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Cultura. Um vanguardista, Felippe D’Oliveira homenageado com debate em que não faltou poesia

A edição deste mês do “Cultura na Sedufsm”, evento já tradicional da Seção Sindical dos Docentes da UFSM, fez, mais que debate, uma homenagem à figura do escritor santa-mariense Felippe D’Oliveira. Os detalhes do sarau em torno dele você encontra no material produzido pela assessoria de imprensa da Sedufsm. O texto é de Regina Vogt, com edição e foto de Fritz Nunes. Acompanhe:

 

 

“Sarau literário relembra o vanguardista

santa-mariense, Felippe D’Oliveira

 

O Cultura na SEDUFSM desta segunda, 13, proporcionou momentos de descontração e aprendizado sobre a obra do escritor santa-mariense, Felippe D’Oliveira. O poeta Felipe Daudt Alves de Oliveira nasceu em 1890 e morou na cidade até os 12 anos. Órfão de pai, foi criado pelo tio, João Daudt Filho. Formou-se no curso de Farmácia no ano de 1908, em Porto Alegre. Mais tarde, no Rio de Janeiro, já com o nome que o consagrou, Felippe D’Oliveira, (com a duplicação do “p” e um “D” maiúsculo e com apóstrofe), publicou poesias, crônicas e contos em jornais e nas revistas “Fon-Fon” e “Para Todos”. Em vida, publicou dois livros: Vida Extinta (1911), considerada obra-prima do Simbolismo e Lanterna Verde (1926), composto por 22 poemas, também considerada uma obra-prima, mas do Modernismo. Felippe D’Oliveira morreu aos 42 anos, em um acidente automobilístico na França. Em Santa Maria é lembrado todos os anos pelo Concurso Literário Felippe D’ Oliveira de Contos, Crônicas e Poesia, que viabiliza a projeção de novos escritores.

 

Durante a 34ª edição do projeto cultural promovido pela SEDUFSM, o escritor e professor, Humberto Gabbi Zanatta, que coordenou os trabalhos, falou da longevidade do concurso literário Felippe D’ Oliveira, que completou 30 anos em 2007. “Temos que exaltar a duração deste concurso, que coloca Santa Maria no cenário da literatura brasileira, pois está entre os maiores eventos literários do Brasil”. Zanatta foi vencedor da primeira edição do concurso. Felippe D’Oliveira tem o reconhecimento do crítico literário, Alfredo Bosi, em seu livro a ‘História Concisa da Literatura Brasileira’, como o representante máximo do Simbolismo gaúcho, como citou a escritora e presidente da Academia Santamariense de Letras, Ligia Militz da Costa. A professora é estudiosa da vida e obra do poeta, tendo publicado em 1988, o conjunto da obra do autor (poesia e prosa) de Felipe D’Oliveira.

 

Ligia destacou que “Felippe D’Oliveira teve seu nome gravado não só no contexto literário, mas também no contexto político”, pois, combatia a política do “café com leite”, instaurada no Brasil antes do Estado Novo, em que Minas Gerais e São Paulo se revezavam no governo do Brasil. Em 1932, o poeta santa-mariense foi exilado em Paris, por ser contrário à ditadura imposta pelo presidente Getúlio Vargas. A obra do santa-mariense sofreu influências do ‘futurismo’ e do ‘cubismo’. Conforme Ligia Militz da Costa, o cubismo é perceptível principalmente nas formas geométricas presentes na sua escrita, como no poema ‘Cenário de louça e cristal’. “Felippe D’Oliveira integrou o grupo de ruptura do modernismo. Os traços modernistas que encontramos na sua literatura são resultado da vanguarda européia. Sua poesia traz a mulher, o amor e a morte como presenças marcantes. Estes personagens estão envolvidos em um clima de melancolia e desgosto, e por vezes, são de um lirismo chocante”, conforme a leitura da professora Ligia.

 

Segundo a também escritora, “o poeta passou por um pseudo-silêncio no seu processo criativo no tempo entre a publicação dos seus dois livros, mas sua produção não foi interrompida”. A comprovação está na publicação póstuma de três livros pela Sociedade Literária Felippe D’ Oliveira, fundada no ano de sua morte.  As obras são: Terra Cheia de Graça (1934), livro escrito para o teatro, que exalta a beleza da vida no campo, Alguns Poemas (1937), contendo poemas em francês, e Livro Póstumo (1938), este último uma coletânea em prosa.

 

IRONIA– O professor de História da UFSM, Vitor Biasoli, fez referência ao livro ‘Memórias de João Daudt Filho’. Segundo ele, “o que conhecemos do poeta sabemos através da leitura do livro Memórias”. O professor avalia que “a ironia e o deboche presentes na obra de Felippe D’Oliveira demonstram um desconforto com a realidade social do seu tempo”. Para Biasoli, Felippe D’Oliveira foi inspiração para a publicação de dois livros, um de crônicas e outro de poesia, junto com outros escritores locais, sob o título de ‘O Maquinista Daltônico’. Biasoli elogiou a iniciativa da promoção de um sarau pela SEDUFSM, pois para ele “a leitura coletiva estimula a leitura de poesia”.

 

O sarau teve diversas intervenções para leitura encenada de poemas (confira a foto), pelos acadêmicos do curso de Artes Cênicas da UFSM, Aline Fernandes Ribeiro, Matheus Foster Dias e Felipe Parodia Martinez, e também da platéia. O evento, apesar da pouca presença de público num dia de clima bastante instável, foi bastante elogiado por aqueles que participaram, tendo em vista o ineditismo dentro das programações do Cultura na SEDUFSM.”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras informações oriundas da assessoria de imprensa da Sedufsm.

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