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Bolsa Família. Classe média (elite?) adora pobres. Desde que, claro, sejam ‘bem comportados’

Sem nenhum comentário, que nem precisa, leia o artigo publicado neste domingo no Correio Braziliense, pelo sociólogo e presidente do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra. E reproduzida por Tales Faria, editor chefe do Jornal do Brasil, no Blog dos Blogs. Ah, gostaria (digo sem inveja) de ter sido eu a escrevê-lo. É exatamente o que penso. Confira:


 

”A política social e quem não gosta dela

Porque será que tanta gente se incomoda com a política social que temos atualmente?

Volta e meia, artigos de prestigiados editores de nossos maiores jornais, junto com manifestações de intelectuais de respeito, vêm se somar às críticas dos partidos de oposição, engrossando o coro de desaprovação que contra ela se dirige. Porque?

O alvo maior é o Bolsa Família, mas o novo programa dos Territórios da Cidadania, logo, logo vai alcançar seu irmão mais velho, dividindo com ele esse primeiro lugar. Mas não são apenas os dois, pois vários outros recebem tratamento parecido.

Uma parte da opinião pública compartilha dessas avaliações, especialmente entre quem está no que se convenciona chamar “classes médias urbanas”, que, de médias, tendem a ter muito pouco. Estão, na verdade, mais perto daquilo que se entende por elite, mesmo que, não necessariamente, sejam pessoas muito ricas. São educadas, lêem jornais, mantêm-se informadas e são contra a política social do governo Lula.

Quem já não ouviu, em ambientes onde pessoas assim conversam, frases de reprovação do Bolsa Família? Tipicamente, os argumentos são que o programa faz uma coisa errada, “dando dinheiro” para os pobres, sem exigir deles uma contrapartida. “É um absurdo!” é a frase que costuma encerrar esses diálogos.

As oposições costumam ter reações surpreendentes. Ora repudiam por completo as ações do governo, ora se batem por sua paternidade. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz isso, como fez esta semana, dizendo, em poucas palavras, que era ele quem tinha inventado o Bolsa Família.

“Formadores de opinião” contra esses programas é o que mais há. Agora mesmo vimos uma peça de Ali Kamel contra o Bolsa Família, acusando o programa por ter permitido aos beneficiários acesso a bens de consumo duráveis, como se quem pudesse comprar mais que arroz e feijão tivesse que ser dele excluído.

O que será que esses programas têm que provocam tanta reação?

Porque nossas elites se opõem, aqui, a algo que aprovam com entusiasmo em outros lugares?

Como saída para a crise americana, criada pela inimaginável incompetência do governo Bush, todos concordam que os EUA precisam de políticas públicas que assegurem um mínimo de consumo a todos, através de programas de transferência de renda para os mais pobres. Ou seja, que a poderosa América precisa de um Bolsa Família.

Nossas elites, porém, acham que devem se opor ao programa, como se o mais correto fosse um tipo de neo-malthusianismo, no qual apenas os “pobres merecedores” teriam direito a um tratamento “benigno” do Estado. Para ter direito a algum “benefício”, os pobres precisariam “se comportar”.”

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras notas publicadas pelo Blog dos Blogs.

 

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