocava o novo projeto cheio de esperança, junto com o irmão.

Nair era uma empreendedora esperta, tratava os novos clientes assíduos com muita atenção e habilidade. Perguntava-nos sobre tudo: cardápio, decoração, cores das paredes, se a cerveja estava gelada, etc. Na verdade ela estava fazendo pesquisa. Sabia que com a nova ambientação estava chamando uma freguesia diferente, mais exigente e com mais dinheiro para consumir seu produto maravilhoso. As características da guloseima eram atípicas mesmo, nada a ver com os pasteizinhos de aniversário e muito menos com os aerados pastéis de rodoviária.

Como a dona morava no segundo andar da pastelaria, nossa turma passou a gozar de alguns privilégios, podíamos chegar a qualquer hora que éramos atendidos. Além disso, tínhamos direito ao sopão da madrugada. Era só tocar a campainha que ela abria exclusivamente pra nós. Realmente era o achado da estação!

A turma entrou num conflito, entretanto. Sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, a cidade descobriria aquela novidade e estragaria nosso pastel. Pensamos em evitar comentários, mas sabíamos não iria adiantar. Em poucos meses a galera toda, que costuma sair, invadiu a área. Além da enorme quantidade de pastéis servidos ali mesmo, o número de pessoas de carro que iam buscar pra comer em casa, também crescia sem parar. Um sucesso!

Não tenho certeza, mas pra mim, aquela inesquecível pastelaria foi que deu origem a todas que existem hoje pela cidade, por sinal, umas até de boa qualidade. Podem me convidar pra ir nalguma delas que eu vou, mas uma coisa lhes confesso, degustarei a iguaria pensando nos tempos da Nandaia.

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2 Comentários

  1. Muito bem lembrado Máucio, meu preferido era o de queijo com palmito. Costumava chama-los de pastéis anairóbicos.
    A Nandaia era muito simpática e atendia muito bem os fregueses.
    Abraço.

  2. Excelente texto, Máucio. Também comi pastel e tomei ceva na saudosa Pastelaria Nandaia. Mas eram outros tempos e a gloriosa Avenida Rio Branco ainda “bombava”. Abraço,
    Gilson Piber

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