ARTIGO. Então, ela resolveu discutir a relação com o Feicebuqui. E aí, quem ganhou e/ou perdeu com isso?
Minha DR com o Facebook
Por NATIELE ALMEIDA MACHADO, Acadêmica de Psicologia na UFSM
Há cerca de um mês resolvi discutir minha relação com o Facebook. O que pareceu ser um escândalo para muitas pessoas que convivo. Afinal de contas, é do “namoro” com ele que – aparentemente – conseguimos interagir mais facilmente com outras pessoas.
Acontece que me cansei da cobrança de estar, com certa freqüência, aparentando ser o que não sou no meu dia-a-dia só para manter a relação. Cansei de publicar fotos sorrindo, pois do contrário muitos viriam perguntar se estou bem. – Tudo bem com você? Achei-te tão séria naquela foto! – Ora, só porque estou sorrindo que estarei bem?
Mas não para por aí. Na DR com o Face, revelei que não me considero uma pessoa popular que ganha likes a todo o momento. Infelizmente, ou não, minha popularidade é bem baixa, e quase todos os textos que eu compartilhava ganhavam poucas “curtidas”.
Isso, para mim, só demonstrava o quão fora do “padrão virtual” eu estava, e pedi o fim da relação. Hoje em vez de passar minutos, e até mesmo horas, do meu dia “namorando” o Facebook, ou visitando ele a cada turno para verificar mensagens; procuro ler um livro, passear ao ar livre, ou praticar uma atividade física. No entanto, pago o preço por terminar a relação com um companheiro tão popular.
O Facebook não era só um parceiro para bate-papos informais. Ele também era um companheiro para estudo que recebia alguns textos da faculdade para mim e, às vezes, até me ajudava a realizar trabalhos através de chat. O que é benéfico para quem curte esse tipo de relação, pois facilita o estudo de muita gente.
Porém, para mim, só atrapalhava a concentração. Isso porque, toda vez que eu precisasse acessar os textos, acabava por ver uma reportagem “interessante” e muitas vezes inútil; ou via a foto dos “amigos” virtuais nas baladas mais “divertidas”.
Enfim, diversas distrações que me faziam sentir culpa no final dos encontros, quando eu percebia o tempo perdido por não ter interagido – verdadeiramente – com os amigos; por preferir ficar conversando com o Facebook que marcar um encontro com alguém real; e principalmente por não sentir a mínima vontade de me expor para sentir que estou viva!
Pois bem, ainda continuo me sentindo fora dos padrões por romper a relação, mas sem aquela culpa por não estar sendo autêntica com meus sentimentos. Agora não “namoro” mais o Facebook. Se alguém quiser conversar comigo, pode ser por telefone. Afinal de contas, ouvir o som de uma voz me parece um envolvimento mais humano. E também evita que o Face fique sabendo!
Parabéns pelo belo texto. Gostei muito da firmeza de opinião e exposição. Precisamos cada vez mais de pessoas dispostas a compartilhar os seus verdadeiros pensamentos e, principalmente, que desenvolvam o hábito de PENSAR. "O dia que ocorrer o divórcio entre o conhecimento e o pensamento, estaremos à mercê de qualquer engenhoca e seremos criaturas desprovidas de raciocínio." (HANNAH ARENDT)
A reflexão é altamente necessária tendo em vista as relações patológicas que as pessoas estão gerando com o mau uso dessa ferramenta.É esquizofrênica a situação, pois as criaturas passam o dia conectados produzindo relações a distância e afastando de suas vidas cotidianas as pessoas que estão próximas.