O espaço urbano, a juventude e o lazer – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa
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Em Santa Maria, em função das comemorações dos jovens por ingressarem nas Universidades, entra ano e sai ano e é recorrente a discussão esquizofrênica sobre quais são os direitos e as possibilidades desses jovens, de modo particular, e a população, de modo geral, ocuparem o espaço urbano.
Sem pensarem na dimensão do direito ao uso dos lugares centrais da cidade para que as pessoas façam suas comemorações, autoridades, de forma particular, e grande parcela da população, de forma geral, se preocupam, apenas, em achar culpados pelo barulho, pela sujeira e por possíveis desavenças que podem ocorrer.
A questão que se levanta é: como existe a previsibilidade semestral da ocorrência da produção destes ambientes festivos, por que as autoridades, colaborativamente, não fazem um planejamento estratégico para se evitar a recorrência das problemáticas que são, deveras, conhecidas por todos?
No meu entender, uma primeira resposta é possível e inevitável: as cidades e a ocupação de seu espaço urbano refletem o interesse mercantilista, a exclusão e o egoísmo de pessoas que reproduzem, dão conteúdo e forma para a sociedade capitalista que vivemos. Um jovem músico, meu amigo, afirmou que a entrada em uma boate custa, no mínimo, 20 reais e uma cerveja 15 reais. Quantos de nossos alunos possuem condições econômicas para bancar uma simples noite nesse tipo de lazer?
O poder executivo e nossas mídias só se interessam por vinda de empresas que possam garantir ganhos econômicos. As notícias que temos é que nossos Shoppings Centers irão aumentar suas capacidades e um novo esta sendo construído. Um Shopping se constitui num dos maiores templos dos mercados das trocas e sua essência é a produção de formas de vida que só pensem no consumo, mas não contribuem em nada para a cultura e o lazer para nossos jovens.
Nesse quesito, em Santa Maria, temos uma péssima experiência do processo de exclusão e privatização dos espaços, pois na época que tínhamos “passe livre” um Shopping da cidade fechava suas portas para evitar que as pessoas da periferia tivessem acesso as suas dependências. Nossas autoridades só pensam na defesa do patrimônio e não no bem estar da população no que diz respeito ao uso dos espaços públicos de nossa cidade.
Nunca vi ninguém reclamar da maciça fluência de pessoas ao centro da cidade para usufruir dos enfeites natalinos, mas nesse caso a estética natalina funciona como um grande catalisador para que o cidadão vá às compras. A “brilhante” e simplista idéia de nossos gestores é jogar nossos jovens para a periferia ou para o Campus da UFSM.
Coloquem banheiros químicos, receptores de lixo e aumentem a segurança na Praça Saturnino de Brito, mas sejam democráticos e deixem nossos jovens usufruírem seu direito de usar o espaço urbano para suas confraternizações e lazer. O Grande Castro Alves deu estética ao tema: “A Praça, a praça é do povo! Como o céu é do Condor! É antro onde a liberdade cria a águia ao seu calor!”
OBSERVAÇÃO: a foto que ilustra esta crônica é do arquivo do jornal A Razão.
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