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O que nos salva – por Liliana de Oliveira

Numa certa noite conversando com uma amiga em uma mesa de bar perguntei a ela o quê ou quem a tinha salvo. Lembro do espanto ou estranhamento da pergunta. Eis que ela me disse: nunca pensei sobre isso. E na sequência me perguntou: e você? Quem te salvou? Respondi prontamente: a Filosofia me salvou!

Mesmo que não nos demos conta ou pensemos sobre isso, sempre somos constituídos por pessoas que passaram por nós e deixaram suas impressões em nós. Muitos desses que passaram, além de deixar suas marcas, nos salvaram.  Somos muitos em um só. Somos as nossas contradições. Somos o resultado das sujeições, das resistências, dos encontros e do modo como resignificamos as vivências e os encontros.

Podemos ser salvos por uma professora que acredita em nós quando nem mesmo nós acreditamos. Salvos pelo olhar de confirmação do pai ou da mãe que confirma o quanto somos amados (*). Salvos por um amigo que nunca desiste da gente, mesmo quando damos todos os motivos para que isso aconteça. Salvos pelos filhos que nos mostram a importância do legado da continuidade mesmo quando não temos mais motivos para continuar. Salvos por Deus, pois sem ele continuaríamos cometendo os mesmos equívocos. Salvos por escritores que nos apresentam uma nova compreensão de mundo. Salvos por músicos que nos mostram a importância da transcendência. Salvos pela Filosofia que desnaturaliza o mundo e mostra que existem infinitas possibilidades de se constituir e de viver. Enfim, há muitos encontros que nos modificam. Há lugares de onde não se volta e a Filosofia é um deles.

A Filosofia é criadora de modos de vida; é operadora de uma mudança de existência. Por meio dela, inventamos novas relações, desejamos um mundo onde as relações sejam possíveis. Novas relações, relações que recusem à imposição, o domínio, a violência. Relações que permitam que os sujeitos se inventem, inventem formas de potencializar a própria vida. Por meio do exercício filosófico podemos libertar o pensamento do que ele pensa silenciosamente, e permitir a ele pensar de modo diverso.

A Filosofia me salvou! E você? Foi salvo por quem?

(*) Isto me fez lembrar o filme  C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor/2005, que mostra uma família salva pela força do afeto. https://www.youtube.com/watch?v=NRYKnQFtWic 

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