Retornando da Argentina – por Carlos Costabeber
Mais uma vez trocamos o período de férias, por quatro apraziveis dias em Buenos Aires.
Afinal, a esposa e eu completamos 39 anos de viagens à Argentina. Nossa grande paixão!
Ainda mais agora, com o Real valorizado frente ao Peso, tudo fica ainda mais barato pra gente.
Mas, atenção !
Nas casas de câmbio ou nos bancos, a cotação do real é baixa: 2,10 pesos.
Mas no mercado paralelo, se consegue quase o dobro: 2,80 pesos por Real (a Calle Florida voltou a ficar coalhada de cambistas gritando: “cambio”, “cambio”, “real, dolar, euro”….)
Claro que, volto a insistir: só se faz bons negócios por lá, levando $ vivo; inclusive para pagar o hotel. Cartão de crédito, só como garantia.
Por essa referência, dá para se ter uma ideia da crítica situação em que se encontra a economia argentina. Essa enorme diferença entre o câmbio oficial e o paralelo, sinaliza para a necessidade do país desvalorizar (bastante) a sua moeda.
Nós já vimos esse filme aqui no Brasil! E mais recentemente, na Venezuela, que atravessa situação semelhante – e teve de desvalorizar a sua moeda em 40%.
O impacto de uma maxidesvalorização é inimaginável! Assim como ajuda muito às exportações, acaba aumentando o preço do que é importado, agravando ainda mais a INFLAÇÃO.
Inflação que continua altissima.
Tudo por conta de uma politica assistencialista (característica do peronismo), que subsidia o transporte coletivo, a energia elétrica e o gás. O Governo banca uma conta que só faz aumentar o déficit público – ajudando a alimentar cada vez mais o processo inflacionário.
Mas quem acaba pagando por essa conta é a própria população, que vê os preços aumentando de forma descontrolada.
Aí o Governo adota medidas de “congelamento” (como fez nessa semana com os combustíveis, que estão com os preços congelados por 6 meses), que é outro filme que os brasileiros já viram.
Para piorar, a “conta combustíveis é negativa“. Isso mesmo! A Argentina, que sempre se gabou de ser autossuficiente, hoje depende da importação de gás e petróleo.
Esse déficit pesa muito nas importações do país! Elas cresceram 33% nesse ano, só que se retirarmos a “conta combustíveis”, as importações não passariam de + 4% em 2013.
Assim, quem acaba sofrendo as consequências são os exportadores brasileiros, que a cada dia são penalizados com novas barreiras alfandegárias (exportamos cada vez menos para lá). Tudo por quê? Para poder abastecer o país de combustíveis.
Como se vê, a situação da economia argentina se agrava cada vez mais, e parece que a Presidente Cristina e sua equipe não conseguem enxergar. Eles perderam o crédito e a credibilidade internacional, e tem uma indústria tecnologicamente atrasada, sucateada.
Uma pena, pois para o Brasil isso é muito ruim. Ter um parceiro como a Argentina em dificuldades só aumentam as dificuldades para “nosotros”.
Além desses problemas, Cristina Kirchner “vive às turras“ com a imprensa. Os dois principais jornais, “La Nacion” e “Clarin”, estão diariamente fazendo denúncias e elevando o tom das críticas; sendo que o principal alvo é o Vice-Presidente Amado Boudou, que é sempre citado por supostos envolvimentos em casos de corrupção.
Outro foco da Presidente, é o controle do Judiciário. Enquanto estava lá, o Governo anunciou um novo pacote de medidas para limitar o poder da Justiça. E vai conseguir, pois tem o controle do Congresso.
Ao meu ver, a Argentina vive um momento dramático na sua economia, e é cada vez mais palco de ranços internos entre Governo, oposição, imprensa, Justiça e empresariado.
Ninguém se entende, o que favorece uma linha ditatorial do Estado.
O conjunto “dessa obra” está agravando a governabilidade. A aprovação da Presidente está em queda permanente. Mas ela “manda-e-desmanda”, porque não existe oposição.
Essa é a realidade que estudei e vivenciei nesses dias em que lá estive.
Apesar de tudo, amo cada vez mais a Argentina e a sua gente.
Eles tem uma cultura superior a nossa (já ganharam dois Prêmios Nobel), têm belezas naturais incontáveis, as melhores terras cultiváveis, que lhes permite produzir além de muito trigo, soja e milho, as melhores carnes e produtos lácteos do mundo.
Um país realmente invejável, e que já foi, na época da 1a. Guerra, a 4ª maior economia do Mundo.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.