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UFSM. Burmann assume cargo de reitor. Em entrevista à Sedufsm, ele comenta os desafios que irá enfrentar

POR MAIQUEL ROSAURO

Leia abaixo a segunda parte da entrevista com o novo reitor da UFSM, Paulo Burmann. Se quiser rever a primeira parte, CLIQUE AQUI. O texto é de Ana Paula Nogueira, assessoria de imprensa da Sedufsm.

Estatuinte não será de uma nota só, diz reitor

A cerimônia de transmissão de cargo realizada na manhã desta sexta-feira, 10 de janeiro, marcou a posse do 11º reitor da Universidade Federal de Santa Maria. Na presença de um grande público composto pela comunidade acadêmica e autoridades, Felipe Müller, em ato simbólico, passou o colar reitoral a Paulo Burmann.

Com uma nova gestão a frente da UFSM, muitas são as dúvidas e expectativas em relação ao futuro da Universidade. Nessa perspectiva, a Sedufsm publica na íntegra a entrevista realizada na quinta-feira, 09 de janeiro, com o novo reitor.

Além da adesão da UFSM a Ebserh, a Estatuinte é umas das grandes bandeiras da gestão e sua discussão deve ter início já no primeiro ano de mandato. Outro desafio, segundo Burmann, é a relação da UFSM com os Cesnors, questão que busca qualificar com a criação da Secretaria de Apoio aos Campi.

Confira a seguir, a continuidade da entrevista que teve sua prévia publicada ontem (09/01) no site da Sedufsm.

Sedufsm – Em momento anterior a adesão da UFSM à Ebserh o senhor se manifestou dizendo que as rédeas do processo devem estar nas mãos da universidade. Como isso irá se estabelecer uma vez que a Ebserh instalada aqui é uma subsidiária da Ebserh criada em Brasília e, por força de lei, deve responder a ela?

Paulo Burmann – Nós não podemos ser ingênuos ao ponto de imaginar que a letra fria da lei não defina alguns parâmetros, mas ao mesmo tempo, nós não podemos imaginar que uma estrutura que está incrustrada dentro na UFSM, que vai servir aos interesses da nossa universidade em um primeiro momento, no ensino, na pesquisa e na extensão, que isso seja feito à revelia da nossa universidade, aos interesses dessa universidade. A função claramente estabelecida do Husm é o ensino, pesquisa, extensão e assistência à população. Por certo há um compromisso nosso de, não apenas como reitor, mas como cidadão, professor e servidor desta universidade, de garantir que esse hospital, como principal hospital público da região, continue atendendo a população 100% SUS e nesse modelo continuar atendendo as nossas demandas de ensino, pesquisa e extensão, porque é um hospital de formação, e como hospital de formação atende também a um dos princípios do SUS, que é a formação de profissionais para atuar na atenção a população, são coisas que se integram. Nós não temos dúvida de que estabeleceremos sim, um papel de relevância nos rumos desta empresa. Já temos pré-ajustada a presença da reitoria no âmbito do hospital universitário nessa fase de implantação da empresa, vai ser uma constante, pela responsabilidade que nós temos sobre esse processo. Nossa responsabilidade diante da implantação da empresa está muito marcada, está clara, a discussão, o debate todo que aconteceu em torno da polêmica que se estabeleceu sobre esse assunto não pode passar em branco. Não é assim, assina o contrato, lavamos as mãos e está tudo resolvido. Nós temos a absoluta convicção de que não está tudo resolvido. Não pouparemos esforços no sentido de garantir que esses princípios básicos que estabelecemos ainda no âmbito do CCS, em relação ao ensino, a pesquisa e a extensão, em relação à assistência 100% SUS, em relação às garantias e as seguranças dos servidores. Essas são diria que, tarefas das quais nós não nos desresponsabilizaremos, pelo contrário, nós estaremos firmes e fortes atuando nesse campo.

Sedufsm – E em relação à estatuinte, como deve se dar essa discussão?

Paulo Burmann – Nós temos que recuperar algumas coisas em relação à estatuinte. O ‘grito’ pela estatuinte é originário do início dos anos 80, final dos anos 70. No processo final do regime militar, da ditadura, havia um clamor de que as estruturas acadêmica, administrativa e política da nossa universidade se adaptassem aos novos tempos de democratização que se instalava no país. As várias tentativas que foram feitas nesse sentido, pelas mais diferentes razões, nós não vamos entrar no mérito do porquê que isso não aconteceu, a realidade é que temos que reconhecer que os esforços na época foram feitos, e parece que, com o passar do tempo, se perdeu um pouco o interesse pelo processo de estatuinte da universidade. Foram sendo feitas reformas, ajustes, adequações, adaptações, mas não chegamos ao momento de discutir com profundidade o que nós queremos em termos de modelo de universidade. Isso pressupõe inclusive a forma, não só de como nós vamos atuar de forma política, acadêmica e administrativamente à frente da universidade, mas também coloca em discussão, e deve colocar em discussão, a forma como a UFSM deve se relacionar com a cidade. Mais do que isso, coloca em discussão um plano institucional de desenvolvimento de longo prazo, não estabelecido para o período de uma gestão de quatro anos, mas para que possamos desenhar onde nós pretendemos estar enquanto universidade daqui há 10, 20 anos, eu diria no mínimo um planejamento para 10 anos.

Sedufsm – Quais seriam os passos para implementá-la?

Paulo Burmann – Não dá pra imaginar que a reitoria vá se apropriar do processo político que é da comunidade e fazer uma estatuinte circunscrita. Esse é um debate amplo, não tem prazo fixo para terminar, mas seria muito razoável que ao final de 2015 nós tivéssemos isso sedimentado, consolidado. Esse é um processo que vai ser deflagrado, já está, a partir do dia em que assumimos os encargos dessa universidade. Fica um convite as entidades para que possamos nos reunir e elaborar um cronograma mínimo, ou dar os primeiros passos em relação a definição da metodologia de como isso vai ser construído. E o método é muito importante. Como ela vai acontecer? Como vai acontecer a discussão? Como ela vai torna-se algo palpável pela comunidade toda? Como a comunidade vai se sentir incluída neste processo e vai efetivamente participar? Quais os mecanismos para que o processo não seja aparelhado por nenhum segmento, por nenhuma instituição ou entidade? Pois se é para ser um processo democrático, tem que ser participativo e amplo, isso é o que nós desejamos. E tem um outro aspecto que não podemos esquecer, por mais compreensão que nós temos, do ponto de vista ideológico, são as questões que envolvem o suporte legal para que essa estatuinte possa ser reconhecida e aprovada institucionalmente, que é um embate que certamente que precisa ser considerado. As visões são as mais diferentes sobre esse tema, e dentro desse aspecto democrático nós temos que entender e compreender a legalidade e respeitar as diferenças. As opiniões não podem ser impostas, não podem ser verticais, nós temos que estar totalmente abertos ao diálogo, e o diálogo pressupõe argumento e contra-argumento. Então nós não podemos imaginar que seja uma estatuinte de uma nota só. Esse é o desafio.

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