A PAIXÃO POR UMA CIDADE (57). Do que o produtor cultural Rodrigo Ricordi gosta? Da “inquietude” de Santa Maria
Por LICIANE BRUN (texto) e MAIARA BERSCH (foto)

São muitos os motivos que fazem pessoas de todos os cantos, santa-marienses ou não, serem apaixonados pela cidade. O mais bonito é quando os da terra têm orgulho de serem filhos dela. Como o editor de imagens e produtor cultural, Rodrigo Gularte Ricordi, 27 anos, descreve:
“Nasci em Santa Maria em 1983. Já que nasci aqui, não tive uma primeira impressão. Minhas impressões de mundo se formaram por crescer aqui. Aqui eu conheci as ruas, que naquele tempo eram mais calmas pelas redondezas do bairro Dores. Brincávamos e jogávamos bolita na rua mesmo, não precisava calçada. Passei por duas cidades além de Santa Maria. Morei em Bagé e Uruguaiana, que não foram marcantes a ponto de haver parâmetro de comparação.
Santa Maria é um bom lugar pra viver, sim. Não é gigante, não é pequena, cabe no bolso ou no sapato. É uma cidade de médio porte onde se tem tudo ao alcance. Sofre com a realidade da violência, não só aquela que agride o corpo, mas a que agride a alma. Mas não deixa de ser simpática a quem vem montar acampamento por aqui.
O que eu mais gosto na cidade é a inquietude que ela injeta a cada passo dado na rua, cada lugar que tu anda, a cada esquina em que tu encontra algo diferente, mesmo que esse algo esteja ali há mais de século. A efervescência cultural que muda com as gerações e migrações de pessoas que passam por aqui efemeramente deixando seu cheiro e sabor em algum canto. O que a cidade tem de melhor? Isso. A inconstância, a oferta de ser, estar e fazer.
Nas áreas em que atuo, a cidade jorra oportunidades. Há quem diga que não. Mas esses não sabem procurar. A cidade exala costumes, culturas, públicos, expectadores e leitores. Cada um com o estilo trazido junto na bagagem. Poderia dizer que, sim, sou apaixonado por Santa Maria. Aqui está minha família, estão as pessoas que gosto (mesmo as que já deixaram a cidade, sempre voltam). Aqui eu virei gente e pretendo viver aqui – se não for até morrer – por um bom e longo tempo.”
Interessante,Rodrigo! Sabes, tudo que falaste sobre Samta Maria, foram os mesmos motivos que em 1965, me atraíram para cá.
Dá-lhe Kareka! Belo depoimento. Vamos em frente! Abraço, Cassol