JORNAL ASFIXIADO. Vergonha: o escândalo gaúcho que a mídia joga para baixo do tapete
Quem conhece meu trabalho sabe das restrições que faço à ação do sindicato que representa os jornalistas. Não quero nem falar sobre isso, porque me deprime. E nem é o caso. Quando, recentemente, fui atacado de forma vil, a solidariedade (imensa e emocionante) que recebi veio dos leitores e de colegas de trabalho mais próximos ou que me conhecem há mais tempo.
Mas, de todo modo, isso é irrelevante, agora. Só não consigo entender por que não saiu, até agora, nota alguma em defesa de um cara que tem história fantástica de resistência no jornalismo gaúcho. E ele atuava numa época em que muita gente que hoje se considera democrata estava beeem escondidinha.
Me refiro ao drama vivido por Elmar Bones, sócio-majoritário do jornal Já, de Porto Alegre, e profissional da mais reconhecida competência, fundador e tocador do falecido Coojornal, entre outras experiências difíceis e até perigosas (considerando a época) ao tempo do regime autoritário.
Eu próprio, por falta de algumas informações, não tratava do assunto. Mas agora encontrei o “gancho”. Mais que isso, a história toda. Que é contada por Luiz Cláudio Cunha. Para quem não sabe, se trata do cara que, corajosamente, por sua ação, acabou noticiando o seqüestro dos uruguaios em Porto Alegre em plena ditadura militar. Nem sempre concordo com ele (nem com Bones), mas tiro o chapéu.
Você quer saber exatamente do que se trata? E de como a mídia gaúcha esconde a situação, com a conivência, inclusive, das entidades empresariais e de trabalhadores? Leia o artigo dele, com um relato excepcional de toda a situação, e publicado esta semana no sítio especializado Observatório da Imprensa. A seguir:
“Jornal Já – Como calar e intimidar a imprensa
Agosto, mês de cachorro louco, marcou o décimo ano da mais longa e infame ação na Justiça brasileira contra a liberdade de expressão.
É movida pela família do ex-governador Germano Rigotto, 60 anos, agora candidato ao Senado pelo PMDB do Rio Grande do Sul e supostamente alheio ao processo aberto em 2001 por sua mãe, dona Julieta, hoje com 89 anos. A família atacou em duas frentes, indignada com uma reportagem de quatro páginas, publicada em maio daquele ano em um pequeno mensário (tiragem de 5 mil exemplares) de Porto Alegre, o JÁ, que jogava luzes sobre a maior fraude da história gaúcha e repercutia o envolvimento de Lindomar Rigotto, filho de Julieta e irmão de Germano.
Uma ação, cível, cobrava indenização da editora por dano moral. A outra, por injúria, calúnia e difamação, punia o editor do JÁ e autor da reportagem, Elmar Bones da Costa, hoje com 66 anos. O jornalista foi absolvido em todas as instâncias, apesar dos recursos da família Rigotto, e o processo pelo Código Penal foi arquivado. Mas, em 2003, Bones acabou sendo condenado na área cível ao pagamento de uma indenização de R$ 17 mil. Em agosto de 2005 a Justiça determinou a penhora dos bens da empresa. O JÁ ofereceu o seu acervo de livros, cerca de 15 mil exemplares, mas o juiz não aceitou. Em agosto de 2009, sempre agosto, quando a pena ascendera a quase R$ 55 mil, a Justiça nomeou um perito para bloquear 20% da receita bruta de um jornal comunitário quase moribundo, sem anúncios e reduzido a uma redação virtual que um dia teve 22 jornalistas e hoje se resume a dois -– Bones e Patrícia Marini, sua companheira. Cinco meses depois, o perito foi embora com os bolsos vazios, penalizado diante da flagrante indigência financeira da editora.
Até que, na semana passada, no maldito agosto de 2010, a família de Germano Rigotto saboreou mais um giro no inacreditável garrote judicial que asfixia o jornal e seu editor desde o início do Século 21: o juiz Roberto Carvalho Fraga, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre, autorizou o bloqueio online das contas bancárias pessoais de Elmar Bones e seu sócio minoritário, o também jornalista Kenny Braga. Assim, depois do cerco judicial que está matando a editora, a família Rigotto assume o risco deliberado de submeter dois dos jornalistas mais conhecidos do Rio Grande ao vexame da inanição, privados dos recursos essenciais à subsistência de qualquer ser humano…”
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