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Empório Doméstico, nossa casa por 45 anos – por Carlos Costabeber

Depois de 65 anos de existência, o “velho” Empório Doméstico encerrou suas atividades, ao receber uma proposta irresistível “pelo ponto” no Calçadão de Santa Maria – devendo nascer, daí, uma outra empresa.

Em 1993, minha família deixou de ser sócia do Empório, depois de uma cisão de consenso.

Mas essa história de sucesso comercial iniciou em 1º de setembro de 1948 com a minha mãe (Milady) convencendo o marido (Cirilo), a comprar o “Armazém Seroni”, ali na Floriano com a Tuiuti (onde hoje funciona a Aproquimica).

Apesar de não terem experiência alguma em negócios, eles empregaram a pequena poupança acumulada e reabriram o “Seroni”. O “capital de giro” inicial era oriundo do “soldo” que o pai recebia do Exército mensalmente.

Na época eu tinha poucos meses de vida, e, ainda criança, comecei a ajudar a família (em minhas palestras digo que “nasci atrás do balcão”).

Adorava aquilo!

Assim, a mãe, apoiada pelos meus avós maternos, se tornou uma comerciante de muito sucesso. Ela tem até hoje um tino comercial fantástico, e legou para os seus filhos e netos a paixão pelo comércio.

Pouco mais tarde, com o crescimento da empresa, ela trouxe para ser seu sócio o irmão Osvaldo (Gehm). O tio, que sempre foi nosso segundo pai, todas as madrugadas carregava a carroça com produtos coloniais, e ia trabalhar nas feiras livres.

Foram anos de muito sacrifício, pois todos trabalhavam “de sol a sol”, sendo que o pai, ao chegar do quartel ia ajudar no serviço – e ainda fazia o curso noturno de Contabilidade no Colégio Santa Maria.

Na década de 60, o negócio prosperou rapidamente, e a família cresceu na mesma proporção (o tio Osvaldo casou com a tia Mafalda e vieram os primos e também os meus dois irmãos).

Mais capitalizados, e vendo o potencial de mercado oferecido por Santa Maria, tomaram a decisão de montar uma grande loja. Assim, compraram a esquina da frente, demoliram o casarão existente,e construíram um belo edifício (o pai deu o nome de “Edifício Brasília”, em homenagem à nova Capital).

Ali nascia o “Empório Doméstico” (nome copiado de uma firma de Porto Alegre).

A nova loja, além de manter o supermercado no subsolo, trouxe uma novidade para Santa Maria: a departamentalização!

Foi um salto gigantesco! Era uma loja enorme para a época, e que cresceu muito graças a abertura do crediário próprio.

Minha mãe se tornou uma mestre na arte da compra (os viajantes adoravam ser atendidos por ela), enquanto que os tios tocavam a loja, e o pai fazia a parte financeira e contábil.

Lembro muito bem de toda aquela história de sucesso e de harmonia familiar.

Como eu adorava trabalhar na loja, confesso que meio a contragosto passava as manhãs frequentando o Colégio Santa Maria (os Irmãos Maristas abriram uma exceção, e me admitiram com apenas 5 anos de idade).

Aliás, devo muito ao Santa Maria, pois além de mim, meus irmãos e filhos estudaram até o 2º grau (fui também goleiro titular do “14 de Julho”, tradicional time de futebol do Colégio).

Obviamente que eu sempre passava de ano, “com as calças na mão”, com média pouco acima de 5.

É que adorava estar na loja, principalmente trabalhando no Caixa.

E à noite todos desciam para continuar a trabalhar, e eu arrumava o dinheiro e as duplicatas a serem pagas, para ir nos bancos logo depois do almoço.

Como era muito jovem, lembro que o pai me dava uma carona até o Centro, e eu entrava nos bancos antes de abrirem – e já entregava o dinheiro (não se conhecia ainda o cheque) para os caixas. Depois, retornava para recolher as duplicatas pagas e o troco.

Se o pai queria me ver feliz, era só dizer: “amanhã não tem banco”! Era pura felicidade!

Mas o pior não eram os bancos, e sim, os impostos devidos, pois os pagamentos deviam ser feitos no último dia da cada mês, diretamente nos órgãos arrecadadores. Eram filas enormes, pois os funcionários somavam cada guia de recolhimento – e “ai” se não conferissem!!!!

Volto com mais histórias sobre o “velho Empório” na próxima semana!

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3 Comentários

  1. Eu gostava muito de comprar no Empório e ia sozinha com apenas 13 anos de idade, porque a minha mãe ficava trabalhando no armazém que era um minimercado, e ali eu aprendi a gostar de vender, negociar e empreender.

  2. Adorava ir ao Empório Doméstico. Comecei a Estudar em Santa Maria 1966. Éramos crianças recebidas com todo carinho e respeito no Empório. Conheci toda a família. lembro muito bem de todos . Morava na minha tia na Rua Paul-Harris,há apenas quadra (pequena) do Empório .Mais tarde em 1974-77, Carlinhos foi meu professor no curso de Administração da UFSC, somos amigos para sempre.Saudade do Empório Doméstico.Grande abraço ao Carlinhos
    Eliane Marfiza Braga Machado Trevisan

  3. Eu era uma criança e adorava ir com minha mãe no Empório Doméstico. Era um evento. Comprávamos tecidos variados, algumas confecções e miudezas, roupa de cama, etc… Era muito bom. Tenho saudades!
    Marilê

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