O FUTURO. A eleição sem aparentes perdedores em Santa Maria. Porém, um divã talvez seja necessário

Se fosse para dizer que alguém, dentre os políticos mais conhecidos da cidade, que teria motivo para ficar triste por inteiro, talvez este fosse Jorge Pozzobom, do PSDB. Mas o cara foi campeão de votos no primeiro turno, logo… A derrota de Aécio Neves era inesperada, do ponto de vista tucano. E a vitória de José Ivo Sartori não chega a animar muito, na medida em que o PSDB, que apoiou o peemedebista, tem menos cacife parlamentar, por exemplo, que o PP, e até o PDT, que tendem a ser os primeiros a ser buscados na composição do governo. Ainda assim, Pozzobom tem o seu saldo pessoal positivo e pode pensar sério para 2016.

E é isso, essa perspectiva para daqui dois anos, que dá guarida à análise, ainda que suscinta (haverá mais oportunidades e desdobramentos a ser vistos, logo em seguida), sobre os dividendos ou prejuízos advindos do resultado do segundo turno, neste domingo de vitória de Dilma Rousseff (do PT) para a Presidência, e de José Ivo Sartori (do PMDB) para o Governo do Estado.

Atenção: aqui se está falando das urnas de Santa Maria, especificamente, e nas quais Aécio (e não Dilma) e Sartori (e não Tarso) pontificaram, como você leu em nota anterior, mais abaixo. E com grande votação, 57% e 61%, respectivamente.

Parece óbvio que o PT, vencedor nacional, terá que prestar muita atenção no que aconteceu por aqui. Afinal, foi pouco além do seu mínimo habitual histórico e até, talvez, tenha ficado abaixo. O que pode ser fatal, numa disputa em que, provavelmente, haverá segundo turno. Mesmo tendo nomes de grande penetração eleitoral, eles só serão suficientes se houver algum tipo de arranjo muito bem feito com aliados. E sem arrogância. Ou a derrota será inevitável.

Pozzobom, por sua vez, estaria bem melhor se Aécio fosse vitorioso. Assim, dependerá de alianças bem nutridas para chegar a um hipotético segundo turno. Resta saber com quem, pois há carência de partidos na cidade, como se viu no pleito de 5 de outubro, em que eles eram fundamentais – ao contrário deste domingo, em que o carisma e a campanha dos duplistas ao Planalto e ao Piratini valeram quem sabe bem mais.

E o PMDB? É óbvio que sai fortalecido com a vitória de Sartori. Mas talvez tenha menos influência do que imagina, no futuro governo estadual. Isso merecerá nota especial, em outro momento. Mas é possível antever que quando você tem apenas um nome “grande” e este é o do prefeito Cezar Schirmer, que não poderia renunciar (se fosse convidado para ser secretário, por exemplo), pois entregaria o governo para o PP, um eventual adversário daqui dois anos, e se perceberá a limitação dessa vitória. Que garantirá cargos locais e regionais, com certeza. Mas, haverá mais?

Enfim, embora existam vencedores claros, e perdedores idem, é impossível garantir que a vitória foi total ou a derrota também. Os próximos passos é que permitirão saber o verdadeiro significado do que aconteceu neste domingo. Até lá, um divã para uns e outros talvez fosse conveniente.