A DÚVIDA. O que será do prédio da Kiss? Há poucas opções. E nenhuma delas significará o esquecimento
Ao mesmo tempo em que reafirmava não saber ainda se haverá ou não uma reconstituição da madrugada da tragédia, o juiz Ulysses Fonseca Louzada DECLAROU ao G1, o portal de notícias das organizações Globo, que qualquer definição acerca do futuro do prédio se dará só após o final do processo criminal.
Se isso significa apenas após o trânsito em julgado, isto é, quando houver sentença (absolutória ou condenatória) definitiva, demorará bastante ainda para saber-se o destino do local em que 242 meninos e meninas foram massacrados, em 27 de janeiro de 2013. Num cálculo, digamos, otimista, o futuro da Kiss, assim entendidas suas instalações, somente será determinado em no mínimo mais dois anos, quem sabe três ou até adiante.
Mas, desconsiderando o tempo, quais as opções para o prédio, não necessariamente na ordem de preferência do editor ou de quem quer que seja?
1) A desapropriação (sugerida semana passada pelos vereadores Luciano Guerra e Jorge Trindade, em projeto encaminhado ao prefeito Cezar Schirmer) e a transformação do local em Memorial ou outra obra que relembre a importância da prevenção de catástrofes em geral e incêndios em particular. Com tempo demandado pelo processo, se esta for a via escolhida, será apenas do próximo prefeito municipal.
2) O uso, pelos proprietários, de alguma maneira. No todo ou em parte. Seja para um negócio próprio ou para terceiros. É improvável que surja algum interessado, mas não é impossível.
3) A demolição pura e simples e o fatiamento do terreno. Ou, mesmo, a venda do total da área para algum empreendimento empresarial ou residencial. Terá a mesma dificuldade da opção 2: encontrar algum interessado em investir no local em que tantos jovens foram mortos e um punhado a mais foi ferido, do qual boa parte com sequelas.
4) Uma opção no momento absolutamente inalcançável pelo bestunto do editor.
EM TEMPO: qualquer que seja a definição acerca do futuro do imóvel, a lembrança será permanente. E isso ficará sempre claro na mente de todos os santa-marienses. Mesmo daqueles que gostariam que o esquecimento acontecesse.
Acredito que de pronto a desapropriação e pertinente demolição do prédio são medidas urgentes, aquela ruína é deprimente, quase dói subir a Andradas e ver aquela câmara de gás assassina como que a nos recordar daquele fatídico final de semana de janeiro… mas como aqui tudo anda em passos lentos, acredito que vamos esperar muito tempo…
Desapropriação é um passo. Depois será necessário dinheiro para pagar o projeto. Depois dinheiro para construção. Logo após, funcionários. E depois dinheiro para água e luz.
Realizado o memorial, a primeira pergunta a ser feita quando alguém reclamar dos buracos na rua, da falta de fiscalização no trânsito, dos postos de saúde será: foste a favor ou contra o empreendimento?