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Consumo in: realidade e ficção – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Em sinopse, os Jones formam uma família perfeita, Steve, sua esposa Kate e os filhos Mick e Jenn são bonitos, populares e confiantes (a família americana feliz). Além disto, a casa dos Jones é luxuosa e repleta de aparelhos de ponta. A situação provoca a inveja dos vizinhos. Só que este é exatamente o desejo que os Jones querem causar.

Eles não formam uma família de fato e são, na verdade, funcionários da empresa LifeImage. Os Jones são a mais nova estratégia de marketing da empresa, que resolveu inserir famílias em mercados de luxo, de forma a dar vida aos seus produtos. Ou seja, dar visibilidade de forma que as pessoas que convivam com esta família desejem ter estes produtos.

Se os parágrafos anteriores não fossem o resumo do filme Amor por contrato, bem que poderiam descrever cenas da realidade. Por certo, já não é novidade, percebermos que a sociedade de consumo estabelece padrões. As “vontades” vão se unificando, os desejos são os mesmos, buscam-se os mesmos produtos, queremos os mesmos serviços.

A vontade/necessidade criada aos consumidores pelas investidas publicitárias nos transformam em mercadorias do consumo. Os produtos e serviços passam a nos escolher, e não ao contrário. Passamos a nos definir pela igualdade, somos sujeitos cada vez mais parecidos, não em alma e espírito, mas pela forma que vestimos, pelo aparelho celular que dispomos; ou seja, padronizamos, massificamos o consumo e fomos consumidos enquanto consumidores. 

A oferta, iniciativa dada pelos fornecedores, é o elemento que inicia a relação de consumo, o que disponibiliza o produto/serviço ao consumidor. A questão em pauta é a estratégia de oferta. Embora, a publicidade seja o instrumento de venda mais utilizado, é crescente a utilização de um marketing não muito claro, por vezes, obscuro, velado e oculto aos olhos do consumidor.

Não raramente, estamos sujeitos a publicidades que se utilizam da credibilidade de artistas e personalidades para vender produtos, o que não é novidade. O tema delimitado neste ensaio vai além, tem sim o propósito de questionar, ainda que preliminarmente, a publicidade feita sem caracteres (aparentes) publicitários. Em exemplo, dos blogueiros que postam comentários positivos sobre aquele ou este produto, ou ainda formadores de opiniões que passam a elogiar tal produto, na ideia de estimular o consumo do mesmo. Isso é a nova publicidade, dita oculta, materializada em posts, que induz o consumidor a adquirir a partir de um comentário “despretencioso”, que em verdade é uma mensagem publicitária.     

Tal como o filme que inaugura as primeira linhas deste breve texto, estamos mais próximos da ficção do que se imagina, ou ainda, quem sabe sejamos mais ficção do que realidade. Quem sabe, apropriando-me de frase de Oslon, estamos ocupados em comprar coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para agradar pessoas que não gostamos. Quem sabe?

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

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Um Comentário

  1. Muito boa referência ao filme, que por sinal, também é muito bom, com a Demi Moore. É interessante que fiquemos atentos às publicidades “subliminares”.

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