EXCLUSIVO (3). Possíveis razões por que a prefeitura prefere não propagandear a arrecadação maior

Vamos deixar absolutamente claro, desde já, para evitar quaisquer outras interpretações: as hipóteses que são levantadas a seguir, sobre as razões que fazem com que a prefeitura não divulgue (esconder, não esconde, afinal basta ler os documentos públicos, um hábito profissional deste repórter, ou ter boas fontes o que, modéstia às favas, também sobra ao editor deste sítio) essa melhoria substancial na arrecadação são fruto do bestunto de Claudemir Pereira.

Que, não é desdouro reconhecer, apresentou as teses a pelo menos duas pessoas (SEM LIGAÇÃO COM GOVERNOS EM GERAL) para não “contaminar” o trabalho. Ah, só para constar: embora não exerça a profissão, o repórter, que coisa, é também técnico em contabilidade e tem certa familiaridade com balanços e balancetes. O suficiente para entender algumas coisas, ao menos.

Dito isto, vamos ao resultado: afinal, por que a administração deixou passar em julgado esses bons números e, mais que isso, chegou a dizer que eles são ruins – na correta suposição de que seria lido por muito poucos e que, quem visse, não entenderia matéria tão técnica? Alinharemos uma série de possibilidades, não necessariamente na ordem de importância.  Confira:

1)      A prefeitura pretende, logo ali, apresentar-se como modelo de gestão financeira, uma vez que os índices melhorarão sensivelmente;

2)      A eventual divulgação em tempo real, mesmo que trazendo os louros exclusivamente para si e “desconhecendo” a entrada de um trocão de R$ 22 milhões por força de ato jurídico do governo anterior, interferiria (ainda mais) negativamente no ânimo dos vereadores da base, que já estão constrangidos por ter que votar favoravelmente à CIP.

3)      Um acordo não escrito, mas possível a cavalheiros, ainda mais que do mesmo partido, entre Corsan e Prefeitura para que nada fosse divulgado, porque poderia prejudicar a imagem da empresa estatal.

4)      Manter o discurso de “cinto apertado” como forma de evitar que dezenas de fornecedores batam à porta da Prefeitura, solicitando o pagamento.

5)      Evitar a retórica da oposição (que, aliás, é bastante fraquinha, mas também tem seus assessores) que poderia lembrar que, só o dinheiro da Corsan (quase R$ 23 milhões) é superior ao total de recursos próprios disponíveis a Valdeci Oliveira em quatro anos de mandato, para investimento.

6)      Impedir que, de repente, alguém se desse conta que, afora negociar a dívida com a AES Sul em condições bem melhores, o trocão que veio a partir da ação judicial impetrada por Valdeci seria suficiente, por exemplo, para terminar o Centro de  Eventos, Renovar o Parque de Máquinas, Construir túneis e duplicações prometidos na campanha eleitoral ou, quem sabe, modernizar toda a administração da Prefeitura.

7)      Não deixar que, por conta desses R$ 23 milhões vindos a partir do governo anterior (que muitos ainda acreditam não ter existido), alguém se dê conta também que há outros recursos importantes e milionários que foram todos acertados antes de 1° de janeiro, como o projeto do Banco Mundial (R$ 60 milhões – ou US$ 23 milhões) e os recursos do PAC (há ainda algo como R$ 100 milhões em caixa, para ser utilizados).

Enfim, são hipóteses, apeeeenas hipóteses. Cada um pense o que quiser. Aqui, no entanto, o que se fez foi somente jornalismo. Independente, nunca é demais realçar.