Reproduzido do portal especializado Coletiva.Net (*)
Inaugurada em 6 de junho de 1925, com 98 anos de trajetória, a rádio Pelotense 620 AM deixou de ser a emissora mais antiga do Rio Grande do Sul na quinta-feira, 31 de agosto. O veículo encerrou as atividades. Conforme apuração da reportagem de Coletiva.net, os motivos para o fechamento estariam ligados à venda do terreno onde está instalada a antena AM e à falta de finalização do processo de migração para o FM. Além disso, a empresa acumula dívidas de mais de R$13 milhões, conforme o Balanço Patrimonial de 2022.
Conforme explicou um comunicador atuante, a direção negociou o local onde fica a antena, situado em uma área nobre de Pelotas, na entrada da Praia do Laranjal. “Começaram a tramitar para passar ao FM, só que, entre entregar o terreno e concluir o processo, não houve tempo hábil.” Conforme o profissional, a gestão da rádio afirmou que continuará tentando passar para o FM. Ainda assim, avisou os integrantes do fim e demitiu todos os funcionários.
Os avisos prévios começaram a ser dados no final de julho. De acordo com o presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul, Ricardo Malheiros, são 11 os radialistas afetados. Para tanto, o dirigente esteve na cidade, para acompanhar e dar todo o suporte nas homologações no término da atividade.
Atuação dos sindicatos
Malheiros disse ter se envolvido com a questão, inclusive tentando ajudar com contatos do Ministério das Comunicações (MCom) para o suporte na regularização na nova frequência. Afinal, o diretor-geral, Paulo Luiz Barcelos Góz, e a diretora administrativa, Luciana Fonseca De Góz Markus, pai e filha, revelaram a ele que não entregarão a concessão. Ainda de acordo com o líder sindical, ambos estão há mais de um ano tentando realizar a migração.
Existe a especulação sobre interessados na compra da rádio, mas não foi possível confirmar a informação com os diretores. A reportagem do portal tentou contato com Luciana em diferentes oportunidades, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Apesar de acompanhar o processo e estar em contato com os donos da rádio, o SindiRádio, por meio da assessoria de imprensa, disse que não se manifestará.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) tem acompanhado a tramitação, apesar de não ter participação direta no processo dos profissionais, por não haver mais nenhum sindicalizado na Pelotense. Conforme a diretora Niara de Oliveira, o último vinculado ao Sindjors foi desligado alguns meses após a rádio ter encerrado o departamento de Jornalismo e Notícias, em março de 2022. Na época, foram 11 demissões. “Comecei a apuração porque é lamentável ver veículos tradicionais fechando”, frisou. Ela adiantou que ainda conversará com os compradores do terreno e com a herdeira da rádio para ter mais detalhes.
Despedidas
Foi apurado que os primeiros avisos foram cumpridos com dois operadores de áudio – um deles também é locutor e plantonista esportivo -, que tiveram seus últimos dias de trabalho na quarta-feira passada, 23. “Começou o velório, com os primeiros saindo de fato”, relatou um ex-integrante da rádio, que mantém contato com colegas.
Segundo o comunicador, que reside no município, a comunidade local também está triste e reagiu “pessimamente”. “É a líder disparada no segmento do esporte, que é muito forte aqui. E é uma rádio de programação muito antiga. As pessoas estão muito acostumadas a ouvir os mesmos programas e os mesmos locutores há anos”, justificou.
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(*) Publicada no portal Coletiva.Net, originalmente, na quarta-feira, 30 de agosto, foi atualizada cronologicamente, para publicação agora.
Problema das radios não é só mudança de paradigma com os Tik Tok e Youtubes da vida. Hoje é possivel acessar radios mundo afora. Vide aldeia, radialistas com 250 anos de profissão. O nicho de audiencia existe, mas diminui porque as pessoas vão morrendo.