Inglaterra: coragem contra a crise – Carlos Costabeber
A Inglaterra está saindo na frente dos demais países europeus, para enfrentar a maior crise econômica desde da 2ª Guerra. Pude observar de perto a atitude corajosa do Primeiro-Ministro, David Cameron, que conseguiu o apoio do Parlamento para implementar medidas duras e definitivas.
Com isso, foi aprovada a demissão de mais de 500 mil funcionários públicos, redução no efetivo das forças armadas, retirada dos subsídios públicos ao ensino superior, e uma “tesourada” no sistema de seguridade social.
Nessa área, uma das questões mais polêmicas, será a de acabar com a “indústria do desempregado profissional”. Escrevi recentemente que hoje é melhor ser um desempregado na Europa, e viver com o seguro garantido pelo governo, do que buscar trabalho.
Aí, se considerarmos um percentual de desempregados, como de 21% na Espanha e 13% na Inglaterra (o equivalente a 5 milhões de dependentes da assistência social), dá para prever uma quebradeira na seguridade social desses países para muito breve.
Com essa decisão do Governo da Inglaterra, o desempregado que não aceitar uma oferta de trabalho, perderá o seguro por 90 dias; e se recusar uma segunda proposta, perderá essa vantagem em definitivo. Ou, então,terá de trabalhar em atividades comunitárias.
E o interessante é que não existe falta de oportunidades nos países europeus. Só que as novas vagas de emprego acabam sendo preenchidas por imigrantes. Para se ter uma idéia, hoje, 70% das novas oportunidades de emprego na Grã-Bretanha são preenchidas por esses imigrantes.
Pode???
Com o tempo, os europeus foram ficando mal acostumados. Não querem mais fazer serviços rotineiros ou braçais. Por isso, entregaram/entregam essas atividades menos nobres aos milhões de estrangeiros que lá aportaram/aportam.
Pude observar agora, em Portugal, que os políticos de lá ficam só “enrolando” na imprensa, e “empurrando com a barriga” os problemas. Só nesse ano, multiplicaram-se por 5 os juros cobrados para a renovação dos empréstimos públicos junto ao mercado. Já é consenso que as decisões econômicas não estão mais em mãos portuguesas, mas em Bruxelas, onde está sediada a União Européia.
E, para finalizar, a “bola da vez” é a Irlanda, tida até pouco tempo atrás, como o “Tigre Celta”. Só que está quebrada, e vai ter de aceitar as duras imposições da Comunidade Econômica Européia para receber novos e pesados empréstimos – principalmente da Alemanha.
Será um preço muito alto!!!! E Portugal e Espanha serão os próximos!!!!
A Europa vive o pior pesadelo desde a 2ª Guerra; além do medo constante das bombas terroristas.
@PAULO
Contribuindo com a tua sugestão, encaminho os links da entrevista com a Professora Maria da Conceição Tavares. Destaco que o tema PREVIDÊNCIA SOCIAL foi abordado na terceira parte da entrevista:
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=SnWPPvjqEFk&NR=1
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=koqNVN9cf1s&feature=channel
Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=smFaNlBeIus&feature=channel
Com todo o respeito que tenho pelo Carlos, especialmente seu grande pai Cirilio e seus empreendedores irmãos Paulinho e Fernando, discordo frontalmente do elogio ao caminho NEOCONSERVADOR da Inglaterra. Por que é mais do mesmo: a mesma receita neoliberal financista, amarga para o povo e condescendente para com sua monarquia anacrônica. Pobre do povo que precisa de casamentos reais arranjados da alta corte para manter um sentimento de unidade nacional ( o reizinho e a plebéia!). Mas “o sonho acabou” por lá, como bem asseverou John Lennon após tentar em vão mudar os costumes através da música genial dos Beatles.
Bem, voltando ao campo econômico, o que esperar deste novo tatcherismo? Será que temos memória tão fraca e um servilismo tão forte para achar bom tudo que vem do dito primeiro mundo? Não, Carlos, com todo respeito, acho que nós temos mais a ensinar a eles! A marolinha aqui só aconteceu porque Lula não ouviu alarmados economistas e financistas e, com seu instinto maravilhoso (houve um tempo que os empresários saudavam isso como uma característica de grandes líderes! Acho que o seu Cirillo era um homem, fundamentalmente, que acreditava em seus instintos e princípios forjados na vida colonial) fomos na contramão do receituário da Europa e dos EUA! Eles estão atolados em seu “modus vivendi” insustentável, um consumo bem acima do razoável que se sustentou por séculos e décadas a “manu militari” e, depois, cobrando-nos juros extorsivos da dívida externa (“eterna”, como se dizia). Destruiram seus recursos naturais e agora querem dizer o que devemos fazer (temos o que aprender sim, mas não para eles, e sim para nós e o mundo). Este tempo está acabando, não sei se a tempo de salvar o planeta, mas o império está em derrocada! O Brasil tem que continuar a fortalecer os BRICS, porque se dependermos da velha elite mundial, o caminho será mais guerra para arranjar suas economias(fizeram a I, a II, Vietnam, Iraque, etc….e deu no quê???).
Concordo contigo sobre a questão do trabalho e agrego: as novas tecnologias da informação estão levando milhões de pessoas a se apartarem completamente da natureza, da manufatura e do trabalho braçal…esses, juntamente com a extração dos recursos minerais, são os únicos que adicionam riqueza de fato. O resto é transformação. Porém, o que vem depois está sendo considerado “moderno”, “superior”…o restante é considerado coisa de pobre, negro, imigrante! Infelizmente, se acontecer uma crise mundial qualquer (como prenuncia o Painel Intergovernamental sobre Aquecimento Global), meus filhos não saberão plantar alimentos, fazer uma cerca, construir um motor hidráulico caseiro…isso sim me preocupa mesmo! Outra coisa: sobre crise previdenciária, assistam a entrevista de Maria Conceição Tavares na TV Senado: em suma, mais uma falácia!
AS VÍTIMAS BRITÂNICAS DA MODA
Paul Krugman – Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008.
“O plano do governo britânico é ousado, dizem os especialistas –e é. Mas ele segue ousadamente na direção errada. Ele cortará 490 mil vagas de trabalho no setor público – o equivalente a quase 3 milhões de demissões nos Estados Unidos– em um momento em que o setor privado não está em condição de fornecer emprego alternativo. Ele reduzirá os gastos em um momento em que a demanda privada não está pronta para compensá-los.
E por que o governo britânico está fazendo isso? O verdadeiro motivo tem muito a ver com ideologia: os Conservadores estão usando o déficit como desculpa para reduzir o Estado de bem-estar social. Mas o argumento oficial é de que não há alternativa.”
Para ler todo o artigo, segue o link:
http://noticias.uol.com.br/blogs-colunas/colunas-do-new-york-times/paul-krugman/2010/10/22/as-vitimas-britanicas-da-moda.jhtm