Alma farroupilha (II) – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Aos dois dias para vinte de setembro do ano de dois mil e doze, volto a estas linhas para homenagear a data em que comemoramos a revolução farroupilha. Aquela da aurora precursora, da liberdade. Do valor, da ímpia e injusta guerra, do modelo a toda terra.
Somos um povo forte, aguerrido e bravo, que além de livre, investe-se de virtude, no intuito de não ser escravo. Apadrinhado em manto e poncho, amasiado ao amargo, honra a tua bandeira, gaúcho de alma fandangueira.
Ao lombo do tostado leva a vida tropeando sonhos, acalentados ainda naquela ímpia e injusta guerra. Povo de tantas façanhas, peão de estância, nascido no galpão, que desde criança conhece a sua tradição.
E da nossa história, que o poeta não me deixa mentir, faço eco ao eternizado por Berenice Azambuja, e quando alguém perguntava do que ele mais gostava. O velho dizia assim: churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher. É disso que o velho gosta é isso que o velho quer.
Dentre as trovas mais lindas que enaltecem nosso pago pra quem tem alma nos bastos, atrevo-me a parafrasear, acalanta o gaúcho saber que seu povo de tanto gastar sovéus perdeu a conta dos calos, é o mesmo que ajeita os cavalos à serventia dos bastos, trazendo em si as autoras de arrasto.
Aqui já fomos maragatos e chimangos, hoje em paz, abaixo do tapeado, sombreamos nossos sonhos, encilhados ao desejo de não servir de escravo. Habitantes do arreio, senhores do estribo.
Do trovador que enalteço, quem não o conhece, o fiz apresentar, e o velho da Berenice, que se soltou ao pago, tem na prenda um afago, e um piazito quer ter. É a alma em esperança, que lhe traz a confiança do gaúcho farroupilha, que não enfeita cartões postais, mas encilham baguais, tropeando o destino, golpeando um sonho antigo: povo que não tem virtude acaba por ser escravo!
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
@vitorhugoaf
Referência:
BARBOSA, Loresoni da Rosa. In: Pra quem tem alma nos “basto”
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