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Facebook e o Analista de Bagé – por Luciana Manica

Não sei se devo me surpreender. Reportagens descrevem que dados do Facebook foram utilizados para uma pesquisa científica. Diversos aspectos poderiam ser extraídos desse fato. Há teorias que ao clicarmos e aceitarmos as condições de uso, estamos anuindo com a possibilidade de vasculharem tudo. Daí partem para a venda de informações, famosos bancos de dados, que por sua vez você clica novamente e não só você, mas a galera toda do seu Face, Twitter, Waze, What´s App, Linkedin e diabo a quatro vai parar sabe-se lá onde. Dizem que na nuvem. Não é por nada, mas essa nuvem deve estar carregada!

Pois quem disse que esse “termo de uso”, que ninguém lê, não está cheio de cláusulas abusivas e nulas?! E mais, e esse tal de Marco Civil, que ia proibir que dedurassem as nossas navegadas “mundo afora”, ou outros “cerca afora”? Cada vez que entramos no e-mail ou em sites de busca, o conteúdo pesquisado retorna, parecendo mais um “regurgito de guri novo”.

Voltando à pesquisa. Asseveram as reportagens que foi alterado o tipo de conteúdo recebido por mais de 600 mil usuários. Não consegui entender ainda. As pessoas publicaram algo e saiu outra coisa? Se assim for, parece que não há ética na estudo feito, princípio basilar a ser seguido. Comenta-se que os cientistas modificaram o algoritmo de usuários escolhidos de forma aleatória para que mostrassem conteúdo mais positivo ou negativo. Tudo bem que os ditos pesquisadores queriam tão somente saber se o que é publicado afeta emocionalmente as pessoas. Mas vamos e convenhamos, alterar o que se publica já é passar dos limites.

Em verdade, dessa aberração, ao menos paramos para refletir. As pessoas têm curtido à revelia ou entrado na onda de discursos de ódio em massa, sem sequer saber o que está detestando. O imediatismo, a velocidade das comunicações, o tempo, ou melhor, a falta dele, não permite julgamentos conscientes do que se apoia ou se rejeita. Talvez isso tenha gerado uma pesquisa tendenciosa.

Diferentemente deste estudo que apontou que os sentimentos publicados no Facebook são contagiosos, acredito que o Facebook possa fazer com que tenhamos sim condutas manipuláveis. Ou seja, não necessariamente as redes sociais afetam a forma com que nós sentimos, mas entramos na onda e simplesmente curtimos ou não sem pestanejar.

Esses dias um empregado se deu mal. Curtiu uma postagem de um ex-funcionário com relação à companhia na qual ainda estava vinculado. A curtidinha gerou uma dispensa por justa-causa. Será que esse ato não foi apenas para ser solidário ao ex-colega de trabalho? Mas como diria o Analista de Bagé: “o índio tá mais ligado que chiclete em tamanco”, deu zebra e acabou fazendo as trouxas, partindo campo afora da empresa.

Voltemos à pesquisa. Se ao menos as pessoas soubessem que foram objeto de estudo, poderiam ter se valido da Resolução 466/2012 que visa proteger a dignidade humana dos participantes das pesquisas científicas que envolvem seres humanos. Mas para compreender isso tudo, só parafraseando ao estilo, de novo, do Analista de Bagé: “esse tal de Facebook é mais metido que bombacha em rego de gordo”.

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4 Comentários

  1. Sabia que você poderia nos explicar como isso de fato ocorreu, pois as reportagens não pareceram tão claras. Mas vamos e convenhamos, acho que querem deixar todos nós bipolares. Ou leio postagens eufóricas, quase que "vende-se felicidade", ou deprimentes, cortando os pulsos. Rsrsrsrs. Definitivamente, o Facebook tem "multiplicado" as postagens fakes (alegrias sem tamanho e tristezas infinitas), em detrimento do que é REAL.

  2. É mais complicado e um pouco mais sutil.
    Uma pessoa média no FB tem um certo número de amigos (que compartilham conteúdo), curte páginas de filmes, livros, música, profissionais, etc. É muita informação para ser apresentada numa página da rede social. Como foi resolvido isto? Criou-se um algoritmo que "escolhe" o que vai aparecer na linha de tempo. Baseia-se na atividade anterior do usuário e determina "o que pode ser mais interessante". Existem cálculos diferentes mas já foi afirmado que uma pessoa só vê uns 16% do que os amigos postam devido a este "clipping". Este é o funcionamento normal.
    Durante a pesquisa só foi adicionado um comando do tipo "se a postagem tiver conteúdo positivo/negativo não aparece" no filtro usual. O comando não funcionava em todos os acessos e o conteúdo positivo/negativo não mostrado poderia surgir num acesso posterior. E estava sempre disponível caso fosse feito o acesso à página de origem.
    Perto da Experiência de Milgram ou do Experimento de aprisionamento de Stanford não foi nada.

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