CRISE E CONSUMO. É hora de gastar? Comércio diz sim, mas economistas aconselham cautela e barganha
Por MARCOS FONSECA (com fotos de Divulgação)
Em tempos de crise como a que o país vive agora, especialistas da área econômica recomendam cautela aos consumidores. Como não se sabe o que virá pela frente, a ordem é pôr o pé no freio e gastar comprando apenas o necessário. Dessa forma, evita-se de entrar no vermelho do banco ou, pior, de aumentar o saldo devedor – no caso de quem já ingressou no vermelho.
A dica vale para tudo, e atinge especialmente o comércio, a construção civil e o setor automotivo. No caso de a compra ser necessária, vale alçar mão da velha máxima da “barganha”. Embora Santa Maria viva um cenário diferente (alguns empresários locais até mesmo negam a crise, como já MOSTRADO neste site), o momento é de alerta para evitar surpresas.
Com os juros em alta, comprar a prazo ou utilizar o limite do cheque especial pode ser arriscado. Na última quarta-feira, 27, o Banco Central divulgou a taxa cobrada em abril pelo setor bancário para oferta de crédito. Os juros do cheque especial foram para as nuvens. A taxa média de 226% ao ano é a maior desde dezembro de 1995.
No caso do cartão de crédito, o cenário é ainda pior. A taxa média de juro alcançou, em abril, 347,5% ao ano. Em alguns casos, chega a 700%. Ou seja, utilizar o rotativo do cartão é criar uma bola de neve: a cada mês, a dívida vai ficando cada vez maior e incontrolável.
Já quem dispõe de dinheiro na mão para pagar à vista, os economistas sugerem pechinchar. Afinal, o desconto é bom para o consumidor, que não deixa de comprar. E bom, também, para o vendedor, já que garante rotatividade. “Quem tem dinheiro, vale a pena, sim, barganhar agora”, confirma o professor de Economia Mateus Frozza, do Centro Universitário Franciscano (Unifra).
Presidente da CDL defende “seguir consumindo”
Mas se a crise freia o consumo no país, o mesmo não dá para dizer de Santa Maria. Ao menos no comércio, o momento não é de temor. A garantia é do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Jacques Eskenazi Neto. Conforme ele, o salário do funcionalismo público mantém o equilíbrio e impede a retratação acentuada nas vendas das lojas.
O Termômetro de Vendas da CDL mostra que, em abril deste ano, o comércio santa-mariense registrou queda de -3,29% nas vendas em relação a abril de 2014. Eskenazi diz ter sido uma redução pequena. “O setor está praticamente estável”, argumenta.
Alguns segmentos, no entanto, tiveram queda maior. O de eletrodomésticos, por exemplo, vendeu -10,12% menos nos últimos 12 meses. Muito desse declínio se dá pelo fim da redução de impostos para os produtos da linha branca. O vestuário teve queda de -5,31%.
Já as vendas nos setores de alimentação e de ferragem e material de construção cresceram mais de 8% entre abril deste ano e abril do ano passado. Isso já descontada a inflação dos 12 meses.
Em função desse desempenho, o presidente da CDL rebate a tese dos economistas. “Em Santa Maria, o pessoal não deve ter receio em consumir. Aí, sim, se cria a crise”, afirma. Eskenazi aponta que a crise ocorre exatamente quando há falta de dinheiro circulando.
Mercado consumidor não é formado só pelo funcionalismo público
Discurso diferente tem o professor de Economia Mateus Frozza. Segundo o docente, o governo federal já admite uma crise econômica de longo prazo. Nesta segunda-feira, 1º de junho, O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, disse que o equilíbrio das contas com o ajuste fiscal lançado no final de maio só deve ocorrer em dois anos.
Até lá, para o comércio não ser surpreendido com a queda nas vendas, a hora é de investir em diferenciais. Pode ser ampliando o horário de atendimento ou facilitando o crediário. Se não fizerem isso, Frozza acredita que os lojistas possam perder até mesmo os consumidores oriundos do setor público: “Acho que é um risco pensar só nisso (setor público) e não buscar um diferencial”.
O professor de Economia ressalta que, se o empresariado de Santa Maria ficar apostando apenas no discurso de que o município está imune à crise por causa do grande volume de servidores públicos, há risco de prejuízo no futuro. Ele lembra que grande parte da clientela do comércio local é formada pela classe média que trabalha no setor privado e estudantes. Para essas pessoas, o peso da retratação econômica é maior.
Pelo menos o nível de emprego se mantém estável no município. De janeiro a abril, o saldo é positivo, com 268 vagas criadas em todos os setores produtivos, conforme levantamento mensal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. No comércio, o acumulado nos quatro primeiros meses do ano é positivo, com saldo de 23 postos formais abertos (o número se refere à diferença entre empregados com carteira assinada contratados e demitidos). Em abril, no entanto, o resultado é negativo, com fechamento de 10 vagas de trabalho.
Ótimo ponto de vista Jacques. É isso aí! Nada melhor para vencer uma "crise" do que TRABALHO!!
Ótimo artigo Jacques. É isso aí! Nada melhor para vencer uma "crise" do que TRABALHO!!
O famoso "espírito animal" de Keynes. Problema é que o "espírito animal" de alguns governantes zurra.
Bueno, já que o Eskenazi disse que está tudo bem, acho que vou às compras. Estou louco para gastar.Vou comparar uma caranga nova.Acho que consigo pagar em 380 meses. Jurinho de mãe, não tem como resistir. Carlinhos , me espera com um cafezinho!!