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TRAGÉDIA. O momento do inquérito e do investigado que cala. A tensão que está no ar e a lei a ser mudada

A tensão começa a atingir níveis quase estratosféricos em Santa Maria e adjacências.

Vale para gabinetes importantes, com autoridades municipais e estaduais se esforçando para disfarçar. E alguns até torcendo para não estar no relatório – ao menos não como indiciados.

E vale também para a penitenciária de Santo Antão. Lá, um dos investigados, Elissandro Spohr, falaria. E, segundo seu advogado, assumiria parte da sua culpa – mas exigiria o mesmo de outros, fossem do poder público ou não. E resolveu calar, depois que uma exigência (que o depoimento em vídeo fosse gravado) foi negada pela polícia. Falará, então, ao que tudo indica, somente diante de um juiz.

Um outro tipo de tensão também acomete as autoridades policiais. Sim, é de outra natureza: aquela que acontece quando se está terminando um trabalho que concentra as atenções de uma cidade, mas também de um país, e até fora dele.

Não se tem ideia de quando isso terminará. Se terminar. Mas não será hoje. Nem mesmo até o final da semana, quando se presume e se aposta será concluído o inquérito e o relatório divulgado, inclusive com a relação de indiciados.

Enquanto isso, há quem esteja atuando noutra frente. Caso da comissão que, na Assembleia Legislativa, discute ideias para reformular a legislação que trata da prevenção de incêndio. Mas, sobre isso especificamente, vale conferir o material distribuído pela assessoria de imprensa do deputado Valdeci Oliveira.

Nesta segunda, um engenheiro americano que… Bem, confira você mesmo o texto de André Pereira (da Agência de Notícias da AL) e Tiago Machado, também autor da foto. A seguir:

Na Assembleia, Fleming (C) e a necessidade de chuveiros automáticos. Ele explica por quê
Na Assembleia, Fleming (C) e a necessidade de chuveiros automáticos. Ele explica por quê

Engenheiros defendem chuveiros automáticos e mudança nas leis

A quarta audiência pública da Comissão Especia criada para atualizar a legislação de proteção contra incêndios reuniu nesta segunda-feira (18) no Plenarinho da Assembleia Legislativa, dois especialistas brasileiros da Sociedade de Engenharia do RS (SERGS), João Daniel Xavier Nunes e Cláudio Alberto Hanssen, e o engenheiro norte-americano Russ Fleming, que acompanhou os trabalhos realizados pelas autoridades americanas no incêndio ocorrido em 2003, na boate “The Station”,  no estado de Rhode Island (EUA).

O primeiro a se manifestar foi o engenheiro João Daniel, que defendeu a atualização da legislação. “Eu penso que a proteção contra incêndio não deve ser fixada em lei”, disse ele. “A lei tem que determinar os parâmetros. Sua regulamentação pode ser feita por regramentos ou decretos, para não haver engessamento. Existem diversos itens da legislação que já estão atrasados. A tecnologia e ocupação dos imóveis atropelou isto. Tratando da legislação estadual, ela já se encontra defasada, pois já faz 15 anos desde o último regramento”, acentuou.

Para ele, o Sistema Integrado de Gestão contra Incêndio eliminou o projeto físico. “Com isto, em caso de sinistro não dá nenhuma orientação do tipo de prédio que se encontrará pela frente. Deve existir uma padronização em todo o estado”. Para o engenheiro, de todo modo, sem a devida fiscalização, nada ajudará na segurança.” Em momentos de crise financeira, é sempre o sistema de proteção contra incêndio que é cortado”, criticou.

Americano defende chuveiros automáticos

Os chuveiros automáticos ou sprinklers, que jogam água no ambiente ao primeiro sinal de fogo, devem ser instalados em todos os estabelecimentos em que circulem mais de 50 pessoas. São equipamentos indispensáveis e eficazes para evitar a propagação de incêndios, disse o engenheiro norte-americano Russ Fleming, que também participou da audiência pública da Comissão Especial.

Fleming acompanhou as providências legislativas e técnicas encaminhadas pelas autoridades americanas após a tragédia da boate The Station, em 2003, em Rhode Island, quando mais de 100 jovens morreram em um incêndio, e trouxe lições e alertas importantes para os gaúchos.

O especialista observou que nem a boate de seu país, nem a Kiss, de Santa Maria, possuíam sprinklers que, após a tragédia em Rhode Island, passaram a ser obrigatórios em três estados americanos e no município de Nova Iorque, em clubes ou casas noturnas com mais de 50 ocupantes. Em Mariland e na Califórnia, as residências novas precisam ter chuveiros automáticos.
Em nível federal, nos Estados Unidos, os sprinklers são obrigatórios em hospitais e em asilos que reivindiquem verbas federais. “Mesmo que não seja uma tecnologia nova e, ao contrário, é bem simples, o sprinkler é a melhor solução, porque corrige deficiências do sistema de proteção”, afirmou o engenheiro, que exibiu vídeos de simulações de incêndios com os equipamento, preservando o nível de oxigênio do ambiente, e sem os chuveiros automáticos.

“Mantida em encanamento pressurizado, a água é acionada em dois ou três sprinklers, de acordo com grau de calor, diretamente sobre o incêndio, controlando-o em pequenas proporções, sem que chegue a dimensões perigosas”, argumentou ele.

“E o controle de fumaça não é importante?”, indagou, para responder que a fumaça é produzida pelo próprio fogo. “Portanto, é o fogo que tem que ser atacado antes”, salientou. As leis, na opinião de Fleming, precisam ser reformuladas, com a obrigatoriedade do uso dos sprinklers e proibição de fogos de artifício, devendo-se considerar ainda a capacidade de rotas de fuga, o adequado treinamento das pessoas envolvidas e a disponibilidade de extintores.

Especialista diz que responsáveis também precisam de atualização técnica

Para o RS ter legislação melhor, oferecendo mais segurança para as pessoas, não é só a lei que tem que ser atualizada. Na opinião do especialista da Sociedade de Engenharia do RS (SERGS), Cláudio Alberto Hanssen, os responsáveis pela proteção contra incêndios, como os profissionais de prefeituras, precisam se atualizar obrigatoriamente. “É preciso estímulos e subsídios para viagens e para leitura de revistas técnicas; é necessário reservar verbas para isto”, disse o engenheiro.

Hanssen apresentou sugestões de vários procedimentos, como o valor do sistema de extração para fumaça que considera necessário “porque o que mata, com o uso excessivo dos plásticos, é a fumaça”. O engenheiro acha que o pé direito de uma casa noturna deve ser elevado e não pode ser diminuido com a mudança do tipo de uso do imóvel. Hanssen defende, também, o uso de extintores de água, antigos, mas baratos e diretos. “Pode ser mais eficiente porque molha”, disse.

Segundo Hanssen, à exceção de Porto Alegre, quase todos municípios abdicaram da legislação própria e conveniaram com o Corpo de Bombeiros. Em Marau, é o Corpo de Bombeiros voluntário, com engenheiro contratado pelo município, que examina projetos e libera o funcionamento. A comunidade local tem que se integrar nos exames de projetos de proteção contra incêndios e na fiscalização”, prega ele. “Proteger contra incêndios é salvar vidas”, afirmou Hanssen, que define como exemplar a legislação do estado de São Paulo, que é atualizada a cada cinco anos, a última vez em 2011.

Presidida pelo deputado Adão Villaverde (PT), a Comissão Especial tem como um dos seus integrantes o deputado Valdeci Oliveira (PT), que elogiou o alto nível das palestras. “Muitas contribuições para o aperfeiçoamento da legislação gaúcha saíram hoje daqui”, afirmou. Os vereadores Cláudio Rosa (PMDB), Sérgio Cechin (PP) e Jorge Trindade (PT), que integram a Comissão da Câmara de Santa Maria responsável por revisar a legislação da cidade, participaram da atividade na Assembleia.” 

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9 Comentários

  1. E a legalidade deste decreto: um PREFEITO não pode determinar a COMPETENCIA de um orgão do estado!
    Ou o governador pode dizer que é da Guarda Municipal a competencia EXCLUSIVA do patrulhamento das ruas?

    Por que os fiscais colocaram um OK ao lado do Alvará Sanitário VENCIDO no mês anterior? E se houvessem mortes por causa de gelo com alguma bactéria?

  2. Decreto Executivo Municipal N° 032/2006 diz textualmente o seguinte: Art. 8°. É de competência exclusiva do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul a expedição do Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio, ou licença equivalente, que tem o fim específico de licenciar o estabelecimento ou atividade, sob o ponto de vista do atendimento da legislação pertinente a segurança pública, prevenção e combate a incêndio.
    …………………………
    Gabinete do Prefeito Municipal, em Santa Maria, aos vinte e dois (22) dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e seis (2006).

    Valdeci Oliveira
    Prefeito Municipal

  3. Sabemos, todos nós, onde os “Abútres” estão voando.
    Aguardamos o Inquérito Policial, da tragédia.
    Para vermos, onde eles irão pousar.

  4. Quanto o “Alvará dos Bombeiros”,…ele tb estava ok,…tanto que meus colegas anotaram no Boletim de Vistoria específico que ele venceria em agosto de 2012. Além disso,…existe um Decreto Municipal;…n° 032 de 2006; que disciplina a fiscalização de “Combate à Incêndios”;…e esclarece que esta competência é EXCLUSIVA do Corpo de Bombeiros! Este Decreto foi promulgado ainda no governo do Valdeci.

  5. Venho através desta; defender meus colegas fiscais que agiram corretamente na vistoria da Kiss, em abril de 2012. A licença de funcionamento (“Alvará de Localização”)do estabelecimento estava ok;…além da vistoria ser ANUAL (não ter um “vencimento” específico;…como o Alvará Sanitário e o dos Bombeiros);…olha,…isto é “LEI”,…não adianta os “abútres” esperneárem

  6. Eu jamais seria contrário a atualização de leis que permitam mais segurança.
    Mas, tchê, só dois exemplos: A NBR 9077 regra as saídas de emergência. A boate estava completamente fora da Norma.
    Aqui mesmo no site, comentei uma entrevista dos fiscais da prefeitura onde diziam não receber preparação técnica alguma.
    Será que o problema está na legislação? Não há uma anotação de uma fiscal dizendo para fechar a boate ainda em 2009? Qual lei que deve ser atualizada para que a palavra do fiscal seja observada?

  7. Engenheiros falam isto, falam aquilo, mas não falam sobre a lei federal 6496 art I – III.
    Discutir sobre a influência da lua na menstruação do papagaio sem luneta nem absorvente é buraco n’água

  8. Por favor gente modificar o que se não cumpriram as existentes, como agora estão fechando oficina mecanica salão de beleza e outras coisas mais se não tem Lei, o povo sta indo na camara para reclamar, gente coloquem a mão na consciência e admitam que para funcionar com alvara vencido ou sem alvara só a boate Kiss, então qual o motivo para os Dep. estarem reformulando a Lei ou ja estão cumprindo antes de ser aprovadas, se com o alvara vencido não pode funcionar porque deixaram morrer tanta gente.

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