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Eleições 2006. Dinheiro para a campanha vem de um grupo bem restrito de financiadores

Não deixa de ser curioso. Precisou existir um estudioso americano interessado no assunto, e muito trabalhador, o suficiente para escarafunchar dados oficiais (e disponíveis a todo mundo), para se ficar provado cientificamente o que muitos, se não sabiam, supunham.

É um restrito grupo de empresas que, entra eleição, sai eleição, banca a maior parte da campanha dos principais candidatos à Presidência da República. De novidade, nos últimos dois pleitos, inclusive o atual, é a presença do PT e seu candidato, Lula, na relação de preferidos do grande empresariado.

Ah, o pesquisador é David Samuels, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Minnesota (EUA). O trabalho dele é tema de reportagem assinada por José Casado, da Agência Globo (braço de internet das Organizações Globo), que o jornal Zero Hora reproduz em sua edição dominical. Veja:

”De onde vem o dinheiro da campanha

Um grupo restrito de empresas privadas sustenta as finanças legalizadas – o caixa 1 – de candidatos e partidos políticos brasileiros. O país mantém 5 milhões de empresas registradas, porém menos de 2 mil foram responsáveis por 75% do dinheiro lícito que irrigou as campanhas para a Câmara dos Deputados nas últimas três eleições (1994,1998 e 2002). O fluxo de recursos nas eleições é monopolizado por esse pequeno grupo de empresas – na maioria, fornecedores de bens e serviços ou com atividades sujeitas à regulação do Estado.

Foi o que constatou o pesquisador David Samuels, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Minnesota (EUA). Há mais de uma década ele estuda o mecanismo de financiamento eleitoral brasileiro, a partir das informações oficiais fornecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um resumo de suas pesquisas integra o livro Gasto Público Menor e mais Eficiente (Editora Topbooks, vários autores), que chega em breve às livrarias.

Para Samuels, esse pequeno universo de contribuintes de campanha indica que não são as “idéias” que estão instigando o custeio eleitoral – os recursos é que estão induzindo a postura do candidato eleito. É o contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde o fluxo de recursos tem relação com idéias ou causas políticas dominantes na cena local, como controle de armas e aborto.

– No Brasil, a maior parte do financiamento de campanha tem motivação econômico-financeira, na qual o dinheiro é trocado por futuro serviço governamental. Os financiadores esperam receber, em troca do dinheiro, um serviço específico que só um agente público pode executar – comenta.

Essa postura de parcela expressiva dos contribuintes empresariais foi detectada em pesquisa realizada depois da última eleição geral pela Transparência Brasil, em parceria com o grupo Kroll. Uma em cada quatro empresas participantes informou já ter sido compelida a contribuir com partidos e candidatos. Dessas, 58% declararam o hábito de promover uma negociação prévia, e explícita, para trocas de favores. E mais: 77% confirmaram a percepção de que o financiamento eleitoral é uma forma de garantir privilégios no setor público…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página do jornal na internet, no endereço www.clicrbs.com.br/jornais/zerohora/.

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