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REFLEXÃO. Velhos cada vez em número maior. E os dilemas da poupança e da aposentadoria

O texto abaixo, aliás bastante instigante, é da advogada (e mestranda em Docência Universitária pela UTN-Buenos Aires) Venesa Teixeira. Uma interessante reflexão, que merece ser conferida. Acompanhe:

Com que idade você quer envelhecer?

Parece uma pergunta estúpida. Mas, diante das últimas estatísticas, parece estupidez maior pensar que esse assunto não nos diz respeito. A questão não se resume, simplesmente, no fato de que as pessoas não querem planejar o futuro e preferem viver os prazeres do momento. O fato torna-se complexo quando entendemos que, ao pensarmos na velhice como “ponto alto da vida”, estaríamos “encurtando” a própria vida por assim dizer e, dando um status único à chamada terceira idade. Isso nos remeteria à proximidade da morte, que, segundo o filósofo alemão Nietzsche, é a angustia maior do ser humano e que, por sua vez, leva a todos os outros questionamentos existenciais.

Psicanálise a parte, o HSBC, que publicou pesquisas recentes nesse sentido, realizadas em 17 países, e que segundo a revista Época, constatou que, mesmo entre os brasileiros mais ricos, 60% não poupam o suficiente para a aposentadoria. Mesmo nas empresas que oferecem tais planos, a opção não é bem vinda. De acordo com a matéria da revista, o filósofo Eduardo Giannetti, diz que o problema é cultural e remete à “aventura colonial”. Enquanto os imigrantes ingleses desejavam construir uma sociedade sem os vícios da sociedade de origem, os imigrantes portugueses tinham espírito aventureiro e preferiam desfrutar do “paraíso”, talvez como forma de recompensa pela bravura. Outra teoria histórica se deu em razão da colonização, época em que tudo pertencia à Coroa Portuguesa, e, portanto não havia estímulos para acúmulo de patrimônio ou riquezas.

Por outro lado, estatísticas recentes mostram que a população brasileira envelhecerá a passos largos e que não temos previsão financeira ou previdenciária para tal realidade. Quanto à organização privada, o saldo não é diferente, e a situação não é animadora. Há outros problemas no caminho previdenciário dos, hoje, adultos produtivos. De um lado, o apelo midiático pelos objetos de consumo e o estímulo do governo no mesmo sentido,  a fim de incentivar a economia e, de outro, a hesitação do consumidor em  confiar suas economias às  instituições financeiras, que são, no final das contas, privilegiadas pela proteção estatal. Historia a parte, como aprenderemos a economizar, se não temos segurança  para confiar nosso dinheiro a quem quer que seja?

A situação é simples, passamos anos miseráveis, agora queremos nosso lugar ao sol do universo daqueles que podem gastar, de preferência no ritmo dos chineses, ignorando as velhas bicicletas e comprando carros à custa ambiental, sem dó nem piedade. E o futuro a Deus pertence!

Bibliografia:

FERRY, Luc. Aprender a Viver, Filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2007.

Revista Época. Edição n. 712 de janeiro de 2012. Páginas 62 a 65.

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